Deputado lê na tribuna parte de livro que sua filha caçula está escrevendo, em homenagem às crianças que sofrem abusos
Nem tudo é escândalo. Ainda há espaço para falar de coisas lindas e sonhar com dias melhores. Pelo menos foi essa a lição dada pelo deputado Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Assembléia Legislativa, quando decidiu participar da sessão desta quarta-feira que abriu os trabalhos da Comissão Parlamentar Inquérito que apura abuso sexual contra crianças. O texto escrito por sua filha Ínia, de 7 anos, [foto] intitulado “Quando Deus Era Criança”, foi uma ducha de água fria no caloroso debate.
Moisés contou que a filha disse que estava escrevendo um livro e ele passou a lhe orientar, criando o nome dos capítulos e deixando que ela desenvolva sua criatividade infantil e respeitando sua ortografia.
“Minha filha chegou e disse: pai, estou escrevendo um livro”. E eu, levando pra casa os problemas do mundo, não dei atenção, aí ela insistiu e me mostrou um textozinho e eu resolvi, toda semana, criar um capítulo pra ela, em homenagem às milhões de crianças pobres, as aliciadas dentro e fora de casa, as que não tem proteção, que lhe faltam alimentos, faltam escola, que lhes faltam tudo”.
O livro que está sendo escrito por Ínia Diniz é intitulado “Quando Deus Era Criança” e retrata o pensamento de uma criança sobre Deus. Diniz afirma que vai incluir textos de outras crianças da mesma idade e apoiar um concurso de gravuras infantis para ilustrar o livro.
Veja o primeiro capítulo do livro, “Quando Deus Era Criança, lido na tribuna da Aleac, respeitada a ortografia de Ínia, que tem apenas 7 anos”:
“Deus quando era criança foi ele quem governou o céu, porque ele era uma criança boa, comia coisas saudáveis e bebia coisas saudáveis, fazia “esporti”, dormia sedo e acordava sedo. Ele fazia sempre a tarefa de casa e dava “cumida” para as pessoas pobres. Ele sempre respeitava a mãe e o pai, ele nunca “mintia”, ele sempre confiava na mãe e no pai.
Tinha uma mulher que trabalhava na casa dele, Deus não falava assim com ela: “faz o meu prato!” Ele buscava o seu próprio prato, era muito simpático, legal, gentio, muito alegre e um menino bom, nunca chorava por “bestera” e quando ele ficou adulto, depois velho ele morreu e virou deus. Ele cuidou de meninos e meninas boas e maus, ele não gostava de meninos ou meninas mal, mais ele cuidava de maus e bons. Jesus, seu filho, era adulto. Os “homems maul” pegaram uma cruz gigante e amarrou Jesus lá e colocaram uma madeira em cima da mão dele e martelaram o prego na mão de Jesus.
Deus, seu pai, deu força pra ele não chorar porque Jesus era forte e morreu e a santinha Maria, sua mãe, morreu de “velhise”, como seu marido. Deus e os meninos e meninas boas morreram de tão boas que elas são e foi assim que acontece e nunca se esqueça de fazer uma “horação” de noite, de manhã e na hora que você comer.
Tudo bem para ser uma criança ou adulto e “velinhos”, “jovems” e “adolecentes”, felizes na vida toda e sempre se abençoe sempre, em nome do pai, do filho, do espírito santo, amém.
Obrigada, deus, por tudo aquilo que tu fez pela gente, nunca se esqueça, deus, de cuidar de nós e de mim, de todo mundo dessa terra linda e maravilhosa”.
Da redação ac24horas
Rio Branco, Acre
São duas maravilhas: a menina e o texto.
ResponderExcluirUm forte abraço meu amigo!