Classe social - Uma classe social é um grupo de pessoas que tem status social similar segundo critérios diversos, especialmente o econômico. Diferencia-se da casta social na medida em que ao membro de uma dada casta, normalmente é impossível mudar de status.
Segundo a ótica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada por um capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o estado, e as classes dominadas por ela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a perpetuação da exploração.
Na Idade Média, por exemplo, a classe dominante era formada pelos senhores feudais, donos das terras através da alicação de compulsão e coerção, e a classe dominada era formada pelos camponeses. Uma classe à parte era a classe dos guerreiros que era composta pelos camponeses e alguns eram senhores feudais, que podia passar para uma classe dominante caso recebesse terras como prêmio de suas conquistas.
Segundo Karl Marx, as classes sociais estão associadas à divisão do trabalho. São grupos coletivistas que desempenham o mesmo papel na divisão do trabalho num determinado modo de produção (asiático, feudal, mercantil, industrial, etc).
Capitalismo moderno - A partir da Idade contemporânea, com o desenvolvimento do sistema capitalista industrial (e mesmo do pós-industrial), normalmente existe a noção de que as classes sociais, em diversos países, podem ser dividas em 3 niveis diferentes dentro dos quais há subniveis. Actualmente, a estratificação das classes sociais segue a convenção baixa, média e alta, sendo que os primeiros designam o estrato da população com pouca capacidade financeira, tipicamente com dificuldades económicas, e o último com grande margem financeira; a classe média é, portanto, o estrato considerado mais comum e mais numeroso que, embora não sofra de dificuldades, não vive propriamente com grande margem financeira, nota-se que nos países de terceiro mundo a classe média é uma minoria e a classe baixa é a maioria da população. Desta interpretação é possível encontrar outras classes.
Classe Alta-Alta: indivíduos que se destacam socio-economicamente, normalmente donos de grandes empresas e oriundos de famílias tradicionalmente ricas ("elite").
Classe Alta: indivíduos altamente bem pagos ("novos ricos").
Classe Média-Alta: indivíduos com salários médio-altos (médicos, advogados, executivos).
Classe Média: Pessoas ganhando salários razoáveis ou medianos, porém inferioes aos dos membros da sub-classe supra-mencionada (professores, arquitetos, gerentes de lojas).
Classe Média-Baixa: pessoas que recebem salários mais baixos mas não são trabalhadores braçais. (donos de pequenas lojas, policiais, secretárias)
Classe Baixa: trabalhadores braçais (serventes, operários, campesinos), tambem conhecidos como a "classe trabalhadora".
Miseráveis: pessoas desempregadas ou não que vivem em um estado constante e desesperador de pobreza.
Luta de classes - Segundo Karl Marx e vários outros pensadores como Ricardo e Proudhon, a Luta de Classes é a força motriz por trás das grandes revoluções na história. Ela teria começado com a criação da propriedade privada dos meios de produção. A partir daí, a sociedade passou a ser dividida entre proprietários (burguesia) e trabalhadores (proletariado),ou seja, possuidores dos meios de produção e possuidores unicamente de sua força de trabalho. Na sociedade capitalista a burguesia se apodera da mercadoria produzida pela classe do proletariado, e ao produtor dessa mercadoria sobra apenas um baixo salário que é pago de acordo apenas com o valor necessário para a sobrevivencia desse. Os trabalhadores são forçados a vender seu trabalho por uma fração mísera do real valor da mercadoria que produzem, enquanto os proprietários se apoderam do restante. Outra característica importante do capitalismo é o conceito criado por Karl Marx da mais-valia, a mais-valia se consciste basicamente nessa porcentagem a mais que os capitalistas retiram da classe do proletariado, essa porcentagem pode ser atingida, por exemplo, aumentando o tempo de trabalho dos operários e mantendo o salário. A luta de classes, segundo Karl Marx, só acabará com a implantação do regime comunista, onde esse conflito não terá como existir pois não existirão mais classes sociais. Até os tempos atuais o comunismo ainda não foi posto em prática em nenhuma região do mundo, apesar do socialismo, que seria como uma fase de transição do capitalismo para o comunismo, já ter reinado em diversos países. A proposta mais radical é abolição do Estado e sua reorganização descentralizada em moldes federativos anarquistas
Apesar de toda a história da humanidade, segundo Karl Marx, ter sido a história da luta de classes, a sociedade original não possuía divisões sociais. Isso se deveria ao fato de que, nesse estágio das forças produtivas socias, não havia praticamente excedente. Todos os membros da sociedade eram por isso obrigados a participar do processo produtivo, de modo que era impossível a formação de uma hierarquia que diferenciasse as pessoas dessa sociedade. Uma das primeiras formas de hierarquização dos membros foi a divisão homem/mulher, quando os homens começaram a explorar as mulheres. A luta de classes se origina, no entanto, no momento em que a sociedade passa a ser composta de diferentes castas.
