Debate trouxe poucas novidades e emoções com regras rígidas

Um debate sobre temas genéricos, morno na maior parte do tempo, afetado pelo horário avançado e com pouca novidade além da repetição de pontos já conhecidos e divulgados dos planos de governo de cada candidato. Poucos momentos de maior tensão, principalmente o embate entre Marcus Alexandre Gladson Cameli foram contidos pelo tempo exíguo de cada resposta e pelas regras rígidas do encontro. Assim pode ser explicado o debate entre os vandidatos ao governo do Acre promovido na TV Gazeta, na noite de sexta-feira.


O principal destaque foi para o confronto, que algumas vezes chegou a ser acirrado entre os candidatos Marcus Alexandre e Gladson Cameli, mitigado pelas normas que os obrigavam a perguntar e a responder a outros participantes. Janaina Furtado, Coronel Ulysses e David Hall procuraram chamar a atenção para algumas propostas e no geral fizeram eco às críticas ao governo do Estado., mas não deixaram de atacar também Gladson Cameli. Foi uma tentativa para vencer a polarização entre os dois líderes das pesquisas, que desde os minutos iniciais se mostrava como o principal motivo encontro.

A primeira pergunta já deu o tom que o programa seguiria. A candidata Janaína Furtado indagou Marcos Alexandre sobre a segurança no estado Ele respondeu desfiando os investimentos do Governo na área e cobrando, como sempre, uma atuação maior do Governo Federal no controle do narcotráfico. Mostrou suas ideias de um Batalhão de Fronteira e de valorização da PM. Em seguida, Marcus Alexandre atacou Gladson Cameli, em pergunta freta a ele, responsabilizando o candidato por apoio a Temer e, principalmente pela aprovação da PEC 95, que limitou os gastos públicos por 20 anos em saúde e educação.

Cameli respondeu que seu apoio seria para tirar o país do Caos em que se encontrava, depois dos seguidos governos do PT e lembrou que ele próprio não votou em Temer, que era vice da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele ainda afirmou que o prazo de 20 anos da PEC 95 para o arrocho fiscal não será cumprido e que, assim que a economia e o país estabilizarem, este empecilho cairá. Gladson criticou Marcus Alexandre e o PT por uma gastança que fere a lei de responsabilidade fiscal.

Gladson usou sua pergunta para o Coronel Ulisses sobre educação para afirmar que pretende implantar 4 escolas militares no Acre, uma em Rio Branco, outra em Cruzeiro do Sul, uma em Tarauacá e outra em Sena Madureira. Ulysses rebateu dizendo que que seu plano prevê a instalação de 26 escolas militares, sendo 4 em Rio Branco e uma em cada município do interior. Ulysses perguntou a Davi Hall sobre o desemprego e os dois trocaram acusações ao Governo do Estado por paralisar a economia e incentivar o desemprego, completando a primeira rodada de perguntas.

Logo após, Hall perguntou a Marcus Alexandre sobre combate à corrupção no governo, mas o candidato da frente popular destacou que durante sua gestão na Prefeitura de Rio Branco por quatro anos foi campeão nacional de Transparência, chagando a mandar instalar um link em tempo real de todas as despesas da prefeitura com o Tribunal de Contas e que sua ação foi reconhecida nacionalmente. Posteriormente, ao ser lembrado por várias vezes no debate de que estaria sendo processado por supostas irregularidades no gasto de dinheiro público, Marcus Alexandre disse que não tem nenhuma condenação, que só é investigado quem trabalha e que em todos os processos em que teve direito de defesa já reconhecido, afastou qualquer suspeita de irregularidade.

Marcus Alexandre quando fez sua pergunta quis saber de Gladson Cameli qual a sua efetiva experiência administrativa, afirmando que o candidato Progressista tem apenas experiência como parlamentar e não como executivo. Gladson respondeu duramente, dizendo que não queria a experiência que o PT mostrava na forma como vem dirigindo o Acre. Que foi o parlamentar que mais destinou recursos para o estado e que sua intervenção em vários órgãos possibilitou investimentos expressivos para a região. na réplica Marcus foi deselegante ao afirmar que Gladson Cameli não sabe o que é acordar cedo para trabalhar nos bairros da cidade, no que foi contestado por Gladson, que comentou que Marcos Alexandre não mora em sua casa e não sabe se quer a hora que ele acorda
Programas de governo

