Assim que se dobra a curva do rio enxerga-se um pequeno conjunto de casas que durante o ano leva uma rotina pacata como de qualquer outro seringal. Mas, a partir de 11 até o dia 20 de janeiro, anualmente, a rotina daquele lugar se transforma de modo impressionante: várias canoas aportam na localidade vindo de outros seringais e da cidade, inúmeras pessoas sobem e descem a escada que dá acesso à casa, o trapiche (espécie de ruas) fica apinhado de gente comprando, vendendo ou olhando a paisagem, foguetes estouram nos céus... É o famoso Novenário de São Sebastião que ocorre anualmente no seringal Capela, Rio Muru, no interior de Tarauacá.
Durante as nove noites ocorre a tradicional novena. Mas, é nas duas últimas noites que a festa chega ao seu auge. Muitas pessoas vêm pagar suas promessas, agradecer as graças alcançadas, fazer o seu pedido, outras conhecer o lugar e se divertir à noite, nos bailes.
O Novenário deste ano (2010) foi um dos mais belos de sua história e um dos mais movimentados. Na última noite (19) centenas de pessoas apinhavam o trapiche à espera do início da procissão, que começou pontualmente às 19 h e percorreu trechos do campo da localidade. O povo com velas na mão, com a cruz abrindo caminho e a imagem de são Sebastião logo atrás, marcharam com muita fé e devoção, cantando e rezando.
A procissão concluiu-se com a Santa Missa presidida pelo pároco de Tarauacá Pe. Aymar, juntamente com o Pe. Aureliano, auxiliados pelo seminarista Isaac Melo. Numa homilia profunda, profética e necessária, Pe. Aymar conclamou o povo a reivindicar seus direitos e pediu dos políticos presentes mais compromisso e responsabilidade para com o povo e a nossa cidade. Pe. Aymar falando aos presentes disse: “Que Deus perdoa quando se maltrata uma pessoa, mas quando se maltrata um povo não perdoa jamais” e finalizou pedindo a todos que não fossem cristãos apenas de boca, mas de ação. Deus deve ser adorado com ações, não com palavras. Agradeceu a todos os que se empenharam na construção da Igreja e convidou a todos a se divertirem com respeito e sem violência.
Mais uma vez o povo da Capela e redondeza realizaram um bonito Novenário, onde a maioria foi para rezar e se divertir. A violência foi zero praticamente. Tudo isso graça ao empenho e competência do Comando de Operações Especiais (COE) que prestou todo o trabalho de segurança aos fiéis e a população de modo geral.
A única exceção que fazemos, diz respeito a alguns políticos, que de uma forma mesquinha e hipócrita se apropriaram do púlpito da igreja para tentar justificar o injustificável, aquilo que eles deveriam ter feito na Câmara de vereadores durante o ano inteiro e não fizeram. Em nenhum momento, em nenhuma das celebrações foi citado nome de político. Evangelizar é profetizar. Jesus nunca fez exceção, cobrou dos pequenos e dos grandes, denunciou as injustiças e expulsou do templo aqueles que queriam fazer do lugar uma casa de comércio. E hoje devemos fazer o mesmo com aqueles que querem fazer da casa de Deus um palanque para justificar a pequenez de seus atos e a mediocridade de suas vidas. Antes de prestar contas a Deus, deve-se prestar ao povo.
Se o Novenário foi um sucesso foi graças ao povo, que participou, colaborou e há mais de meio século se reúne em plena selva amazônica para se encontrar e reencontrar com Deus, louvá-lo e agradecê-lo, por intermédio de São Sebastião. Este nos livre da peste, da fome e da prepotência! Amém.
O trapiche interliga o conjunto de casas com a Igreja
Ainda falta muita coisa para se concluir a obra da Igreja, diferente do que se veicula por aí de que a obra já está pronta!
Pe. Aymar presidiu a santa missa
O jovem Nelton fez o nome na fachada da Igreja
Do trapiche da localidade reúnem-se as pessoas para conversar e admirar a paisagem!
Muitas pessoas estiveram na procissão.
Sob um céu dourado, com iminência de chuva, a procissão percorreu partes do campo em torno da Igreja!
Devotos carregaram a imagem de São Sebastião!
O novenário encerrou-se com a santa missa!
Por Isac Melo
Faltou comentar sobre a atitude de alguns vereadores e aliados do prefeito.
ResponderExcluirNão foi?