Câncer de próstata: diga não ao preconceito

“O exame retal não deixa ninguém menos homem. Hoje estou bem, expondo minha história, por não ter preconceito e buscado o tratamento”, diz Ayres Rocha (Foto: Júnior Aguiar/Assessoria Sesacre)
Agência Acre - O Novembro Azul surgiu para mobilizar e conscientizar a sociedade a respeito de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. A ideia é que os homens façam os exames de maneira preventiva, para evitar que as doenças levem ao óbito.

O jornalista Ayres Rocha, 53 anos, foi diagnosticado há três anos com câncer de próstata. “Conto minha história para sensibilizar as pessoas sobre a importância de realizar os exames e deixar o preconceito de lado. A doença não escolhe classe social ou pessoa, todos podem pegar”, enfatiza.

Rocha relata que, mesmo sendo esclarecido, não buscou fazer o exame a partir dos 40 anos, por não apresentar nenhum sintoma aparente e não ter noção sobre a tendência do aumento da próstata a partir dos 40 anos. Por isso, foi adiando os exames preventivos.

“Com 35 anos eu tinha essa concepção de fazer esses exames, mas com o passar dos anos, na correria do dia a dia, família, trabalho e estudos, vários novembros azuis foram passando, não fiz. Esqueci. Por ser uma doença silenciosa, só achamos que acontece com os outros”, diz o jornalista.
Diagnóstico

Ayres conta que com quase 50 anos na época e por ser uma pessoa cheia de saúde, praticante de atividades físicas e ter uma alimentação saudável, achava que estava tudo bem. Os primeiros sintomas surgiram com a vontade de ir ao banheiro várias vezes, sensação de bexiga cheia mesmo sem estar, dores ao urinar. Diante dos sintomas, procurou seu médico.

O profissional recomendou que fizesse o exame que mede o nível de antígeno prostático específico (PSA), substância produzida pelas células da glândula prostática.

Os resultados apresentaram um alteração no volume da próstata. Fez tratamento com medicamentos por alguns meses para a redução, mas ainda apresentava alteração.

“O médico passou o exame do toque retal, que inclusive é o mais preciso para detecção da próstata. Fiz o exame e, logo depois, a biópsia, que constatou o câncer já em estágio avançado. Então, fiz todo o tratamento recomendado pelos médicos”, explica o jornalista. 

Recuperação 

“A família, se não for mais da metade da cura, é quase toda. Minha esposa e meus filhos me apoiaram totalmente e foram fundamentais para minha recuperação. Já vi casos de pessoas que, ao descobrirem a doença, começam a sofrer rejeição por seus amigos e familiares, e isso afeta diretamente na recuperação da doença”, lembra.

Durante o período de tratamento o jornalista teve que se afastar do trabalho, para uma melhor recuperação. “Fiquei um ano e seis meses longe do meu trabalho. Sou grato pela compreensão da empresa, que sempre acreditou em mim”, ressalta o apresentador.

Após o diagnóstico, iniciou o tratamento com medicamentos, passou por cirurgia, radioterapia e ainda está fazendo hormonioterapia para combater as células cancerígenas. Com três anos de tratamento, está prevista para julho de 2017 a conclusão de sua recuperação.

“Um conselho que dou para os homens é fazer os exames que estão à disposição. Não custa nada procurar um médico, deixar o preconceito de lado. O exame retal não vai deixar ninguém menos homem. Hoje estou bem, expondo minha história, por não ter tido esse preconceito e buscado o tratamento”, finaliza Ayres Rocha.
Sintomas

Mauro Trindade, médico urologista e gerente da Divisão de Saúde do Homem da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), destaca que o câncer de próstata é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas. Apenas se instala e vai crescendo, por isso é importante que o homem busque uma unidade de saúde para realizar os exames.


“É necessário fazer os exames rotineiramente, mesmo sem estar apresentando sintomas. E quando há casos de registro de câncer na família, é aconselhável procurar fazer os exames a partir dos 45 anos”, explica o urologista.

Todo homem que tenha 50 anos ou mais deve procurar os serviços de saúde para fazer o exame de toque retal, realizando a prevenção ou diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Prevenção e tratamento

Ter uma alimentação saudável, evitar gorduras e frituras, fazer exercícios físicos diários, ter um lazer específico são formas de prevenir não apenas o câncer de próstata, mas também outros tipos de doenças degenerativas.

O preconceito é um fator que prejudica o diagnóstico e retarda o tratamento. Este ano a campanha Novembro Azul vem com o slogan “Autoexame é coisa de homem!”, para que a população se conscientize quanto à necessidade de prevenção.

A prevenção e o diagnóstico precoce são as formas mais eficazes no combate ao câncer próstata.

Os exames são ofertado nas Unidades de Referência de Atenção Primária (URAPs) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde são feitos os exames clínicos e, caso, seja detectada alguma alteração, o paciente é encaminhado para o Hospital do Câncer.

Não apenas nesse tipo de câncer mas em todos, o apoio familiar contribui diretamente para uma melhor recuperação do paciente.

No Hospital de Câncer são ofertados os serviços de exame clínico especializado, tratamentos como radioterapia, quimioterapia e acompanhamento do paciente com a enfermidade.
Registros de Câncer de Próstata

De acordo com os dados da Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon), localizado no Complexo do Hospital das Clínicas, no período de 2007 a 2016, o número de casos de câncer de próstata foram superiores aos demais de câncer urológico.

Nesse período, foram registrados 711 casos e 151 mortes em decorrência da doença. Em 2008 houve uma maior incidência de câncer de próstata, mas em 2011 foi registrado o maior número de óbitos, com 22 casos.

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