Diante do aumento de casos de sarampo na Bolívia, o governo do Acre está em alerta para evitar a reintrodução da doença no estado, reforçando ações de vigilância epidemiológica nas fronteiras e convocando a população para manter a vacinação em dia. Por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), uma coletiva de imprensa foi realizada nesta terça-feira, 8, para informar a população acerca das estratégias adotadas.
Desde o ano 2000 o Acre não registra casos da doença. No entanto, o surto na Bolívia, país que faz fronteira com o Acre, preocupa: já foram confirmados 80 casos de sarampo, a maioria no Departamento de Santa Cruz.
Embora não haja nenhum caso confirmado no Acre, por ser uma doença altamente contagiosa, a Sesacre mantém equipes preparadas para a detecção imediata de casos suspeitos e para o envio de amostras ao Laboratório Central (Lacen), garantindo a rápida análise e contenção de possíveis casos.
A secretária adjunta de Atenção à Saúde da Sesacre, Ana Cristina Moraes, destaca que o momento exige atenção e colaboração de toda a população. “O sarampo é uma doença grave, altamente contagiosa, e que pode ser prevenida com a vacina, disponível em todas as unidades básicas de saúde do estado. Neste momento em que acompanhamos o aumento de casos na Bolívia, reforçamos nosso compromisso em proteger a saúde da população, mantendo a vigilância ativa nas fronteiras e em todo o Estado, mas precisamos da colaboração de todos. Então eu faço um apelo a todos os acreanos que busquem as unidades e procurem a vacinação contra o sarampo. A vacina salva vidas e é nossa melhor defesa para evitar que o sarampo volte a circular no nosso Estado”, afirma Ana Cristina Moraes.
Renata Meireles, responsável técnica das Doenças Imunopreveníveis da Sesacre, reforça a preocupação com a fronteira aberta. “É uma fronteira aberta Brasil-Bolívia. É um vírus que tem alta transmissibilidade. Ele é muito mais transmissível do que até a própria covid. Então nós precisamos ter muito, muito cuidado com relação a isso devido a justamente essa entrada e saída de pessoas. Por conta desse risco, nós precisamos manter nosso maior meio de prevenção em dia, que é através da vacinação”, reforçou Meirelles.
Vacinas estão disponíveis nas unidades de saúde.
“O sarampo pode evoluir para um quadro grave com pneumonia, meningite e até óbito”, esclareceu a médica infectologista Cirley Lobato. Foto: Luan Martins/Sesacre
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde do Acre. Apesar do esforço do governo do Estado, através da Sesacre, o Acre ainda possui municípios com cobertura vacinal abaixo da meta de 95% recomendada pelo Ministério da Saúde. Em 2025, o Estado atingiu 96,67% de cobertura na primeira dose em crianças, mas apenas 70,32% na segunda dose, o que reforça a importância de a população buscar as doses pendentes.
Renata Quiles, coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações, destaca que o cenário seria de tranquilidade se a população estivesse vacinada contra o sarampo. No entanto, este ainda é um desafio para a saúde pública. “Com o cenário de casos de sarampo na Bolívia e agora iniciando no Peru, estaríamos em situação de conforto se nossas coberturas vacinais estivessem adequadas. No ano de 2024 e 2025, entre crianças menores de 2 anos, a cobertura da primeira dose está satisfatória, mas a segunda dose está abaixo da meta de 95%. Além disso, há muitos adultos jovens que não sabem se estão vacinados. O sarampo é uma doença perigosa, altamente transmissível, principalmente em crianças, e só existem duas formas de prevenção: pegando a doença (que deixa sequelas graves ou pode levar ao óbito) ou se vacinando, que é o meio mais seguro e eficaz”, frisou Quiles.
Além da vacinação, é importante estar atento aos sintomas: em caso de febre alta, manchas avermelhadas na pele, tosse, coriza e conjuntivite, procure a unidade de saúde mais próxima imediatamente.
“É uma doença aguda. A transmissão se dá através de gotícula, quando o pessoal tosse, fala, espirra, um período de incubação vai até 14 dias e as manifestações clínicas são febre, dor de cabeça, mancha no corpo, pode ter uma conjuntivite. E o interessante é que ela pode evoluir para um quadro muito mais grave, com pneumonia, com meningite e até óbito. É importante evitar aglomerar, porque o maior risco de transmissão é quando você tem muita gente próxima. Se você tiver algum sintoma, como febre, manchas no corpo, fique em casa, evite expor outras pessoas ao vírus e procure atendimento médico, porque essa essa doença pode evoluir com complicações”, esclareceu a médica infectologista Cirley Lobato.
(Agência/Acre)
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