11 de fevereiro de 1991, aproximadamente as 19:30h, Dr Baba avisava ao meu pai: é uma menina! Que alegria para meus pais. Agora, um casal de filhos. Giovanni foi me visitar no hospital no auge dos seus 3 aninhos e pasmem, se perguntassem a ele até seu ultimo dia de vida qual era o lençol da cama da janinha ele diria: "o lençol era de coração não era pai?"
Tive uma infância feliz com muito amor, carinho, cumplicidade, disciplina, limite e educação. Peço a Deus e a seus pais que assim seja com a minha irmã Alzira que sei que amor já tem bastante. Fui feliz como toda criança merece ser. Tenho amigos de infância que até hoje fazem parte da minha vida, que são amigos para todas as horas. A minha Ciely e o meu Jeison, praticamente moravam com a gente.
Entrei na adolescência e como sou grata em ser da época de 1991, onde tudo era ainda mais legail e sincero. Meus pais sempre trabalharam para nos dar todo suporte necessário. Giovani e eu sempre fomos unidos e parceiros. Ele deixava até eu jogar vídeo game com ele (rs). Raul Seixas fez parte da minha vida e da minha história. Sei todas as musicas e todas as letras. Meu pai, apaixonado por musica, nos incentivou a ingressar nesse mundo encantador. Eu cantava, tocava e Giovanni tocava. Entramos na noite muito cedo. Em seguida com a banda. Eu parei e Giovanni surgiu como um dos melhores musico e cantor que Tarauacá já teve. Quando tinha uma festa legal na cidade e eu queria ir meus pais me levavam. Ainda tenho aquela imagem deles dois sentados no cantinho do clube me aguardando, enquanto eu me acabava de dançar. Obrigada pai e mãe isso foi tão importante.
Eu sempre tive que cumprir regras, horários pra sair e pra chegar. Meu primeiro emprego se não me engano foi aos 17 anos e minha mãe quem cuidava do meu salario e me dava uma parte dele pra eu comer um crepe( rs). Era ela quem cuidava de tudo em nossa casa, das finanças, do nosso vestir, da nossa saúde, de tudo.
No inicio da adolescência conheci o meu primeiro amor. Nossa! achava que seria o grande e eterno amor da minha vida. Só que não. Em uma bela noite no 'Clube Chega Mais' ao som de Giovanni Acioly, conheci o senhor, hoje meu noivo, meu parceiro e meu companheiro de vida e veja só, já planejamos até o nosso primeiro filho. Kaká e eu estamos juntos há 10 anos. Não consigo me lembrar se já brigamos alguma vez. Nosso relacionamento tem como base o respeito e cuidado um com o outro. Ele sempre cuidou mais de mim. Esteve comigo nos piores dramas vividos nesses 30 anos. Fomos para faculdade, estudamos, nos ajudamos sempre. Por muitas vezes passamos por algumas dificuldades financeiras onde vendíamos um sapato para abastecer o carro. Mas, esses bastidores ninguém precisa saber né? Já faz parte do passado. Hoje estamos passando por mais uma batalha e ele continua firme cuidando de mim. Agora somos noivos e estamos usando as alianças que foram de meu pai e minha mãe. Então, é abençoada e tenho certeza que vamos vencer mais essa. E já ta bom não vou ficar vendendo minha mercadoria aqui .... te amo meu amor...
Agora, falando um pouco da relação familiar. Meu pai. Eu não consigo descrever em palavras que cara é esse. Meu pai sempre foi o cara. Meu espelho de honestidade, amor, compaixão, bondade de tudo que Deus quer que nós como filho dele faça aqui na terra. Claro! somos pecadores, mas, só vejo o amor dele para com o outro e Deus é o que? Deus é amor. Minha mãe uma mulher de uma índole invejável. Forte, determinada, destemida e amável. Minha parceira de vida. Quem não lembra aquelas duas pessoinhas de 1,54m em cima de uma bis passando pelo centro da cidade todos os dias. Agora o G? minha vida, meu sangue , minha alma... não sei explicar o sentimento que existia. A conexão entre nós. Íamos juntos de mãos dadas para escola e um tinha que aguardar o outro sair para poder voltar para casa. Cuidado e amor desde sempre. Meu tio Zequinha era o cara mais bacana que conheci e fazia tudo por mim. Minha avó Francisca cuidou de mim desde que nasci. Cuidou, amou, educou e hoje sou eu quem a cuido. Minha família sempre foi minha prioridade. Sempre me considerei uma jovem feliz, completa e realizada. Parecia até conto de fadas sabe?
