CRUZEIRO DO SUL: Dono de farmácia e outras cinco pessoas são presas por venda de medicamento abortivo


Agentes da Polícia Federal realizaram no início da manhã desta quinta-feira (29) uma operação que resultou na prisão do empresário Adão Bomfim do Nascimento, proprietário da Drogaria Adamárcia, dos funcionários de outras drogarias, Abel Farias e Rômulo Lima, dos funcionários públicos Cristiano Alves e Francisco J. Filho e de Cleomar Barbosa, mais conhecido por Kei, proprietário de distribuidora de bebidas.

Os acusados foram presos por envolvimento em venda de medicamento abortivo em Cruzeiro do Sul. A investigação da PF ocorreu após uma denúncia feita pela reportagem do G1 que identificou várias pessoas, incluindo servidores públicos da Saúde e funcionários de farmácias que estavam vendendo sem nenhuma restrição o medicamento proibido por lei.

Participaram da operação 70 agentes federais que cumpriram seis mandados de prisão, 10 de buscas em hospitais, laboratórios e estabelecimentos comerciais, além de quatro conduções coercitivas. Os exames periciais da PF constataram que os comprimidos eram de origem estrangeira (Itália) e não tem registro na Agência Nacional de Saúde (Anvisa) sendo a comercialização proibida no Brasil.

Uma enfermeira suspeita de cobrar até R$ 600,00 para fazer abortos, além de um vereador do município de Guajará (AM) e seu irmão, suspeitos de induzir uma menor de 16 anos - que estava grávida do vereador – a praticar um aborto foram convidados a prestar esclarecimentos. Segundo a Polícia Federal a operação foi batizada com o nome de 'Parcas' em referência a três deusas da mitologia relacionadas a gravidez humana.

O delegado de Polícia Federal, Milton Rodrigues Neves, comandou a operação e explicou que a comercialização, exposição à venda ou guarda em depósito para vender ou de qualquer outra forma distribuir ou entregar medicamento de origem estrangeira e sem registro na Anvisa é considerado crime hediondo e está sujeito a pena de 10 a 15 anos de reclusão. 

“As penas são mais severas que as previstas para o tráfico de drogas e a prática do aborto é também considerada um crime hediondo. Comete o mesmo crime quem auxilia a gestante, induzindo ou pagando para que o aborto aconteça. O crime está previsto no artigo 124 do Código Penal, com pena de detenção de até três anos”, afirmou o delegado.


Na manhã desta quinta-feira, o superintendente da PF no Acre, delegado Marcelo Rezende, acompanhado do Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, Maurício Moscarde e do delegado Milton Neves, em entrevista coletiva a imprensa, na sede da Delegacia da Polícia Federal, confirmou as prisões, os procedimentos realizados pelos agentes e ressaltou que seis pessoas presas durante a operação estão à disposição da Justiça.

Pontos de venda - O delegado da Polícia Federal informou que durante a investigação foram identificados vários pontos de vendas, como também vendedores ambulantes que faziam a entrega em pontos a cidade. Segundo a reportagem do G1 em algumas farmácias os proprietários não guardavam o remédio na prateleira com medo da fiscalização, mas outros guardavam dentro da farmácia e depois de negociar a venda com o cliente entravam no interior da loja e efetuavam a venda. O abortivo era vendido entre R$ 100 a R$ 250.

Casos de aborto em Cruzeiro do Sul - Segundo dados revelados pela maternidade de Cruzeiro do Sul, nos últimos dois anos foram registrados 358 abortos. De acordo com relatório da unidade, de janeiro de 2012 até junho de 2013, foram registrados 94 abortos entre jovens e adolescentes com idades de 12 e 20 anos, outros 252 abortos entre mulheres com idade de 20 a 40 anos e doze com mulheres acima de 40 anos de idade.

A diretora do Hospital da Criança e do Adolescente, Fabiana Ricardo, afirmou que as mulheres já chegavam à unidade de saúde com o aborto realizado. "Todas essas mulheres chegavam com sangramentos e o bebê já tinha sido abortado. O que não podemos afirmar é como o aborto aconteceu, tendo em vista que elas diziam que caíram ou tiveram algum desentendimento com o companheiro", disse.

Da Redação do Voz do Norte, com informações do G1

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