A derrota da prefeita Maria Lucinéia na disputa eleitoral deste ano pode ser atribuída a uma série de fatores estratégicos e políticos que culminaram no enfraquecimento de sua candidatura. O Extra do Acre, por meio do jornalista Gilson Amorim, elaborou humildemente um artigo de opinião sobre o que pesou na falta da reeleição da atual gestora.
Entre um dos motivos, está o apoio negado pelo senador Sérgio Petecão à sua reeleição. Apesar de acreditar no apoio da Executiva Municipal do PSD, representada pelo ex-prefeito Cleudon Rocha, o apoio foi barrado pelo próprio Petecão, o que isolou a gestora e comprometeu alianças importantes como a vinda de Abdias da Farmácia, que era cotado como vice na chapa, o que poderia ter agregado muitos votos.
Ah, mas muitos podem argumentar, o Abdias tava apoiando a Néia, mas precisamos separar um apoio pessoal e político e de uma aliança política. Abdias só entrou na campanha da Néia com muita coragem. Ao contrário de 2020, onde ele foi o segundo colocado, nessa eleição ele entrou apenas como um cabo eleitoral, sem vereadores e sem uma estrutura partidária que fizesse diferença para a vitória da prefeita. Tem gente que fala: partido ainda significa algo, leia até o final e me diga se não vale.
Um dos pontos que contribuíram para a derrota de Maria Lucinéia foi a falta de ampliação de seu grupo político. Ela perdeu o apoio de líderes que a respaldaram na eleição anterior, o que enfraqueceu sua base eleitoral de maneira significativa. Ademais, a gestora não deu a devida atenção à divulgação das ações positivas de seu mandato. Um exemplo é a inauguração das 26 casas populares, uma conquista importante, já que, desde a gestão do doutor Jasone, nenhum prefeito havia construído moradias para a população de baixa renda.
Além disso, a gestora recusou duas vezes o convite do Progressistas (PP) para ser a candidata apoiada pelo governador, uma oportunidade que poderia ter consolidado sua candidatura com o apoio da máquina Estadual e Municipal, vide o que aconteceu na reeleição do prefeito Tião Bocalom que em 18 pesquisas saiu perdendo em todas, mas no final da pesquisa do dia 6 de outubro colocou 56% dos votos no ex-prefeito Marcus Alexandre. Sua recusa acabou por deixar o campo aberto para que Rodrigo Damasceno, também do PP, se filiasse ao partido e disputasse a eleição como o candidato do Palácio Rio Branco.
Além disso, a ausência de uma reforma administrativa em seu governo após a derrota do grupo político em 2022, o que poderia ter trazido renovação e dinamismo à gestão, foi outro fator que pesou contra a gestora. Apesar de contar com muito carinho popular, foi visto durante as eleições muitas críticas a secretários de pastas importantes que culminaram no desgaste da gestora. Não foi uma, nem duas e nem três vezes que a gestora ouviu críticas a secretários de moradores durante a sua andança pedindo votos.
Em mensagens vistas em grupos de WhatsApp que circularam nas nas redes sociais desde o começo do ano, os ‘articuladores políticos’ da prefeita eram vistos não uma vez, mas várias vezes dando à reeleição da gestora como certa e zombando de outras lideranças partidárias.
Aliado a isso, a perda do mandato de lideranças importantes, como a do deputado federal Jesus Sérgio na Câmara pesou muito para uma reeleição onde a oposição se uniu para tentar combater a máquina chefiada pela gestora.
Porém, eu humildemente, acredito que o maior erro não foi nenhum desses acima apesar de terem sido erros grosseiros. Na minha opinião, o maior erro foi ter minimizado o MDB do advogado Junior Feitosa. Todos sabem que nos 45 do segundo tempo houve conversas entre o MDB e a prefeita Maria Lucinéia para uma composição, porém acabou que no final o casamento entre as duas siglas não deu certo. Consultados pelo Extra do Acre, membros do Diretório da Executiva Municipal relataram que a gestora não aceitou a decisão do MDB em indicar a empresária Cleanne Monteiro para a vice. A preferência da gestora era pelo vereador Valdor do Ó, do MDB.
A decisão da gestora levou a sigla a terminar as conversas, levando a sigla para Vando Torquato, que acabou não sendo candidato, que depois se aliançou com Rodrigo Damasceno mesmo sem ocupar a vice, levando a sigla a ser apenas um balançador de bandeira.
Porém, os resultados das urnas mostram que a decisão da gestora em recusar a proposta do MDB foi um erro fatal. Segundo os dados das eleições, os 13 candidatos a vereadores do MDB tiraram no total 1.468 votos, tendo como eleito o mais votado Totó com 804 votos, candidato da empresária Cleanne Monteiro.
A diferença de votos entre a gestora e o prefeito eleito Rodrigo Damasceno foi de 635 votos. O MDB de Junior Feitosa fez 1.468 votos, se tivesse na aliança da gestora bastava dar 50% e a reeleição de Maria Lucinéia era garantida. Por isso, que a máxima da política nunca subestime um adversário e não se recusa apoio. Agora me digam, partido não faz diferença? Eleição é grupo político, vence quem forma o melhor.
Agradeço a todos que leram,
Gilson Amorim,
Jornalista
Tags:
ELEIÇÃO 2024 EM TARAUACÁ