Em 2012, tive que vir a Rio Branco com minha mãe para a retirada de nódulo em seu seio. Ficamos alguns dias no hospital das clínicas e quando saiu o resultado tudo ok. Se não me engano, em janeiro, minha mãe estava em sua biz e ao fazer um movimento sentiu um desconforto em sua coluna. Passamos alguns dias medicando em casa, até porque foi só um mau jeito né? Fomos ao Dr Jasone e o mesmo pediu para que procurássemos um ortopedista em Rio Branco e assim fizemos. Chegando em Rio Branco, já bem debilitada, necessitando de ajuda para locomoção, o médico imediatamente pediu para que procurássemos uma médica ONCOLOGISTA. Eu. Como assim? Deu um frio na barriga e vi nos olhos de minha mãe uma aflição sem tamanho. Mas, firme fiquei. Fomos ate a oncologista que não mediu se quer as palavras (não a julgo). Olhou os exames e disse: 'a senhora provavelmente esta com um tumor na coluna e ele pode já esta em metástase'. Aquelas palavras foram como um tiro no meu coração e minha vontade era de chamar pelo meu pai, gritar , correr, mais eu tive que aguentar e segurar a barra pela minha mãe, onde o mundo dela acabara de desabar. Eu disse: mãe vamos cuidar. Segure a minha mão, tenta ficar tranquila agora que já sabemos vamos tratar eu vou cuidar da senhora. Eu estava conversando tudo por mensagem com o G que estava em viagem de férias.
Os dias foram passando, minha mãe enfraquecendo, o câncer espalhado em seu corpo. Giovanni chegou, meu pai chegou, Kaka chegou, nos unimos na força e no amor para cuidar da nossa rainha. Resumindo, vi minha mãe morrer dia a dia para o câncer. Perdi o sentido da vida. Virei adulta do dia pra noite. Quis ocupar o lugar para que os meus amores não sofressem tanto. Só esqueci de mim. Os meses passaram, a vida foi seguindo, meu pai encontrou um novo amor, eu fui julgada e massacrada por isso. "Algumas" amigas de minha mãe foram as primeiras a se opor contra mim, mas, ninguém sabia da dor do meu coração. Já havia perdido minha mãe. Giovanni e eu só queriamos nosso pai feliz. Não me arrependo e aproveito o momento que talvez eu ainda não tenha agradecido pessoalmente. Estou aqui na frente da minha família para agradecer a você Janaina Furtado por ter aparecido naquele exato momento em que meu pai estava sem rumo. Se foi cedo não sei. O importante é que estão felizes e construíram a família por isso cuide. Família é amor, paz e acima de tudo respeito.
Eu precisava de um refugio, não estava com condições emocionais de aguentar tanta dor. Apareceu uma oportunidade de estudar em Rio Branco. Meu pai me apoiou de todas as formas. Resolvemos morar juntos: Kaka, Vó Francisca e Eu. Não sabia nem o que estava fazendo da vida. Só fui. Em Rio Branco eu tive a sorte de encontrar verdadeiros amigos. Fui acolhida por pessoas amáveis que foram fundamentais para que eu me adaptasse aquela minha rotina. Débora Santana e Edson me acolheram como parte de sua família serei eternamente grata por tudo e por tanto. David Freitas De Souza aquele amigo para todas as horas um dia pensei em criar galinhas quando penso que não meu amigo chega com todo material de um galinheiro e a mão de obra. Vocês tem amigos assim? Pois é eu tenho. Fernanda Léo minha querida e amável como era bom esta em sua companhia todas as manhãs, a sua calmaria me sustentava. Angela Rodrigues ou Ângela até hoje não sei, amiga não sei se mereço tanto que você já fez e faz por mim as vezes me pego pensando por que essa menina faz tanto por mim eu não tenho nada pra dar em troca. Mais ela esta sempre ali, amiga esta tudo bem? Precisando de alguma coisa? Essa foi e é a minha família que me acolheu durante todo o período da faculdade. Hoje sou Psicóloga por Formação, Kaka Tk Cirurgião Dentista.