Após esse embate, os ânimos deram uma esfriada com a participação obrigatória dos demais candidatos, que procuraram apenas valorizar pontos de seus programas de governo e voltou a esquentar apenas quando o Gladson afirmou, em uma pergunta de Janaína Furtado que seu propósito, será acabar com a perseguição a funcionários públicos, a pessoas que querem trabalhar direito no Acre, que seu governo será de todos e não apenas de um grupo. Outro momento interessante do debate foi quando Marcus Alexandre perguntou a Gladson Cameli sobre plano de contingência para a administração. Gladson respondeu genericamente que faria uma auditoria em todas as ações do estado, no que foi criticado pelo candidato petista, que afirmou não ser isso que ele estava perguntando. Chegou-se ao ponto em que Gladson pediu para que a pergunta fosse repetida e depois disse que não era obrigado a saber de tudo, mas de se informar e tomar decisões sobre a real situação do Estado.

Após esse embate, as perguntas seguiram em tom mais ameno, com Gladson se preocupando mostrar o trabalho que já realizou encaminhando recursos para o estado, acusando o Governo do Acre de ter atrasado a licitação dos ramais, que teria sido garantida pela bancada Federal, e Marcus Alexandre acusando Gladson pela não conclusão das obras do anel viário do Alto Acre, além de obras em Mâncio Lima que ele teria prometido concluir em 30 dias. Nessa troca de farpas, havia pouco espaço para os demais candidatos. Janaína Paschoal teve alguns momentos de destaque, ao lembrar que era professora, moradora do interior, ao relatar as dificuldades que enfrenta em Tarauacá, pela falta de estrutura em saúde pela educação insegurança.
Segurança

O Coronel Ulysses, em nenhum momento citou seu candidato a presidente, Bolsonaro, mas nem por isso deixou de criticar duramente o governo do estado e, ao ser desafiado pelo candidato Davi Hall para apresentar suas propostas para segurança pública. Afirmou que promoveria imediatamente a volta da operação de Saturação Máxima, para abafar o crime organizado na capital e criticou a existência de policiais militares a serviço de políticos e instituições e cobrou a presença desses policiais nas ruas. Prometeu, de imediato, aumentar o efetivo da Polícia Militar e fazer o enfrentamento diário dos bandidos. David Hall se destacou ao final, ao criticar tanto Gladson quanto Marcos Alexandre, dizendo que queria ser diferente e não ter os compromissos políticos dos dois lados mais fortes da política acreana

No balanço final do debate, o que se destacou foi a falta de protagonismo de algum dos candidatos. Esta situação de não haver tido vantagem óbvia de um candidato sobre os demais foi positiva para Gladson Cameli, que, ao contrário do que muitos de seus adversários esperavam. Saiu se bem no programa, soube rebater as acusações que enfrentou e também atacou seu adversário direto. A estratégia de Marcus Alexandre de tentar encurralar Gladson desde o início do debate teve seus efeitos reduzidos pela própria postura característica do candidato, que tentava passar também tranquilidade para seus eleitores e pelas regras rígidas que impediam o confronto direto. Os efeitos do debate também foram mitigados pelo avançado da hora em que aconteceu, prejudicando, a audiência. As regras fizeram com que o programa fosse dinâmico, mas pouco elucidativo. As pesquisas mostrarão, nos próximos dias, se as estratégias dos candidatos funcionaram como previsto por eles.



Gladson Cameli

“O PT teve 20 anos para fazer as coisas no Acre e não fez. Por isso eu quero ser o governador de todos, para acabar com a perseguição, para valorizar quem trabalha e para fazer o Acre crescer”.

Marcus Alexandre

“Eu conheço bem o Acre, já rodei o estado três vezes nessa campanha, trabalhei no Deracre em todos os municípios e na prefeitura de Rio Branco fomos campeões em transparência e destaque na Educação. Podemos fazer mais”.

Coronel Ulysses

“Vou implantar 26 escolas militares, quatro em Rio Branco e uma em cada município. Vou pôr a polícia nas ruas, com a Operação Saturação Máxima, que não me deixaram completar. E dar empregos para acabar com a causa da violência”.

Janaína Furtado

“Represento a mulher e o interior do Are, Sou professora, morei até os 14 anos no meio rural e sei a importância da educação. Sou vereadora em Tarauacá e conheço os problemas, pois a população recorre sempre ao vereador para ver se consegue apoio para suas reivindicações.”
David Hall

“Vou contratar 500 técnicos e implantar 200 agroempresas para pequenos produtores do estado, fazendo uma nova proposta de desenvolvimento para o estado. Vou também implantar a segurança 2.0, com ênfase em ações de inteligência”.

jornal A Tribuna

Postar um comentário

ATENÇÃO: Não aceitamos comentários anônimos

Postagem Anterior Próxima Postagem