Essa divisão dos membros em classes foi possibilitada quando as forças produtivas atingiram um certo nível de produtividade, onde o excedente já promovia maior seguranca à sociedade em relação às suas necessidades. Mas, apesar de garantir uma proteção em tempos escassos, por exemplo, o excedente abriu a possibilidade do jogo político. O controle sobre o excedente se desenvolve em conjunto com a formação de uma minoria que ganha assim poder sobre todos outros membros da sociedade. Dessa maneira origina-se uma diferenciação quanto à tarefa social de cada membro. Entre as diversas classes que podem se formar, estao sempre presente as classes dos senhores (não-trabalhadores) e a classe trabalhadora.
Com o desenvolvimento das forças produtivas, a devida classe dominante (diferente para cada período histórico) é posta em questão. As classes de baixo reconhecem que a regência da classe exploradora torna-se desnecessária para a continuação do desenvolvimento técnico, enquanto esta tenta, por meios oficiais, manter seu poder. Nessas épocas de desacordo entre as relações socias de produção vigentes e o patamar técnico dos meios de producao, a probabilidade de uma revolução tende a ser maior. A antiga classe explorada é, assim, deposta, e uma nova entra em seu lugar. Dessa maneira, a história da sociedade humana é a história de classes dominantes, uma após a outra. O Capitalismo preveligia uma sociedade dividida em classes, e simplifica a luta de classes ao separar toda a sociedade em apenas duas classes; a dominadora e a dominada.
Mais-valiaMais-valia é o nome dado por Karl Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista.
A Mais-Valia em Marx e na Escola Clássica Inglesa
Ao analisar a gênese do lucro capitalista, Marx toma como ponto de partida as categorias da Escola Clássica Inglesa: já Adam Smith havia observado que o trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de salários), era inferior ao "trabalho comandado" (aquilo que a mercadoria podia, uma vez vendida, "comprar" em termos de horas de trabalho). Para Smith, esta discrepância é que explicava a existência do lucro, mas não suas causas. Smith considerava que o lucro estava associado à propriedade privada do Capital, na medida em que a renda de um empresário dependia menos do seu trabalho como gerente do que do volume dos seus investimentos, mas tal não explicava a existência do lucro como um overhead sobre os custos de produção em termos de salários.
Para David Ricardo tal se dava devido ao fato de o salário gravitar sempre em torno dos seus níveis "naturais" - isto é, de um mínimo de subsistência fisiológica, Caso, em função de uma escassez de mão-de-obra, o salário subisse além do nível natural, os operários se reproduziriam de tal forma que a oferta excessiva de trabalho deprimiria de novo os salários ao mesmo nível natural. Para Ricardo, o lucro acabava sendo simplesmente um "resíduo" - aquilo que sobrava como renda do empresário depois de pagos os salários de subsistência e as rendas da terra; como a teoria da renda da terra ricardiana propunha que a ocupação de terras sempre piores inflava os custos de reprodução da mão de obra, haveria uma tendência aos lucros serem comprimidos no longo prazo.
