“Voar é para os pássaros, para os anjos e para alguns poucos homens privilegiados.”: Carta aberta ao comandante Alfredo Gutierre

Alfredo fez o primeiro vôo para o Acre 


Rio Branco, 23 de abril de 2011 



Ao Amigo Alfredo Gutierre, 


Dia 18 de abril foi seu aniversário, achei que deveria deixar algo registrado pra você, meu amigo, meu irmão, padrinho e “ídolo” de meu filho Pedro Henrique. Refletindo constatei o início de um novo ciclo em sua vida. O resultado de um profícuo trabalho e aprendizado o proporcionou alçar vôos maiores. Estamos todos felizes por isso, graças ao aporte financeiro inicial de seu Velho Guerreiro – Edimilson Abreu e de sua mãe Socorro Abreu e tantas outras pessoas que lhe auxiliaram ao longo do caminho; contudo seu esforço, responsabilidade e dedicação foi o primordial a você chegar ao ápice da aviação comercial brasileira: voar numa grande companhia aérea. 

Alfredo pousou e decolou o Airbus 319


É de se imaginar e servir de exemplo para tantos outros. Como um garoto de uma cidade do interior da Amazônia, de origem humilde, obstinado a voar, que enquanto a maioria de seus colegas estava envolvida em brincadeiras comuns, você gostava de ir ao aeroporto conversar com os pilotos, observar e admirar as decolagens e pousos dos Minuanos, Sertanejos, Fokers, Bandeirantes etc., querendo saber o caminho de como tornar-se aviador, como de fato tornou-se. Lembro que ainda o acompanhei para fotografá-lo ou filmá-lo perto dos aviões ou lhe apresentando a pilotos conhecidos e lá se vão quase vinte anos! 

Airbus 319

Na mais tenra idade foi morar em Belém, estudar no Aeroclube do Pará, dando os primeiros passos para a realização de seu sonho. Enfrentou às adversidades com os pés no chão e a cabeça no além e venceu! Tirou o brevê de piloto privado. Em seguida percebeu que para melhorar o currículo e a aprendizagem precisava está em um centro onde se respirasse mais aviação e qualidade de ensino. Piracicaba, em São Paulo, foi o destino. Lá vivenciou como de fato a aviação acontece no Brasil e foi treinado por ótimos instrutores naquele primeiro momento. 

Aeroporto de Rio Branco-Acre


Lembro-me de há quase dez anos, nas vezes em que ia buscá-lo ou deixá-lo no aeroporto e via em seu rosto, em suas falas a expressão exata da felicidade e motivação de vir para cá fazer as horas necessárias para checar o piloto comercial. Das conversas que tínhamos dos planos e idéias que você queria realizá-los. Graças a Deus deu tudo certo novamente. Tirou as carteiras que precisava para voar comercialmente. 
Ayrton Senna certa vez disse: - A sorte ajuda quem tem competência! Eis que você retorna ao Acre e o Cmte. Sílvio lhe dar a oportunidade de voar como co-piloto o Bandeirante recém adquirido pela Rio Branco Aerotáxi. Para você, a “máquina” que desde menino sonhava em voá-la, com idade de adolescente e caráter de homem deu conta do recado com competência. 


Em permanente instrução, adquiriu as horas necessárias para tornar-se comandante. Ficando conhecido por seus vôos tranqüilos e pousos suaves; ganhou a confiança dos passageiros de Tarauacá e Feijó. Sempre tendo a humildade e educação como cartão de apresentação e a gratidão por esse reconhecimento. Para dar mais um salto tinha um novo desafio: falar inglês. Mas como diz a minha esposa Juliana: - Quando o Alfredo quer as coisas ele consegue! Estudou inglês e conseguiu passar na rigorosa seleção da TAM, uma satisfação pessoal pra você, sua família, amigos e a comunidade tarauacaense que acompanha sua trajetória. 

Tem outra coisa a se registrar: é um entusiasta do ingresso de novos jovens na carreira da aviação, quantas vezes já o vi aconselhando pessoas interessadas em voar, ensinando-os o caminho das pedras de como tornarem-se aviador, quais os melhores aeroclubes, onde é mais vantajoso fazer as horas de vôos etc,. É uma das poucas pessoas que conheço que não se incomoda com o sucesso de seus colegas de profissão, defensor da tese que o sol nasceu pra todos e que a oportunidade chega a quem fizer por onde merecer. 


Ah! Só mais uma “história”. Como nos falamos diariamente, às vezes eu sabia onde ele estava, mas mesmo assim eu perguntava: - Está onde Capitão? Ele respondia: - Em Tarauacá. Em outra vez era em Feijó e assim sucessivamente. Mas ele sempre me falava: - Um dia você vai me ligar e eu vou te responder que estarei em Natal, Porto Alegre, Brasília, Manaus etc. E pra minha alegria esse dia chegou. E hoje quando o ligo ou ele me liga, está sempre em uma cidade diferente, continuando a ser o mesmo amigo de sempre. 

Pra finalizar, parafraseando o Zé Geraldo, meu amigo, meu compadre, meu irmão, continue escrevendo a sua história pelas suas próprias mãos. 

Boa sorte, bons vôos sempre! 

Jean Freire

1 Comentários

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  1. Esse rapaz realmente é um vencedor. É de pessoas assim - honradas, batalhadoras, sonhadoras e humildes - que nosso país precisa.

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