O 'Gigante Adormecido' de Tarauacá

João Cobra maior produtor de abacaxi de Tarauacá

O Município de Tarauacá vai realizar neste final de semana o Festival do Abacaxi. O evento estava esquecido pelas autoridades há cerca de 10 anos. O abacaxi de Tarauacá é o nosso maior símbolo e patrimônio cultural, além do nosso povo, claro. Somos conhecidos nacional e internacionalmente como a “Terra do Abacaxi Grande e da Mulher Bonita”.

Globo Repórter fala do nosso abacaxi

Em relação ao nosso abacaxi, uma interrogação inquieta estudiosos e curiosos: qual o segredo do “Abacaxi Gigante de Tarauacá”, que insiste só nascer em uma pequena região? A fruta guarda, segundo colonos, cerca de cem anos de história entre a população do Vale do Tarauacá. Há 28 anos começou a ser cultivada em experimentos comerciais – e tem garantido a sobrevivência várias famílias da região do Projeto de Assentamento Tarauacá, onde abriga a mancha de solo perfeita para a espécie.

A região que produzia o ananá, como é conhecida a fruta popularmente se concentrava no Igarapé Preto, não muito distante do centro da cidade. Ali, o pasto substituiu aos cultivos, que se transferiram para o PA Tarauacá.

Devemos trabalhar para que esse elemento da nossa cultura seja transformado ação de política de desenvolvimento econômico e não apenas um mero símbolo e que as pessoas o admirem apenas pelo seu tamanho.

Sócrates disse: “da riqueza não vem a cultura, mas da cultura vem a riqueza”. O município e a sociedade tarauacaense precisam criar novas perspectivas de investimentos em empreendimentos socioculturais. O fortalecimento e a mobilização das culturas tradicionais podem exercer um papel importante nas políticas e projetos que visem a superação do estado de pobreza e a integração de populações marginalizadas e excluídas.

Dificilmente, nossa cidade vai produzir carros, laminados de aço ou telefones celulares, mas, podemos produzir, industrializar e exportar produtos à base do maior abacaxi do mundo e, ainda, gerar emprego e renda para nosso povo.

Agora nos perguntemos: Por que os nossos administradores (estado e município) nunca deram atenção devida ao abacaxi de Tarauacá? Quantos tempo ainda vamos viver somente nos orgulhando do tamanho do nosso abacaxi? Será que vamos continuar apenas postando as fotos do gigante na internet? Pois é. Nem uma agroindústria pelo menos para beneficiamento da popa do nosso abacaxi existe em Tarauacá. Aliás, nem sequer uma cooperativa de produtores de abacaxi.

Quanto ao festival do abacaxi que vai ser realizado a partir desta sexta feira, cabe aqui algumas reflexões.

Primeira: o resgate desse evento cultural pode ser considerado um bom começo para que administradores e sociedade possam pensar em futuramente debater sobre como poderemos transformar nosso abacaxi em símbolo de desenvolvimento econômico;

Segunda: a situação política e econômica do nosso município entrou em decadência nos últimos 20 anos, fruto de administrações ruins, o que não nos permite apostar em política de recuperação à curto prazo. Crescemos para baixo como “rabo de vaca”

Terceiro: a Prefeita Marilete Vitorino ainda é uma incógnita. A população a observa de forma esperançosa, porém muito desconfiada. Com razões de sobra para desconfiar de tudo e de todos;

Quarta: quando se fala em Festival do Abacaxi a maioria da população quer saber mesmo qual é o cantor ou a banda famosa que vem cantar. Por quê? Porque o prefeito Dindim de Feijó trouxe para o Festival do Açaí, Reginaldo Rossi, Parangolé, Alexandre Pires e outros famosos. O Município e o povo de Feijó devem estar vivendo um “boom” em sua economia para poder pagar essa conta. Na maior festa do Estado do Acre, por exemplo, que é a Expoacre, promovida pelo governo do estado, foram também contratados cantores famosos, mas o ingresso custava de R$60,00 a R$100,00. E Tarauacá? Aí caro leitor, cada um dá o passo de acordo com o tamanho de sua perna. As pernas de Tarauacá ainda não cresceram o suficiente para tamanha “passada”. Então, vamos mesmo é de Rabo de Vaca.

Quinta: no ano pré-eleitoral o festival virou assunto da política partidária. De prontidão, uma turma critica dali, outra elogia daqui... e, num passe de mágica... quando menos se esperar... todos vão mesmo é cair no forró do Rabo de Vaca.

Quero manifestar meus agradecimentos à organização do festival por conceder espaço para os artistas locais. Vão se apresentar as Bandas Rota 23, Caro John, Balada Top e Eclypsom, além dos cantores Diouro e Douglas. Espaço concedido também aos Djs da nossa cidade e o apresentador do festival será o Gilberto de Tarauacá.