Marx adotou tal teoria ricardiana nas suas obras de juventude, como o Manifesto Comunista; mais tarde, no entanto, verificou que os valores dos salários, variando de uma sociedade a outra, não se reduziam ao elemento biológico, mas pelo contrário incorporavam elementos sociais e culturais ("como poderia um operário francês subsistir sem seu vinho?" diz ele em O Capital). Ele também reparou que o lucro dependia, pelo menos em parte, da produtividade física do capital, o que fêz com que buscasse sair das constatações simples de seus predecessores para elaborar uma teoria mais aprofundada das causas efetivamente sociais do lucro capitalista.
É importante lembrar que, segundo o Marx maduro, o valor do trabalho não é uma grandeza concreta: o operário não vende sua "força" (caso contrário um operário fisiculturista deveria ser mais bem remunerado que um outro de físico normal que realizasse o mesmo trabalho) ou sua "habilidade". Pelo contrário, o progresso da mecanização garante um padrão uniforme de produtividade física dentro de cada ramo de atividade e para cada tipo de ocupação, igualando, até certo ponto, a habilidosos e obtusos. Como coloca Marx, se o valor em trabalho (e, portanto, o valor do salário como parcela do valor da mercadoria)correspondesse ao tempo concreto gasto na produção de cada mercadoria individual, seriam os trabalhadores menos habilidosos que produziriam as mercadorias mais valiosas, pois demorariam mais tempo para produzí-las.
O valor do trabalho é abstrato, no sentido em que o valor padrão de um salário para uma determinada atividade (e para uma determinada duração da jornada de trabalho) é dado pelo Mercado, isto é, pela demanda agregada dos capitalistas. Para Marx, em princípio o salário capitalista é "justo": o capitalista não necessita espoliar seus operários do seu salário de mercado para lucrar; o lucro tem uma causa concreta: ele tem por causa a propriedade privada do Capital; mas supor que ele seja uma remuneração automática deste mesmo capital, uma vez investido, é, para Marx, "fetichismo", pois supõe que uma coisa possa gerar sua remuneração, que o capital produza lucros e/ou juros como uma laranjeira produz laranjas. Esta origem do lucro não está, na sociedade capitalista, numa espoliação direta, como a apropriação da pessoa do trabalhador escravo, ou a cobrança de uma renda feudal, mas na medida em que o próprio salário "justo" tem seu valor estabelecido de modo a remunerar os trabalhadores por um valor menor do que o valor total das mercadorias por eles produzidas durante a jornada de trabalho contratada; é o que Marx chama de "jornadas de trabalho simultâneas" (uma paga, a outra não).
É certo, como dirá mais tarde a economia neoclássica, que a mais-valia necessitaria ser realizada pela venda lucrativa da mercadoria, e que esta venda dependerá das flutuações da demanda, e que nem sempre o excedente potencial resultante da exploração irá realizar-se aos níveis esperados; como dirá o economista inglês Alfred Marshall o custo de produção e a demanda são duas lâminas de uma mesma "tesoura" entre as quais é determinado o preço da mercadoria. A teoria de Marx, no entanto, preocupa-se menos com o lucro capitalista enquanto tal e mais com a sua gênese social; ele se importa menos com o modo como o lucro é realizado e dividido do que com a maneira como é gerado. O lucro capitalista, para Marx, não é apenas um simples excedente; ele é o excedente como mediado por uma relação social historicamente específica.
Mais Valia absoluta e relativa
Marx chama a atenção para o fato de que os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias para ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante - o que ele chama de mais-valia absoluta; ou ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - o que ele chama de mais-valia relativa. Em fazendo esta distinção, Marx rompe com a idéia ricardiana do lucro como "resíduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliarem autonomamente suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reprodução física da mão-de-obra.
A Crítica da Escola Austríaca a Marx
O economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk refutou a doutrina da Mais-valia no final do século XIX. Segundo Böhm-Bawerk o valor da produção que não é destinado ao pagamento dos salários existe como consequência da manifestação das preferências temporais dos capitalistas em relação ao processo intertemporal de produção.
