OS GAYS E O PAPA (Blog Alma Acreana - Isac Melo)

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Luís Corrêa Lima *


O Brasil possui a maior parada gay do mundo. E curiosamente é também o maior país católico do Planeta. O Governo Federal realizou uma conferência nacional de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, a fim de tratar de direitos humanos e políticas públicas destinadas a esta população. Cabe perguntar: será que a Igreja tem algo a ver com os direitos humanos de pessoas homossexuais?
Em 1986, uma carta do Vaticano aos bispos dizia que a Igreja não deve considerar nenhum ser humano como mero homo ou heterossexual. Deve considerá-lo, sim, como criação de Deus e destinatário de Sua graça, que o tornam filho Seu e herdeiro da vida eterna. A oposição doutrinária às práticas homoeróticas não elimina esta dignidade fundamental da pessoa humana. Toda violência física ou verbal contra homossexuais, afirma a carta, é deplorável.

Neste ano, Bento 16 foi aos Estados Unidos e enfrentou o grave problema da pedofilia no clero. E esclareceu: não se trata de homossexualidade; é outra coisa. De fato, a pedofilia é movida por uma fantasia perversa de se aproveitar da inocência da vítima, neste caso, a criança. A maioria dos casos ocorre dentro de casa, e o responsável é o pai ou padrasto dela. Este abuso pode ser cometido por adultos homos ou héteros. Não é questão de orientação sexual. Distinguir as coisas, como fez o papa, afasta uma injusta suspeita de perversidade que às vezes paira sobre os gays.

Recentemente, Bento 16 declarou que a união do homem e da mulher, base da família, é um bem insubstituível para toda a sociedade, que não pode ser confundido ou equiparado a outras formas de união. Para alguns, isto significa dizer que somente as uniões heterossexuais são morais. Ora, as uniões entre gays não substituem as uniões héteros. Não há obrigação dos gays de se ‘curarem’ para se casarem com alguém de outro sexo. Por isso, não há concorrência entre estes dois tipos de união. Quanto à confusão ou equiparação, a maioria das legislações que reconhecem as uniões homoafetivas, não as designa como ‘matrimônio’, mas como ‘união civil’. A distinção é clara.

Algumas luzes sobre estas questões foram lançadas pelo cardeal Carlo Martini, uma figura de grande liderança na Igreja e de diálogo aberto com a sociedade. Martini teve uma atuação decisiva no conclave que elegeu o papa atual. Fazendo um balanço de sua vida, ele declarou: "Entre os meus conhecidos há casais homossexuais, homens muito estimados e sociáveis. Jamais me foi perguntado e nem me teria vindo em mente condená-los". Demasiadas vezes, acrescenta, a Igreja tem se mostrado insensível, principalmente com os jovens nesta condição.

Com a devida atenção, evitando equívocos, pode haver importantes contribuições da Igreja aos direitos humanos de pessoas homossexuais.


* Jesuíta, historiador e professor
Raimundo Accioly

Cidadão comum da cidade de Tarauacá no Estado do Acre, funcionário público, militante do movimento social, Radio Jornalista, roqueiro e professor. Entre em Contato: accioly_ne@yahoo.com.br acciolygomes@bol.com.br 68-99775176

1 Comentários

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  1. o artigo do padre é muito esclarecedor, mas achei infeliz a caricatura grotesca do Papa.

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