LIXÕES GERAM PREJUÍZO ANUAL DE US$ 370 MILHÕES PARA O SUS

O tratamento de doenças relacionadas ao descarte inadequado do lixo pode custar US$ 370 milhões por ano ao sistema de saúde pública do Brasil (SUS), de acordo com um estudo realizado pela International Solid Waste Association (ISWA), em parceria com o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana e com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza, que avaliou o impacto dos mais de 3 mil lixões do País sobre a saúde o meio ambiente.

Segundo o levantamento, cerca de 75 milhões de brasileiros têm seus resíduos destinados a lixões ou outros locais impróprios. De acordo com o coordenador do estudo, o grego Antonis Mavropoulos, da ISWA, pessoas que moram perto dos lixões, catadores de materiais recicláveis e trabalhadores de limpeza urbana são os principais afetados. “As doenças se propagam por contaminação de água, solo, ar, fauna e flora”, disse.

O trabalho, realizado entre 2010 e 2014 e concluiu que, em uma estimativa conservadora, pelo menos 1% da população atendida por lixões desenvolve doenças ­ o que equivale a cerca de 750 mil pessoas. “O custo para o SUS no tratamento dessas doenças é de US$ 500 por pessoa”, afirma Mavropoulos. “Nossa estimativa é de custos anuais de US$ 370 milhões por ano, totalizando US$ 1,85 bilhão em cinco anos. Portanto, entre 2016 e 2012, o gasto total da saúde em decorrência dos lixões será deste valor.”

Segundo Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe e vice-­presidente da ISWA, o estudo contabilizou não só os custos de tratamento dos problemas de saúde causados pela existência dos lixões, mas também considerou o impacto de perdas de dias de trabalho por afastamento médico, custos psicossociais causados a moradores das áreas próximas a lixões e os danos ambientais causados por essas unidades irregulares.

Além dos custos gerados para o sistema público de saúde, o estudo também estimou os custos ambientais. "Os lixões causam danos à atmosfera com emissões de CO2, danos à água, ao solo, à flora e à fauna", explicou Silva Filho. "O custo calculado foi equivalente ao valor que o País teria que investir para reverter todos os prejuízos ambientais causados pelos lixões", disse. Segundo ele, entre 2010 e 2014, os custos dos danos ambientais pelos lixões ficou entre US$ 1,4 bilhões e US$ 2,8 bilhões, com uma média de US$ 2,1 bilhões.

Lixões no Acre

Dos 22 municípios do Acre apenas dois, Rio Branco e Senador Guiomard, fazem a destinação correta do lixo. Nos demais a situação é caótica e nos lixões a céu aberto são depositados, indiscriminadamente, o lixo doméstico, hospitalar e restos de animais provenientes de matadouros. Em alguns deles os lixões estão localizados a menos de um quilômetro do centro das cidades, como em Mâncio Lima, Porto Walter e Rodrigues Alves.

A Lei de Resíduos Sólidos (12.305/10), que obrigava todos os municípios brasileiros a acabar com os lixões e construir aterros sanitários deveria ter entrado em vigor em agosto de 2014 mas foi adiada porque a maioria dos pequenos municípios do país alegou não ter condições financeiras para realizar a construção dos aterros. A prefeitura de Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade acreana, estimou em R$ 5 milhões o custo para a construção do aterro da cidade.

A questão parece que vai continuar indefinida por muitos anos tendo em vista que a palavra final está com o Congresso Nacional, que tem a prerrogativa de adiar a entrada em vigor da Lei. Entretanto, o descaso dos administradores municipais é evidente quando se verifica que a maioria esquiva-se de elaborar projetos para instalação dos lixões. 

Com informações da Agência Estado 
Blog Ambiente Acreano

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