O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), promoveu nesta segunda-feira, 11, a Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres. O evento teve como objetivo integrar propostas para o fortalecimento e a ampliação de políticas públicas voltadas à população feminina. Sob o tema “Mais democracia, mais igualdade e mais conquistas para todas”, a cerimônia coordenada pela Semulher e pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), foi realizada no teatro da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.

A conferência representa a retomada de um processo que reafirma os direitos humanos das mulheres e reforça a importância da participação feminina na construção de um estado mais justo, inclusivo e plural. A programação reuniu representantes dos 22 municípios e de diversos setores, que discutiram demandas e apresentaram propostas alinhadas à realidade local.
No evento, foram debatidos seis eixos temáticos e eleitas delegadas que irão representar o Acre em Brasília. Foto: Andrey Maia/Semulher
Os debates foram estruturados em eixos temáticos definidos a partir do texto-base da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. As discussões buscam subsidiar a revisão do Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, incorporando propostas construídas nas etapas municipais.
A conferência está estruturada em torno de seis eixos temáticos:Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho;
Enfrentamento a todos os tipos de violência contra as mulheres;
Saúde integral das mulheres, direitos sexuais e reprodutivos;
Participação política e fortalecimento institucional;
Desenvolvimento sustentável e direito à terra e moradia;
Diversidade e inclusão, com foco no combate às discriminações e reconhecimento das interseccionalidades.
A conferência também destacou a necessidade de políticas específicas para mulheres em situação de violência, vulnerabilidade social e com acesso limitado a serviços públicos, especialmente nas áreas rurais, indígenas, ribeirinhas e da floresta. Além das especificidades e interseccionalidades marcadas pela etnia, gênero e orientação sexual.

A secretária de Estado da Mulher, Mardhia El-Shawwa, ressaltou em sua fala, a necessidade da união. Não somente entre o Estado e as organizações da sociedade civil, mas de toda a sociedade. Segundo ela, apenas com a conscientização, prevenção e o incentivo à denúncia, é que a violência pode ser superada e, enfim, efetivamente enfrentada.

Ela também ressaltou o propósito das conferências e a metodologia utilizada. “A Conferência Estadual de Política para as Mulheres é onde reunimos o que foi feito nos municípios. Tivemos conferência nos 22 municípios, conferências municipais, regionais e conferências livres. Agora, vamos debater, aqui, os temas e as ideias trazidas pelos municípios. E nas ideias daqui, neste resumo de ideias, vamos levar para a conferência nacional, que vai acontecer no final do mês de setembro”, explicou.
A secretária reiterou que “todas as ações discutidas serão levadas e vão retornar como políticas públicas para as mulheres, sendo diversas, com foco na educação, na segurança pública, na promoção de geração de emprego e renda, empreendedorismo”. “Tudo para as mulheres saírem de violência, com geração de emprego e renda, como já foi dito, tudo isso vai impactar para que elas não sofram violência, e assim a gente chegue no nosso objetivo, que é um só: não ter mais violência contra a mulher e não ter feminicídio.”

A secretária adjunta de Assistência Social e Direitos Humanos, Amanda Vasconcelos, representou a vice-governadora Mailza Assis e enfatizou a importância de combater as formas de violência contra a mulher e da Conferência de Política para as Mulheres como um espaço essencial de escuta, diálogo e construção coletiva.
“Quando falamos da urgência de combater todas as formas de violência e discriminação, falamos de garantir que nenhuma mulher seja deixada para trás — seja ela da cidade, do campo, da floresta, jovem, idosa, com deficiência, negra, indígena ou de qualquer origem. A igualdade de gênero não é um favor. É direito, é justiça social, é desenvolvimento e é democracia. Que esta conferência seja mais que um encontro: que seja um marco, um ponto de virada”, disse.

A presidente do Conselho Estadual da Mulher, Geovana Castelo Branco, reforçou a necessidade de uma política transversal, com olhar sensível às questões de gênero e com responsabilidade de atuação. “O conselho é um órgão monitorador das políticas públicas voltadas para a mulher de todo o Estado, não só para a Semulher, porque a política para a mulher é transversal. Precisamos entender da transversalidade e que toda secretaria faz política para a mulher. Então, todas são responsáveis pelo enfrentamento à violência, para o enfrentamento ao feminicídio, e empoderar as mulheres na área da saúde, da educação, da assistência, da produção. Todas as áreas. Se todos se unirem, a gente consegue romper esse ciclo de violência do nosso Acre”.

Diretamente de Cruzeiro do Sul, a representante das mulheres do Juruá, de terreiro e do segmento trans, Hillary dy Oiá, falou sobre a participação no evento e da importância de celebrar esse momento de escuta. “Sem dúvidas é um momento crucial para todas as mulheres e suas diversidades. Eu, enquanto mulher trans, representante das mulheres de terreiro em Cruzeiro do Sul e do segmento, me sinto privilegiada e acolhida, principalmente pela Secretaria da Mulher que tem esse olhar sensível a todas as mulheres. Estamos diminuindo a violência e estamos avançando na luta por direitos iguais, mas precisamos continuar crescendo ainda mais”.
Durante o evento, também foram eleitas delegadas que irão representar o Acre em Brasília, na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. Conforme a resolução CNDM/Mulheres nº 1/2025, aprovada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, existem percentuais mínimos obrigatórios para a escolha das representantes eleitas nas conferências municipais, intermunicipais, territoriais, distrital e estaduais, a fim de reforçar o compromisso da 5ª CNPM com a representatividade, a diversidade e a escuta qualificada nos debates sobre políticas públicas para as mulheres de todo o Brasil.50% de mulheres negras;
10% de mulheres LBT+ (lésbicas, bissexuais, transexuais, transgêneras e travestis);
5% de mulheres com deficiência;
5% de mulheres indígenas;
5% de mulheres quilombolas ou de povos e comunidades tradicionais.
(AGÊNCIA/ACRE)