Neste natal, quero agradecer ao amigo Moisés Diniz por nos brindar com esse belo presente que é o livro "OS ÚLTIMOS IRMÃOS". O livro está disponibilizado na Internet pra você baixar.
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OS ÚLTIMOS IRMÃOS
Vinde A Mim As Criancinhas - O Dia de Natal é especial porque é o dia do Senhor Menino, dia de olhar para dentro de nós mesmos e de nossos semelhantes, dia de ficar junto e renovar energias perdidas.
Dentre todas as mães, as verdadeiras donas do Natal como Maria de Nazaré, eu quero homenagear as mais frágeis.
A minha sequer posso homenagear, pois já foi para um belo lugar que está além do horizonte. Onde ela vive é tão sagrado que nem o arco-íris a pode tocar! Ficarei aqui, fazendo a minha homenagem a essas meninas frágeis que se tornaram mães, adolescentes, perdidas, sem abrigo e sol.
São milhões de Marias, nos morros e nas periferias, mães pequeninas, perdidas entre a multidão que se deixou abater pelo capital e suas eternas sutilezas, meninas excluídas até do abrigo, do pão e do alfabeto, vivendo na abundância de chuva, das alagações, do sol que queima a pele e a paciência, as rebeliões nos presídios, a cor da pele que segrega, a preferência sexual, a dor de não ser igual, mães de Jesus de todos os dias.
Quando Jesus disse: “deixai vir a mim as criancinhas”, pouca gente entendeu o porquê de os seus discípulos proibirem a aproximação daquelas crianças.
Na verdade, aquelas crianças eram meninas e não meninos. Elas foram proibidas de nascer, de acordo com a lei romana, que precisava regular a quantidade de mulheres, tendo em vista o baixo número de homens provocado por dois séculos de guerra.
Aquelas meninas viviam segregadas nas montanhas e nos lixões de Jerusalém. Elas estavam pagando a rebeldia de seus pais frente à lei romana, que exigia a sua morte na hora do parto.
Jesus subverteu a ordem romana e recebeu aquelas meninas. O exemplo de Jesus é o que há de melhor para esse Dia de Natal, especialmente para essas meninas adolescentes que fecundaram uma nova vida. Apesar de a sua própria vida sequer está madura para cuidar de si mesma.
Só nos resta olhar para elas como se olhássemos para as nossas irmãs ou para as nossas próprias filhas!
No primeiro capítulo, como se apalpássemos as colunas sombrias das primeiras portas do inferno, não poderemos sequer falar do Dia de Natal, porque milhares de meninas adolescentes foram dilaceradas com agulhas, bicos-de-pato, Cytotec e toda forma perversa de aborto.
Como se um milhão de punhais atingissem o seu útero inocente e o seu indefeso feto. Mas, seguiremos com letras mais iluminadas, acreditando que a mensagem do Dia de Natal é leve como uma palavra sagrada e sólida como um mandamento. Que os curumins nascerão e que os rios da Amazônia não secarão, que o humanismo será um bem eterno e a humanidade nunca se cansará de apostar na fraternidade, na igualdade, na liberdade e no amor ao próximo.
‘Os Últimos Irmãos’ é um pedido de socorro à nossa consciência, porque ainda há tempo de repartir os bens, as honras, os desejos coletivos.
Que o Natal seja um tempo eterno, que dure o ano todo e nos faça melhores,
mais simples, desprendidos e irmãos do sol e da lua, da chuva e das periferias, dos instantes mágicos quando apertamos as mãos, ganhamos um abraço.
Feliz Natal!
Moisés Diniz