Os produtos produzidos pelos trabalhadores só serão bens de consumo em certa quantidade de tempo. E como os salários são pagos antes do término do processo intertemporal de produção, muito do que é considerado lucro pela definição marxista deriva dos juros sobre os bens de consumo futuros (bens de capital). Isso ocorre porque, segundo Boehm-Bawerk, os juros existem devido aos seres humanos sempre preferirem ter um bem no presente do que ter esse mesmo bem no futuro. Os trabalhadores, que recebem os salários antes de que os bens de capital se transformem em bens de consumo, tem sua renda descontada por esse fator.
Outros economistas austríacos desenvolveram, já no início do século XX, a teoria de que os lucros e prejuízos liquídos (resultado do desconto dos juros e os fatores de risco sobre o lucro bruto), são resultado do ajuste incessante dos empresários às mudanças constantes no mercado. E que os lucros liquídos, somente são, em geral, maiores que os prejuízos quando o sistema econômico está em expansão e acumulando bens de capital. Isso ocorre porque um aumento da produção gera um aumento dos faturamentos que geram os lucros. Como os lucros aumentam (e também a produtividade marginal da mão de obra) a demanda por mão de obra aumenta e assim os salários sobem.
Diferentemente dos clássicos, para os austriacos os lucros liquídos sempre tendem a desaparecer ao longo do tempo porque os preços dos fatores de produção sobem com a aumento da demanda pelos mesmos que é justamente causada pelos lucros.
Marxismo e Economia Neoclássica; o estatuto conceitual do Juro
Segundo os marxistas existe um problema, no entanto, nas críticas neoclássicas, que é o fato de, nesta escola, o juro ser tido como a remuneração natural do Capital monetário, a qual é gerada pelo seu uso produtivo; daí, na crítica de Böhm Baverck, os trabalhadores, ao abrirem mão de pouparem seu salário, consentirem implicitamente no lucro capitalista. Para Marx, esta noção de que o juro seja uma remuneração "natural" do Capital é uma característica daquilo que ele chama, nas suas Teorias de Mais-Valia, "economia vulgar": o juro não é uma categoria natural, e sim social; para Marx, os trabalhadores não podem "escolher" gastar seus salários "mais tarde" (o que já era proposto, com o nome de "teoria da abstinência" por um pós-ricardiano, Nassau Senior, que Marx critica no O Capital), pela simples razão de que necessitam deles para sobreviver materialmente; o lucro, por sua vez, depende de processos de produção concretos para existir: se eu coloco um capital de longo prazo para render juros com um prazo de carência de 15 anos, e neste interim o negócio em que investi falir, ficarei tão inadimplente quanto ficaria se fosse menos "abstinente".
Para Marx, o juro é apenas e tão sómente uma forma pela qual a Mais Valia Social Geral- a soma das várias mais-valias particulares - circula ao nível microeconômico e é redistribuída entre os vários capitalistas - fundamentalmente, daqueles que realizam a produção industrial para os portadores do Capital Financeiro. Ao analisar o Juro como uma variável autônoma, Marx de certa forma antecipa a teoria monetária de Keynes, que considerava que a igualdade entre poupança e investimento, longe de representar um equilíbrio entre oferta e procura de capitais, seria uma simples identidade contábil.
Existe aí, portanto,entre o Marxismo e a Economia Neoclássica, um gap conceitual não facilmente resolvível - especialmente quando se trata de autores da Escola Austríaca, que, seguindo os princípios estritos do fundadores da escola neoclássica, o inglês Stanley Jevons e o alemão naturalizado austriaco Menger, tentam explicar todos os fenômenos econômicos com base na idéia de utilidade marginal e não dão nenhum papel a quantidade de mão de obra na determinação do valor, contrariamente à Escola neoclássica inglesa de Alfred Marshall , que, como já dito, busca uma síntese entre a Economia Clássica Inglesa (ou Escola Ricardiana), e o Neoclassicismo Jevoniano.
Marx, Karl: O Capital, Crítica da Economia Política. Livro I, várias edições (Civilização Brasileira/Bertrand Brasil e Abril Cultural); Teorias de Mais-Valia, ed. Civilização Brasileira/Bertrand Brasil.
Rosdolsky, Roman: Gênese e Estrutura do Capital de Marx. Editora Contraponto/UERJ.
