Nestes dois próximos domingos, acontecem as tão esperadas provas do ENEM e não mais no sábado e no domingo com era antes. O deputado federal Moisés Diniz (PCdoB) foi que liderou a luta em nome de mais de cem mil jovens sabatistas que passavam por constrangimentos, desconforto físico e psíquico quando ficavam uma tarde inteira confinados, porque decidiram respeitar suas convicções religiosas. A mudança nas provas do ENEM, envolvendo a bancada acreana e parlamentares de outros Estados e também líderes adventistas e judeus foi vitoriosa.
O deputado acreano diz que sua proposta vai além da defesa de convicções religiosas, ao favorecer cerca de um milhão de trabalhadores do mercado informal, que precisavam faltar ao trabalho aos sábados para poder fazer as provas do Enem.
“Avançamos também na proposta de fazer do Enem uma prova mais qualificada. Através da nossa lei, 8 milhões de jovens brasileiros terão uma semana final para estudar para as provas de Redação, Ciências Humanas e Linguagens e mais uma semana intercalada para se dedicarem às Ciências da Natureza e à Matemática”, explica o parlamentar.
O parlamentar do PCdoB diz que, além da atuação de líderes sabatistas nacionais, foi importante o papel da bancada do Acre, como o senador Sérgio Petecão (PSD) e os deputados Léo de Brito (PT), Jéssica Sales (PMDB), Major Rocha (PSDB) e Alan Rick (PRB).
Neste sábado que antecede a ´prova do ENEM, o deputado fez um post em sua página do Facebook onde compartilhou o depoimento emocionado da estudante sabatista, Franciellen Mendes.
Leia…
“Por três anos (2010, 2011 e 2012) fiz o Enem completo (sábado e domingo), depois do Enzo passei a fazer só no dia da redação (domingo).
Conheço muito bem a rotina de quem faz uma prova aos sábados e é sabatista.
Ao chegar no horário da abertura dos portões, em uma das vezes, vi minha amiga e diretora Neuzete com um amontoado de travesseiros…
Aproximei, dei um abraço e questionei a razão de estar lá na escola e com tantos travesseiros.
Todos eram de alunos que antes tinham sido informados que podiam levar, porém ao chegarem na escola não puderam entrar com os travesseiros e como os pais já tinham ido embora, pediram pra Neuzete levar pra casa e entregar depois para eles.
Mas pq levar travesseiro???
Ficar sentado das 12 até às 18 para só as 19 começar a prova que termina às 22 horas… Não é fácil.. então, num primeiro momento, informaram que poderiam levar… Depois proibiram.
Outra situação interessante é a quantidade de lanche que sabatistas levam.
Se uma pessoa quando vai fazer uma prova de 4 horas leva parte da geladeira… Imagina só alguém que entra às 12 e sai às 22 horas?
Em uma das ocasiões uma candidata levou isopor com macarrão, pão, tomate, queijo… Ela almoçou e depois fez um lanche na sala… Levou tanto para o lanche que foi possível dividir com vários despreparados.
Já aconteceu também da escola não se preparar para um prova de tantas horas de confinamento e a água do colégio acabar totalmente as 17 horas… Seguimos até o final dividindo a pouca água que cada um tinha levado.
Uma situação complicada era o horário de início da prova.
A prova era entregue as 18 horas. Porém, com o horário de verão 18 horas ainda é dia claro… Sendo assim, o tempo começava a contar a partir das 18, mas só começávamos a prova às 19 horas… Ainda dependíamos de um fiscal que nos avisasse se realmente já era noite, pois dentro da sala não tínhamos nenhuma noção.
Com isso os alunos tinham 3 horas para uma prova de 4 horas.
Deus sempre agiu de forma grandiosa e não foram poucas as vezes que os alunos testemunharam ter terminado a prova com tranquilidade sem que fossem prejudicados por honrar o sábado.
Se não estou enganada, do ano 2013 em diante os alunos passaram a ter até às 23 horas para entregar a prova.
Já ocorreram erros no site de inscrição e alunos que não se inscreveram como sabatistas foram parar em nossa sala… Acabamos ajudando e dividindo o lanche para que eles não desistissem e fossem embora.
Era muito comum os fiscais perguntarem e pedirem que explicassemos a razão de ficarmos até após o por-do-sol… No domingo levávamos bíblia e um convite para que fossem a igreja nos ver no próximo sábado.
Entre todas as experiências que vivi, uma ficou em minha mente e será para sempre a prova da união e do louvor.
Era por volta das 16 horas da tarde.
Um candidato da sala chamou o fiscal e explicou sobre orarmos e cantarmos durante o sábado… Pediu se podia cantar bem baixinho naquela hora.
O fiscal disse que não… Não era permitido palavras.
Foi então que esse jovem começou a murmurar um hino, somente a melodia, sem uma única palavra… Era quase um sussurro murmurador… Logo um e mais um uniram-se a ele, nossa sala inteira murmurava “então minh’alma canta a Ti Senhor… Quão grande és Tu…” O fiscal abriu a porta e pudemos ouvir um murmurar único e especial vindo de todas as salas… Todos sussurravam em Louvor!!!
Deus ouviu nosso clamor.
Hoje eu fui cedo à igreja e pude ver alguns alunos que amanhã farão o Enem… Eles estavam na igreja hoje… Isso no ano passado não seria possível.
Louvado seja o nome de Deus!!!
O dia de hoje é de louvor e gratidão!!!”.