TARAUACÁ: PROFESSOR DE GEOGRAFIA ESCREVE ARTIGO SOBRE PLANEJAMENTO URBANO


"Meus amigos, os acidentes que vêm vitimando pessoas inocentes em nossa Cidade nos últimos tempos, nos leva a fazer uma série de reflexões acerca da necessidade de uma política de educação para o trânsito a ser trabalhada em todos os níveis da educação básica nas nossas Escolas. Um trabalho de parcerias entre todos os atores sociais da nossa cidade envolvidos e engajados num propósito de educar para salvar vidas.

Sabemos que nossa cidade, assim como a maioria das cidades brasileiras nasceram sem nenhum Planejamento Urbano, com ruas estreitas e de mão única, sem calçadas ou ciclovias, rede de esgoto e coleta sistemática dos resíduos sólidos, nascida à margem do Rio Tarauacá numa área de várzea (inundação periódica), considerada inadequada para construções seguras, foi ao logo do tempo se expandindo sem qualquer controle por parte dos governos municipais, o que resultou nesse emaranhado de habitações e palafitas que estão construídas em áreas de risco. Temos uma Cidade sem quaisquer condições de oferecer aos seus habitantes transitar com segurança nas vias públicas. Mesmo depois de aprovado o Plano Diretor do Município na gestão do Prefeito Rodrigo Damasceno, o que se ver é que as pessoas continuam a construir habitações a bel prazer e em qualquer lugar sem nenhuma fiscalização do órgãos competentes, o que acaba acarretando sérias consequências tanto para quem constrói, quanto para o poder público que precisa na maioria das vezes dar assistência durante os períodos de enchentes, aliado a tudo isso, ainda temos as construções de residências que chegam até o meio fio da rua, impossibilitando que ali sejam construídas calcadas para os pedestres, assim como cercas de arames farpados que cercam as calçadas literalmente do meio fio para dentro, obrigando os pedestres a transitar pelas vias públicas sem segurança.

O planejamento urbano brasileiro é um fenômeno recente aprovando a Lei Federal 10.257, o Estatuto da Cidade, que tornou os Planos Diretores obrigatórios para cidades com mais de 20 mil habitantes ou sob situações passíveis de influenciar suas dinâmicas socioespaciais. Tarauacá é uma das cidades onde ocorre maior dinâmica populacional no nosso Estado, pois com uma população chegando à casa dos 50 mil habitantes, precisa urgentemente colocar em prática seu Plano Diretor e adotar mudanças profundas na sua infraestrutura urbana remanejando a revitalização dos bairros que já existem há mais de um século, mas que não avançaram como o crescimento populacional, isso como forma de garantir maior segurança aos seus moradores. Precisamos de planejamento urbano para poder lidar também com as mudanças climáticas que estão cada dia mais intensas e carecem de medidas urgentes para mitigar seus efeitos sobre a vida na cidade, que afeta não só a dinâmica populacional, mas também a economia do município, podendo causar perdas materiais e humanas. Precisamos de políticas públicas que possam tornar nossa cidade e as comunidades, mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis. Dessa forma, o planejamento urbano de Tarauacá deve estar focado no acesso e na mobilidade urbana, dando prioridade a transportes coletivos, ciclovias e calçadas para pedestres transitar com segurança, além de contemplar assuntos como equidade e segurança, saúde, educação, já que tudo isso faz parte de políticas públicas inseridas e acessadas pelas pessoas habitam a cidade.

Em pleno século XXI, não podemos falar de cidades sem um planejamento urbano eficiente e eficaz para solucionar os problemas que são secular, pois planejar , remodelar e projetar novos espaços requer ousadia, conhecimento e sobretudo, vontade de promover mudanças profundas na organização do espaço urbano, pois não se pode aceitar que, os que administram nossa cidade continuem com serviços arcaicos de tapar buracos à mão semelhante ao período medieval como se não dispuséssemos de técnicas e tecnologias para tornar nossa cidade um lugar mais organizado e seguro para se viver com qualidade de vida .

Portanto, precisamos trabalhar para construir uma cidade mais organizada, com sistemas de drenagem que evite as inundações em períodos de chuvas torrenciais, garanta a trafegabilidade de seus munícipes com segurança instalando mais semáforos, quebra-molas, evitando o avanço de construções em áreas de risco, trabalhando projetos para a aquisição de máquinas e equipamentos que garantam ampliação da produção de tijolos e insumos que serão utilizados para os serviços de infraestrutura, com coletas sistemáticas dos resíduos sólidos, enfim, construir uma cidade sustentável é uma necessidade imperiosa para os próximos anos".


Evandro Dias - Professor de Geografia

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