Prefeito Dindim: "sou igual a papel de embrulhar prego. Para mim ou é ou não é. Não gosto de frescura."


O prefeito de Feijó, Raimundo Ferreira Pinheiro, o popular Dindin é o tipo do político que senta na roda para contar piada com o povo e frequenta mercado.

Seu jeitão conquista a camada mais pobre da população. Dindin, é assim que ele quer ser chamado. É um sujeito que, como ele mesmo diz, “não gosta muito de frescura”.

Depois de ter sido eleito três vezes como vereador e agora no seu primeiro mandato como prefeito de Feijó, pelo PSDB, esse político nascido nas barrancas do Rio Envira conta sua trajetória de vida e política. De como foi duro vencer o alcoolismo na adolescência, suas convicções políticas, a satisfação que tem em ajudar quem mais precisa usando o mandato de prefeito. E até milagres de Deus na sua vida, quando escapou de morrer afogado doze vezes.

Em entrevista exclusiva a Agência ContilNet, ele fala ainda sobre as arestas com alguns membros da executiva regional do PSDB e do trabalho que vem desenvolvendo em Feijó, a quarta maior cidade do Acre. 

Leia a Entrevista:

Contilnet - Começando pelo apelido, Dindin. Como é que surgiu?

Dindim - É porque a minha mãe toda vida só me chamou de “Raimundin” e o meu irmão José Augusto, que é mais velho do que eu, só me chamava de Dindin. E aí ficou esse apelido.

ContilNet - O senhor sempre fala em milagre, cita a sua esposa, que é uma cristã , e Deus como importantes na sua vida. O senhor tem mesmo toda essa fé em Deus?

Dindim - Como não ter fé em Deus!? Fui alcoólatra na minha adolescência, não conseguia me libertar. Até que um dia me ajoelhei na beira da cama e fiz um voto, que se fosse liberto da bebida eu ia ajudar as pessoas. Recebi muitos livramentos. Minha mulher ora muito por mim. Escapei de morrer afogado doze vezes. Quem me salvava era meu pai, que me tirava do porão no rio Envira.

ContilNet - O senhor cita sua esposa nas entrevistas. Ela também atua na política?

Dindim – Minha família é tudo. Casei com uma mulher abençoada, uma catarinense. Minha esposa me ajuda em tudo o que preciso. Tenho quatro filhos, todos abençoados. Deus e a família vêm em primeiro lugar. Se não fossem as orações e força que minha família me dá, eu não estaria aqui. 

ContilNet - Por que decidiu seguir a carreira política?

Dindim - Eu sou auxiliar judiciário concursado desde 1988. Também fui professor, tenho o magistério. Influenciado pelo meu irmão mais velho, o José Augusto, me candidatei em 1996 pelo PFL a vereador de Feijó. Fui eleito o mais votado, depois reeleito nas eleições de 2000 e 2004. No ano seguinte, fui eleito presidente da Câmara. Fui também candidato a deputado em 2006 pelo PSOL. Tirei dois mil votos, mas não fui eleito porque faltou legenda.

ContilNet – Como conseguiu vencer o governo da Frente Popular nas eleições de 2008?

Dindim - Eu sempre quis ser político na minha cidade. Nasci em Feijó, então é onde eu nasci que tenho de provar que posso fazer alguma coisa. Digo isso porque fui convidado para ser candidato no Envira (Amazonas), mas nunca quis. Teve a eleição em outubro de 2008, perdi por noventa e um votos. Aí teve aquele problema com o meu adversário, aconteceu a eleição no dia vinte e dois de novembro , no mesmo ano. O povo me elegeu. Eu tirei mil votos a mais que a minha adversária.

ContilNet – O senhor tem recebido elogios e declarações de apoio de várias lideranças indígenas, entre elas o internacional Carlos Brandão. Como consegue isso?

Dindim – Apesar dos problemas financeiros que enfrento na prefeitura, tenho procurado fazer um trabalho que contemple a todos. Sei que ainda falta muito para o nosso povo ter uma vida melhor, mas estou me esforçando para dar uma melhor qualidade de vida a todos que moram em Feijó. Na nossa administração, índios e brancos têm tratamento igual. Fico muito feliz com o apoio que tenho recebido dos nossos indígenas, como também de outras lideranças do nosso município.

Contilnet - O senhor é oposição ao PT, mas como é a sua relação com o governador Tião Viana?

Dindim - Eu falei para governador: se for pra trabalhar por Feijó estamos juntos, mas o palanque político nunca vai ser o mesmo. Trabalho é trabalho. Agora mesmo o programa “Ruas do Povo”, do governo, foi feito em parceria com a prefeitura, mas na eleição o Tião tem o palanque dele e eu tenho o meu.

ContilNet - O senhor é pré-candidato a prefeito?

Dindim - Sou. O presidente da executiva do meu partido (PSDB), Márcio Bittar, esteve em Feijó e decidiu, junto com o diretório municipal apoiar a minha reeleição.

ContilNet – Mas existe alguns membros do diretório que está se pondo ao seu nome...

Dindim - Se tem alguém contra, é normal. Mas continuo confiando no acordo firmado com o deputado Marcio Bittar e os membros do diretório municipal do PSDB, que, inclusive, foi até registrado pela imprensa.

ContilNet - Qual foi a maior transformação feita, em sua administração, no município de Feijó?

Dindim - A democracia. Não obrigo ninguém a nada. Mas também tem as vinte e seis escolas, postos de saúde, galpões para produção, barcos, ruas, ramais, campo de grama sintética, quadras, contratações e muitas coisas que foram feitas na nossa administração.

ContilNet - E esse seu jeitão meio largado não atrapalha?

Dindim - Não. Eu nem gosto desse negócio de gravata, paletó. O pessoal diz que eu sou igual a “papel de embrulhar prego”. Para mim ou é ou não é. Não gosto de frescura. (Agência ContilNet)

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