O Acre ajuda a reescrever a Constituição Brasileira.É fato.
Nem sempre uma vitória se mede apenas pelo valor de uma indenização.
O dinheiro é apenas parte da conquista.
Embora seja importante – e é mesmo! – não é o principal, não pode ser o fundamental na vida e na história de um contingente de brasileiros que saiu do Nordeste para ajudar o Brasil a fornecer borracha aos aliados na Segunda Guerra.
O mais significativo revés dos Soldados da Borracha foi esses anos todos não terem sido reconhecidos como reais combatentes de Guerra.
Também se configura um malogro as pessoas, no Brasil, não saberem do que se tratou o envio de milhares de brasileiros nordestinos para a Amazônia.
Nas escolas do país – exceto as da Amazônia – os alunos não estudam sobre os Soldados da Borracha.
Essa é uma dívida, histórica, ainda não paga pelo Estado Brasileiro.
Os Soldados da Borracha tiveram a mesma importância dos combatentes Pracinhas que foram lutar em campo de guerra na Europa.
Porque se morreram Pracinhas em confronto, aqui na Amazônia morreram dezenas, centenas, milhares de Malária e toda sorte de enfermidades.
Aqui não havia o psicopata do Adolfo e seu exército poderoso.
Porém, aqui havia e há ainda uma floresta, que àquela época era mais inóspita e desconhecida.
A Amazônia foi e continua sendo um campo de batalha pela vida digna.
Não somente dos Soldados da Borracha, mas de toda sua população.
Um campo de luta de um povo por reconhecimento concreto do Brasil.
Esse é um ponto.
O outro foi a conquista da PEC Soldados da Borracha.
PEC é uma Proposta de Emenda Constitucional.
Que altera e mexe na Constituição.
Que antes não era Lei.
E que agora é.
Imagine o que é aprovar uma PEC em plena antessala de uma eleição presidencial.
E os Soldados da Borracha conseguiram.
Mas, para isso contaram com a ajuda de parlamentares dedicados.
Ao longo de várias décadas.
Aloísio Bezerra.
O núncio.
Onde tudo começou.
Depois, Vanessa Grazziotin, do Amazonas.
Aníbal Diniz, como relator final da proposta de Emenda.
E nos últimos anos, na Câmara, a incansável deputada Perpétua.
Que é uma política de cara limpa.
Que todos sabem que como age, como se comporta e como faz política.
Sem essa deputada na Câmara dos Deputados os Soldados da Borracha do Acre não teriam conseguido muita coisa.
Por que quem iria se dedicar a essa causa de verdade?
Porque a luta pela PEC dos Soldados da Borracha foi uma causa.
E uma causa demanda tempo, dedicação e compromisso.
Idas e vindas.
Por isso, o dia de ontem e seus resultados são para comemorar.
Nunca uma sessão do Senado do Brasil havia sido realizada para homenagear e reconhecer os serviços desses brasileiros.
Agora, depois de intenso debate, o próprio Congresso Nacional passou a saber o que foi e o que representou o trabalho dos Soldados da Borracha.
Porque o Congresso é, em última instância, o espelho do povo brasileiro.
Esse é o maior ganho.
O outro ganho é o pecuniário.
25 mil reais.
Para todos os Soldados da Borracha.
Sem nenhum desconto ou imposto.
Direto na conta.
E que parte da bancada do Acre (a Oposição) lutou muito para que esses velhinhos não tivessem nem esse dinheiro à disposição.
Esticou a corda de propósito afirmando que queria muito mais.
Todos querem mais.
Mas entre o real que se pode ter e o irreal que se propõe para fazer proselitismo político venceu o bom senso.
E o bom senso vai por na conta dos Soldados da Borracha 25 mil.
Mais de 11 mil dólares para cada um.
Só no Acre a economia vai receber nos próximos dias 200 milhões em recursos nas contas dos Soldados da Borracha.
É uma vitória.
Na verdade são duas vitórias.
Uma da persistência e a outra da indenização.