Passaram-se os anos e conseguimos sair do aluguel, financiar uma casa, um lar de paz e amor. Giovanni veio morar conosco eu nem acreditei. Acordar e saber que o meu 'G' estava ali ao lado era um sonho. Construímos ainda mais respeito, amor, sonhos, afeto e amizade. Construímos uma relação de mãe e filho ele me chamar de 'irmãe'. Eu cuidava mais dele do que de mim. Não sei se há possibilidades de explicar esse amor que eu sinto por ele. Giovanni tinha sede de viver. Eu sempre o levava aos lugares para que ele não dirigisse ao ingerir bebidas alcoólicas. Era meu maior medo. Só o Kaká sabe quantas vezes saímos de casa as 2 ou 3 da manhã para buscar esse danado. Outras vezes eu fui escondida do Kaká, não achava justo acorda-lo.
Uma semana antes do acidente do 'G' eu não conseguia falar nele sem ter uma crise de choro. Kaká sempre alertando que precisávamos buscar ajuda. Conversando com a Simone Furtado (anjo) e conseguiu com que eu fosse atendida no HOSMAC. Na primeira consulta, nas primeiras palavras já era possível um diagnóstico: depressão e ansiedade. Passei a tomar medicação e fazer psicoterapia. No domingo seguinte meu pai nos acorda e diz 'avisa a Janinha que o Giovani sofreu um grave acidente de carro e há probabilidade dele sobreviver é muito pouca venham pra cá'. Isso às 5h da manhã. Eu enlouqueci entrei em uma crise de nervos, não sabia o que fazer. Esperei por horas a vinda dele de avião UTI. Resolvemos ir pra Tarauacá eu fui pra Tarauacá naquele dia enterrar o Giovani. Já estava sem esperança pelo quadro em que ele estava. Eu sempre fui muito consciente. Quando cheguei em Feijó, meu pai liga e diz 'minha filha seu irmão melhorou a oxigenação e a pressão normalizou não sei te explicar'. Eu fui ao céu nesse momento. Fui orando até Tarauacá, apenas agradecendo. Chegando ao hospital eu desmoronei ao ver meu pai. Fui ver o 'G'. Meu filho naquela situação. Meu nome tatuado em seus dedos. Jamais imaginaria aquilo. Eu disse assim que cheguei: "Deus me leva, mais o deixa'. Ai começou todo o sofrimento que grandes parte de vocês que estão lendo vivenciaram.
Resumi um pouco os meus 30 anos e os dois dramas vividos pela minha família que foram muito marcantes.
Hoje completo trinta anos. Estou em tratamento para depressão, ansiedade, síndrome do pânico e compulsão alimentar. Ainda estou de luto. Não aceito a morte do meu Giovanni. Estou em processo de aceitar a realidade dela. Mas, quero garantir que eu vou lutar até onde eu aguentar para que eu possa construir a minha família e que eu possa trazer ao mundo o Giovani ou a Giovana ou porque não os dois né Kaka?
Para resumir meus 30 anos eu só posso dizer que o que mais fiz nesses anos foi amar.
E quero agradecer de todo meu coração as minhas amigas que fiz durante todos esses anos. Foram as amizades construídas na dor, nos momentos em que estavam mais vulnerável, que sempre estavam ali. Eles insistiram em ficar e digo uma coisa: vocês são insistentes heim? Não vou citar o nome de vocês pra não correr o risco de esquecer alguém. Mas, eu sei que o coraçãozinho irá ficar aquecido. GRAÇAS A DEUS.
Eu amo intensamente minha família e meus amigos sem citar nomes pra não correr risco de esquecer. Amo vcs.
GRATIDÃO
Janaina Acioly
MESTRA,PARABÉNS!
ResponderExcluirEXEMPLO,DE MULHER TARACAUENSE,ACREANA E BRASILEIRA.CONTANDO SUA VIDA,TÃO VERDADEIRA,DEMONSTRA E AFIRMA A FAMÍLIA É UM ALICERCE DE UMA FORMAÇÃO COMPLETA,OBRIGADO MINHA SEMPRE VEREADORA.
Começei a chorar do início ao fim menina,mulher guerreira tenha certeza sua família é seu alicerce.Que Deus derrame muitas bênçãos sobre a vida de vocês um abraço 💖💖LADIA SILVA
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