Crítica original de Böhm-Baverck a Marx
Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Mais-valia"
Categorias: Marxismo | História do pensamento econômico
Segundo a ótica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada por um capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o estado, e as classes dominadas por ela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a perpetuação da exploração.
Na Idade Média, por exemplo, a classe dominante era formada pelos senhores feudais, donos das terras através da alicação de compulsão e coerção, e a classe dominada era formada pelos camponeses. Uma classe à parte era a classe dos guerreiros que era composta pelos camponeses e alguns eram senhores feudais, que podia passar para uma classe dominante caso recebesse terras como prêmio de suas conquistas.
Segundo Karl Marx, as classes sociais estão associadas à divisão do trabalho. São grupos coletivistas que desempenham o mesmo papel na divisão do trabalho num determinado modo de produção (asiático, feudal, mercantil, industrial, etc).
Capitalismo moderno - A partir da Idade contemporânea, com o desenvolvimento do sistema capitalista industrial (e mesmo do pós-industrial), normalmente existe a noção de que as classes sociais, em diversos países, podem ser dividas em 3 niveis diferentes dentro dos quais há subniveis. Actualmente, a estratificação das classes sociais segue a convenção baixa, média e alta, sendo que os primeiros designam o estrato da população com pouca capacidade financeira, tipicamente com dificuldades económicas, e o último com grande margem financeira; a classe média é, portanto, o estrato considerado mais comum e mais numeroso que, embora não sofra de dificuldades, não vive propriamente com grande margem financeira, nota-se que nos países de terceiro mundo a classe média é uma minoria e a classe baixa é a maioria da população. Desta interpretação é possível encontrar outras classes.
Classe Alta-Alta: indivíduos que se destacam socio-economicamente, normalmente donos de grandes empresas e oriundos de famílias tradicionalmente ricas ("elite").
Classe Alta: indivíduos altamente bem pagos ("novos ricos").
Classe Média-Alta: indivíduos com salários médio-altos (médicos, advogados, executivos).
Classe Média: Pessoas ganhando salários razoáveis ou medianos, porém inferioes aos dos membros da sub-classe supra-mencionada (professores, arquitetos, gerentes de lojas).
Classe Média-Baixa: pessoas que recebem salários mais baixos mas não são trabalhadores braçais. (donos de pequenas lojas, policiais, secretárias)
Classe Baixa: trabalhadores braçais (serventes, operários, campesinos), tambem conhecidos como a "classe trabalhadora".
Miseráveis: pessoas desempregadas ou não que vivem em um estado constante e desesperador de pobreza.
Luta de classes - Segundo Karl Marx e vários outros pensadores como Ricardo e Proudhon, a Luta de Classes é a força motriz por trás das grandes revoluções na história. Ela teria começado com a criação da propriedade privada dos meios de produção. A partir daí, a sociedade passou a ser dividida entre proprietários (burguesia) e trabalhadores (proletariado),ou seja, possuidores dos meios de produção e possuidores unicamente de sua força de trabalho. Na sociedade capitalista a burguesia se apodera da mercadoria produzida pela classe do proletariado, e ao produtor dessa mercadoria sobra apenas um baixo salário que é pago de acordo apenas com o valor necessário para a sobrevivencia desse. Os trabalhadores são forçados a vender seu trabalho por uma fração mísera do real valor da mercadoria que produzem, enquanto os proprietários se apoderam do restante. Outra característica importante do capitalismo é o conceito criado por Karl Marx da mais-valia, a mais-valia se consciste basicamente nessa porcentagem a mais que os capitalistas retiram da classe do proletariado, essa porcentagem pode ser atingida, por exemplo, aumentando o tempo de trabalho dos operários e mantendo o salário. A luta de classes, segundo Karl Marx, só acabará com a implantação do regime comunista, onde esse conflito não terá como existir pois não existirão mais classes sociais. Até os tempos atuais o comunismo ainda não foi posto em prática em nenhuma região do mundo, apesar do socialismo, que seria como uma fase de transição do capitalismo para o comunismo, já ter reinado em diversos países. A proposta mais radical é abolição do Estado e sua reorganização descentralizada em moldes federativos anarquistas
Apesar de toda a história da humanidade, segundo Karl Marx, ter sido a história da luta de classes, a sociedade original não possuía divisões sociais. Isso se deveria ao fato de que, nesse estágio das forças produtivas socias, não havia praticamente excedente. Todos os membros da sociedade eram por isso obrigados a participar do processo produtivo, de modo que era impossível a formação de uma hierarquia que diferenciasse as pessoas dessa sociedade. Uma das primeiras formas de hierarquização dos membros foi a divisão homem/mulher, quando os homens começaram a explorar as mulheres. A luta de classes se origina, no entanto, no momento em que a sociedade passa a ser composta de diferentes castas.
