Em 1998, uma violenta manifestação de fanatismo religioso provocou o assassinato de seis pessoas , inclusive duas crianças , e o espaçamento coletivo dos moradores de Lavras, uma típica comunidade do interior da floresta amazônica isolada nos confins do rio Tauari, município de Tarauacá ,no Estado do Acre.
O fato completamente ignorado pelo Brasil, embora tenha consternado a população do Acre, não se resistiu comparar o Massacre de Jonestown, na Guiana Inglesa , em 1978,quando um certo pastor Jim Jones induziu o maior suicídio coletivo da História.
Em O Santo de Deus , com escrita forte e profunda cultura bíblica, Moisés Diniz revela os caminhos que levaram ao Massacre de Lavras.Ele acompanhou o julgamento dos responsáveis na Comarca de Tarauacá e a tentativa de retomada de vida de sobreviventes do massacre , ali e em Rio Branco. O respeito pela proximidade que acabou tendo com os personagens levou Diniz a lhe trocar os nomes por apelidos bíblicos. Só isso. O mais é realidade por mais fantástica que se afirme.
Cada parágrafo de O Santo de Deus é um palmo de terra no rumo de Lavras , mas também da consciência entorpedecida pelo cotidiano bruto da vida moderna . O livro é um caminho de volta às origens do homem amazônico, mas também uma passarela entre a riqueza e a penúria da humanidade . Um varadouro entre a brutalidade e a ternura. Muitos atalhos para as milinares angústias humanas.
Blog do Edvaldo Magalhães