FEIJÓ: Indígena do povo Shanenawa foi eleita Garota Açaí 2024 e ganhou bolsa para cursar Biomedicina


Na segunda noite do Festival do Açaí (17/08), Gleiça Brandão Pereira Shanenawa, de 18 anos, foi coroada Garota Açaí 2024 no tradicional Festival do Açaí, realizado no município de Feijó, no interior do Acre. Com 1,74 m de altura e do signo de Touro, a jovem estudante do ensino médio, atualmente no último ano, trouxe para casa o título que representa não apenas sua beleza, mas também a força e a resiliência de sua etnia.

Foto: Pedro Devanir

Residente em sua Aldeia, Gleiça compartilhou com a coluna Douglas Richer, do site ContilNet, suas experiências e desafios ao longo da competição em uma entrevista reveladora.

Douglas Richer: Como foi para você participar do concurso Garota Açaí? O que significou essa vitória?

Gleiça Shanenawa: Participar do concurso Garota Açaí foi um momento incrível, repleto de energias positivas. Foi uma oportunidade de trazer visibilidade para a mulher indígena e mostrar que também somos capazes de competir em concursos de beleza.

Foto: Pedro Devani

Douglas Richer: Como foi a preparação para o concurso? Houve algum momento que te marcou durante essa jornada?

Gleiça Shanenawa: A preparação foi desafiadora. Ser indígena já representa um grande desafio perante a sociedade, mas encontrei pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho e que foram essenciais para minha participação.



A estudante ganhou uma uma bolsa e escolheu o curso de Biomedicina/Foto: Pedro Devani

Douglas Richer: Você é indígena da etnia Shanenawa. Como é carregar essa representatividade em um evento como o Festival do Açaí?

Gleiça Shanenawa: Sempre deixo claro que não represento apenas meu povo, mas todos os povos indígenas. Sinto-me honrada e privilegiada por fazer parte da história do município de Feijó.

Douglas Richer: Quais foram as reações da sua família e da sua comunidade ao saber da sua vitória?

Gleiça Shanenawa: Minha família é muito especial para mim. Meu avô tem 104 anos e minha avó, 95. Quando souberam que eu iria participar do concurso, abriram um sorriso que ficou marcado em minha memória. No dia do desfile, mesmo sem a maioria da população indígena presente, me senti acolhida pelos que estavam lá.

Foto: Pedro Devani

Douglas Richer: Como você enxerga a importância de eventos como o Garota Açaí para valorizar a cultura local e a diversidade do município de Feijó?

Gleiça Shanenawa: Espero que minha conquista como Garota Açaí 2024 inspire a valorização da cultura indígena e mostre que uma garota indígena pode sim representar suas raízes e seu povo com orgulho.

Douglas Richer: Qual foi o maior desafio que você enfrentou durante o concurso?

Gleiça Shanenawa: O maior desafio foi e continua sendo o preconceito. Muitos ainda não aceitam que uma indígena possa representar um município. Mas sigo firme, representando não só Feijó, mas todos os povos indígenas.

Foto cedida

Douglas Richer: Como você se sente em relação à bolsa de estudos oferecida pela Unicesumar? Já decidiu entre Biomedicina e Enfermagem? Quais são seus planos para o futuro na área que escolher?

Gleiça Shanenawa: Escolhi Biomedicina porque quero trabalhar com as ervas da floresta. Estou animada com essa oportunidade de ampliar meus conhecimentos.
Douglas Richer: Você tem algum conselho para outras meninas que sonham em participar de concursos como o Garota Açaí no futuro?

Gleiça Shanenawa: Espero de verdade ser uma inspiração para outras meninas indígenas que possuem sua beleza natural e sonham em seguir esse caminho.

FONTE: CONTILNET

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