Essa divisão dos membros em classes foi possibilitada quando as forças produtivas atingiram um certo nível de produtividade, onde o excedente já promovia maior seguranca à sociedade em relação às suas necessidades. Mas, apesar de garantir uma proteção em tempos escassos, por exemplo, o excedente abriu a possibilidade do jogo político. O controle sobre o excedente se desenvolve em conjunto com a formação de uma minoria que ganha assim poder sobre todos outros membros da sociedade. Dessa maneira origina-se uma diferenciação quanto à tarefa social de cada membro. Entre as diversas classes que podem se formar, estao sempre presente as classes dos senhores (não-trabalhadores) e a classe trabalhadora.
Com o desenvolvimento das forças produtivas, a devida classe dominante (diferente para cada período histórico) é posta em questão. As classes de baixo reconhecem que a regência da classe exploradora torna-se desnecessária para a continuação do desenvolvimento técnico, enquanto esta tenta, por meios oficiais, manter seu poder. Nessas épocas de desacordo entre as relações socias de produção vigentes e o patamar técnico dos meios de producao, a probabilidade de uma revolução tende a ser maior. A antiga classe explorada é, assim, deposta, e uma nova entra em seu lugar. Dessa maneira, a história da sociedade humana é a história de classes dominantes, uma após a outra. O Capitalismo preveligia uma sociedade dividida em classes, e simplifica a luta de classes ao separar toda a sociedade em apenas duas classes; a dominadora e a dominada.
Mais-valiaMais-valia é o nome dado por Karl Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista.
A Mais-Valia em Marx e na Escola Clássica Inglesa
Ao analisar a gênese do lucro capitalista, Marx toma como ponto de partida as categorias da Escola Clássica Inglesa: já Adam Smith havia observado que o trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de salários), era inferior ao "trabalho comandado" (aquilo que a mercadoria podia, uma vez vendida, "comprar" em termos de horas de trabalho). Para Smith, esta discrepância é que explicava a existência do lucro, mas não suas causas. Smith considerava que o lucro estava associado à propriedade privada do Capital, na medida em que a renda de um empresário dependia menos do seu trabalho como gerente do que do volume dos seus investimentos, mas tal não explicava a existência do lucro como um overhead sobre os custos de produção em termos de salários.
Para David Ricardo tal se dava devido ao fato de o salário gravitar sempre em torno dos seus níveis "naturais" - isto é, de um mínimo de subsistência fisiológica, Caso, em função de uma escassez de mão-de-obra, o salário subisse além do nível natural, os operários se reproduziriam de tal forma que a oferta excessiva de trabalho deprimiria de novo os salários ao mesmo nível natural. Para Ricardo, o lucro acabava sendo simplesmente um "resíduo" - aquilo que sobrava como renda do empresário depois de pagos os salários de subsistência e as rendas da terra; como a teoria da renda da terra ricardiana propunha que a ocupação de terras sempre piores inflava os custos de reprodução da mão de obra, haveria uma tendência aos lucros serem comprimidos no longo prazo.
Marx adotou tal teoria ricardiana nas suas obras de juventude, como o Manifesto Comunista; mais tarde, no entanto, verificou que os valores dos salários, variando de uma sociedade a outra, não se reduziam ao elemento biológico, mas pelo contrário incorporavam elementos sociais e culturais ("como poderia um operário francês subsistir sem seu vinho?" diz ele em O Capital). Ele também reparou que o lucro dependia, pelo menos em parte, da produtividade física do capital, o que fêz com que buscasse sair das constatações simples de seus predecessores para elaborar uma teoria mais aprofundada das causas efetivamente sociais do lucro capitalista.
