Trabalho de preservação e produção garante fartura de alimentos na Aldeia Pynuiá, em Tarauacá


Localizada a apenas cinco quilômetros da área urbana de Tarauacá, às margens da rodovia BR 364, a Aldeia Pynuiá, popularmente conhecida como Colônia do 27, é hoje um exemplo de resistência, organização comunitária e cuidado com a terra. Considerada uma das menores terras indígenas do Brasil, com cerca de 335 hectares, a aldeia abriga aproximadamente 55 famílias, totalizando cerca de 250 pessoas do povo Huni Kuin (Kaxinawá).

O cacique Assis Kaxinawá tem apresentado com orgulho os avanços conquistados ao longo de quase duas décadas de trabalho contínuo de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas. Segundo ele, quando o projeto começou, em 2005, a terra estava totalmente comprometida. Hoje, o cenário é outro: diversidade de alimentos, produção sustentável e fartura, especialmente de peixes.


Nos açudes comunitários, a abundância chama atenção. O cacique destaca a presença das “piabas”, além de espécies nativas como curimatã, cará, traíra, piau e outros peixes que garantem alimentação saudável às famílias. “É uma riqueza que vem da natureza e do cuidado com ela”, resume.

A produção vai além do pescado. A aldeia cultiva macaxeira, banana, milho, frutas variadas, além da criação de frangos. O trabalho é coletivo e envolve adultos, jovens e crianças, que participam ativamente do plantio, da preparação de mudas e do cuidado com espécies frutíferas, madeireiras e medicinais. O sistema adotado é o da agrofloresta, fortalecendo o equilíbrio entre produção e preservação ambiental.

Outro ponto destacado por Assis Kaxinawá é a valorização da cultura e da identidade do povo Huni Kuin. Mesmo próxima à cidade, a comunidade mantém ações firmes de combate ao álcool e às drogas, ao mesmo tempo em que incentiva as festas tradicionais, o uso das medicinas da floresta e a transmissão dos saberes ancestrais às novas gerações.


Apesar dos avanços, o cacique ressalta que grande parte do aprendizado e da execução dos projetos veio da própria comunidade, com apoio pontual de amigos e parceiros internacionais de países como Holanda, Canadá, Estados Unidos, França e até da Ásia. Ainda assim, ele faz um apelo por maior incentivo dos governos municipal, estadual e federal, para ampliar a produção, fortalecer o manejo sustentável e garantir melhores condições de vida às famílias.

A experiência da Aldeia Pynuiá mostra que, mesmo em um território pequeno, é possível produzir, preservar, educar e resistir, provando que o cuidado com a terra é também cuidado com o futuro.

Postar um comentário

ATENÇÃO: Não aceitamos comentários anônimos

Postagem Anterior Próxima Postagem