É importante lembrar que, segundo o Marx maduro, o valor do trabalho não é uma grandeza concreta: o operário não vende sua "força" (caso contrário um operário fisiculturista deveria ser mais bem remunerado que um outro de físico normal que realizasse o mesmo trabalho) ou sua "habilidade". Pelo contrário, o progresso da mecanização garante um padrão uniforme de produtividade física dentro de cada ramo de atividade e para cada tipo de ocupação, igualando, até certo ponto, a habilidosos e obtusos. Como coloca Marx, se o valor em trabalho (e, portanto, o valor do salário como parcela do valor da mercadoria)correspondesse ao tempo concreto gasto na produção de cada mercadoria individual, seriam os trabalhadores menos habilidosos que produziriam as mercadorias mais valiosas, pois demorariam mais tempo para produzí-las.
O valor do trabalho é abstrato, no sentido em que o valor padrão de um salário para uma determinada atividade (e para uma determinada duração da jornada de trabalho) é dado pelo Mercado, isto é, pela demanda agregada dos capitalistas. Para Marx, em princípio o salário capitalista é "justo": o capitalista não necessita espoliar seus operários do seu salário de mercado para lucrar; o lucro tem uma causa concreta: ele tem por causa a propriedade privada do Capital; mas supor que ele seja uma remuneração automática deste mesmo capital, uma vez investido, é, para Marx, "fetichismo", pois supõe que uma coisa possa gerar sua remuneração, que o capital produza lucros e/ou juros como uma laranjeira produz laranjas. Esta origem do lucro não está, na sociedade capitalista, numa espoliação direta, como a apropriação da pessoa do trabalhador escravo, ou a cobrança de uma renda feudal, mas na medida em que o próprio salário "justo" tem seu valor estabelecido de modo a remunerar os trabalhadores por um valor menor do que o valor total das mercadorias por eles produzidas durante a jornada de trabalho contratada; é o que Marx chama de "jornadas de trabalho simultâneas" (uma paga, a outra não).
É certo, como dirá mais tarde a economia neoclássica, que a mais-valia necessitaria ser realizada pela venda lucrativa da mercadoria, e que esta venda dependerá das flutuações da demanda, e que nem sempre o excedente potencial resultante da exploração irá realizar-se aos níveis esperados; como dirá o economista inglês Alfred Marshall o custo de produção e a demanda são duas lâminas de uma mesma "tesoura" entre as quais é determinado o preço da mercadoria. A teoria de Marx, no entanto, preocupa-se menos com o lucro capitalista enquanto tal e mais com a sua gênese social; ele se importa menos com o modo como o lucro é realizado e dividido do que com a maneira como é gerado. O lucro capitalista, para Marx, não é apenas um simples excedente; ele é o excedente como mediado por uma relação social historicamente específica.
Mais Valia absoluta e relativa
Marx chama a atenção para o fato de que os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias para ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante - o que ele chama de mais-valia absoluta; ou ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - o que ele chama de mais-valia relativa. Em fazendo esta distinção, Marx rompe com a idéia ricardiana do lucro como "resíduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliarem autonomamente suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reprodução física da mão-de-obra.
A Crítica da Escola Austríaca a Marx
O economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk refutou a doutrina da Mais-valia no final do século XIX. Segundo Böhm-Bawerk o valor da produção que não é destinado ao pagamento dos salários existe como consequência da manifestação das preferências temporais dos capitalistas em relação ao processo intertemporal de produção.
Os produtos produzidos pelos trabalhadores só serão bens de consumo em certa quantidade de tempo. E como os salários são pagos antes do término do processo intertemporal de produção, muito do que é considerado lucro pela definição marxista deriva dos juros sobre os bens de consumo futuros (bens de capital). Isso ocorre porque, segundo Boehm-Bawerk, os juros existem devido aos seres humanos sempre preferirem ter um bem no presente do que ter esse mesmo bem no futuro. Os trabalhadores, que recebem os salários antes de que os bens de capital se transformem em bens de consumo, tem sua renda descontada por esse fator.
Outros economistas austríacos desenvolveram, já no início do século XX, a teoria de que os lucros e prejuízos liquídos (resultado do desconto dos juros e os fatores de risco sobre o lucro bruto), são resultado do ajuste incessante dos empresários às mudanças constantes no mercado. E que os lucros liquídos, somente são, em geral, maiores que os prejuízos quando o sistema econômico está em expansão e acumulando bens de capital. Isso ocorre porque um aumento da produção gera um aumento dos faturamentos que geram os lucros. Como os lucros aumentam (e também a produtividade marginal da mão de obra) a demanda por mão de obra aumenta e assim os salários sobem.
Diferentemente dos clássicos, para os austriacos os lucros liquídos sempre tendem a desaparecer ao longo do tempo porque os preços dos fatores de produção sobem com a aumento da demanda pelos mesmos que é justamente causada pelos lucros.
Marxismo e Economia Neoclássica; o estatuto conceitual do Juro
Segundo os marxistas existe um problema, no entanto, nas críticas neoclássicas, que é o fato de, nesta escola, o juro ser tido como a remuneração natural do Capital monetário, a qual é gerada pelo seu uso produtivo; daí, na crítica de Böhm Baverck, os trabalhadores, ao abrirem mão de pouparem seu salário, consentirem implicitamente no lucro capitalista. Para Marx, esta noção de que o juro seja uma remuneração "natural" do Capital é uma característica daquilo que ele chama, nas suas Teorias de Mais-Valia, "economia vulgar": o juro não é uma categoria natural, e sim social; para Marx, os trabalhadores não podem "escolher" gastar seus salários "mais tarde" (o que já era proposto, com o nome de "teoria da abstinência" por um pós-ricardiano, Nassau Senior, que Marx critica no O Capital), pela simples razão de que necessitam deles para sobreviver materialmente; o lucro, por sua vez, depende de processos de produção concretos para existir: se eu coloco um capital de longo prazo para render juros com um prazo de carência de 15 anos, e neste interim o negócio em que investi falir, ficarei tão inadimplente quanto ficaria se fosse menos "abstinente".
Para Marx, o juro é apenas e tão sómente uma forma pela qual a Mais Valia Social Geral- a soma das várias mais-valias particulares - circula ao nível microeconômico e é redistribuída entre os vários capitalistas - fundamentalmente, daqueles que realizam a produção industrial para os portadores do Capital Financeiro. Ao analisar o Juro como uma variável autônoma, Marx de certa forma antecipa a teoria monetária de Keynes, que considerava que a igualdade entre poupança e investimento, longe de representar um equilíbrio entre oferta e procura de capitais, seria uma simples identidade contábil.
Existe aí, portanto,entre o Marxismo e a Economia Neoclássica, um gap conceitual não facilmente resolvível - especialmente quando se trata de autores da Escola Austríaca, que, seguindo os princípios estritos do fundadores da escola neoclássica, o inglês Stanley Jevons e o alemão naturalizado austriaco Menger, tentam explicar todos os fenômenos econômicos com base na idéia de utilidade marginal e não dão nenhum papel a quantidade de mão de obra na determinação do valor, contrariamente à Escola neoclássica inglesa de Alfred Marshall , que, como já dito, busca uma síntese entre a Economia Clássica Inglesa (ou Escola Ricardiana), e o Neoclassicismo Jevoniano.
Marx, Karl: O Capital, Crítica da Economia Política. Livro I, várias edições (Civilização Brasileira/Bertrand Brasil e Abril Cultural); Teorias de Mais-Valia, ed. Civilização Brasileira/Bertrand Brasil.
Rosdolsky, Roman: Gênese e Estrutura do Capital de Marx. Editora Contraponto/UERJ.
Crítica original de Böhm-Baverck a Marx
Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Mais-valia"
Categorias: Marxismo | História do pensamento econômico