HISTÓRIA DE VIDA: NO DIA DO INFECTOLOGISTA, CONHEÇA A HISTÓRIA DO MÉDICO TARAUACAENSE QUE FEZ MISSÃO NO HAITI E HA 12 ANOS ATUA NO ACRE

No Dia do Infectologista, data escolhida para comemorar, no dia 11 de abril, a existência desta especialidade médica no estudo de doenças infecciosas, causadas por diversos patógenos como príons, vírus, bactérias, protozoários, fungos e animais, trataremos da história de um dos mais conhecidos infectologistas do Acre.

O acreano Janilson Lopes Leite, mais conhecido como Dr. Jenilson, 45 anos, atua médico infectologista já há 12 anos na capital acreana. Ele nos contará sobre sua jornada até se tornar infectologista, que foi emocionante e desafiadora. Nascido na zona rural acreana, e vivendo boa parte de seu tempo na região, ele presenciou momentos onde viu várias pessoas morrerem rapidamente pelas mais diversas doenças, que hoje são consideradas de fácil tratamento, o que o motivou a seguir a carreira.

Jenilson atende tanto no sistema público como privado, na Fundação Hospitalar ou em seu consultório, na Clínica MEDAC/Foto cedida pelo profissional


“Desde cedo, fui fascinado pela interação entre microrganismos e o corpo humano. Durante meus estudos na faculdade de medicina, tive a oportunidade de realizar estágios em hospitais e clínicas, onde pude ver em primeira mão o impacto das doenças infecciosas na saúde das pessoas. Essas experiências solidificaram minha paixão pela infectologia e me levaram a escolher essa especialidade. Além disso, o constante desafio de lidar com doenças complexas e em constante evolução me motivou a buscar mais conhecimento nessa área fascinante da medicina”, conta o médico.

Sua motivação para dedicar-se a construir sua carreira no combate de doenças infecciosas veio da paixão por ajudar as pessoas a superar desafios de saúde complexos, além de sua fascinação pelo mundo dos microrganismos. Além disso, a possibilidade de fazer uma diferença significativa na vida das pessoas, especialmente em momentos de crises sanitárias, é extremamente gratificante para ele.

“A cada dia, vejo a importância crucial de prevenir, diagnosticar e tratar doenças infecciosas, e isso me impulsiona a continuar me dedicando a essa área da medicina. Minha missão no Haiti em 2010, onde vi o impacto quase que fulminante das doenças infecciosas na vida das pessoas que não dispõe do básico como água tratada, o que também me impulsionou”, diz.

Rotina diária e relação com a comunidade

Dr. Jenilson possui uma rotina de atendimentos no Acre pode variar bastante, dependendo das demandas do dia. Ele atende pacientes com os mais diferentes problemas de saúde, tanto no sistema público como privado, e ainda realiza trabalhos voluntários nos bairros de Rio Branco e outros municípios com uma equipe do sindicato médico.

A relação entre a comunidade e os profissionais de infectologia em Rio Branco é geralmente de confiança e cooperação. Os profissionais de infectologia desempenham um papel crucial na promoção da saúde pública e na prevenção e tratamento de doenças infecciosas na comunidade. Eles trabalham para educar a população sobre medidas preventivas, como vacinação e práticas de higiene, além de fornecer orientação e assistência no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas.

Os profissionais de infectologia muitas vezes trabalham em estreita colaboração com outros profissionais de saúde, autoridades governamentais e organizações da sociedade civil para responder a surtos de doenças, implementar programas de prevenção e controle e fornecer cuidados de saúde de qualidade à população.

A comunidade, por sua vez, confia nos profissionais de infectologia para fornecer informações precisas e atualizadas sobre questões de saúde pública e para ajudar a proteger sua saúde e a saúde de seus entes queridos. Essa relação de confiança e cooperação é fundamental para enfrentar os desafios relacionados às doenças infecciosas e promover o bem-estar da comunidade como um todo.

Jenilson realiza trabalhos voluntários na comunidade, que incluem estudantes de medicina/Foto cedida pelo profissional


Na região do Acre, assim como em outras partes do mundo, Jenilson conta que os médicos infectologistas enfrentam uma série de desafios no exercício da profissão. Alguns dos principais desafios incluem:

Acesso à saúde: Em áreas remotas ou carentes de recursos, pode haver dificuldades no acesso à saúde, incluindo a falta de infraestrutura adequada e escassez de profissionais de saúde;

Doenças endêmicas: O Acre enfrenta desafios específicos relacionados a doenças endêmicas, como malária, dengue, hepatites virais e leishmaniose, que exigem vigilância constante e estratégias eficazes de prevenção e controle;

Educação e conscientização: Educar a população sobre medidas preventivas, como vacinação, uso de mosquiteiros e higiene adequada, é fundamental para o controle de doenças infecciosas. Isso pode ser um desafio em comunidades com baixos índices de alfabetização ou com barreiras culturais;

Resistência antimicrobiana: A resistência aos antibióticos é um problema global crescente, e o Acre não é exceção. A prescrição inadequada de antibióticos e o acesso limitado a tratamentos alternativos podem contribuir para esse problema;

Recursos limitados: Recursos limitados, tanto financeiros quanto de pessoal, podem dificultar a resposta eficaz a surtos de doenças infecciosas e a prestação de cuidados de qualidade aos pacientes.

Enfrentar esses desafios requer uma abordagem multidisciplinar e colaborativa, envolvendo profissionais de saúde, autoridades governamentais e a comunidade em geral. Segundo ele, a baixa instrução em educação e saúde e as dificuldades econômicas são as que mais pesam na realização dos tratamentos.

Algumas das principais doenças infecciosas que Jenilson enfrenta em sua prática médica no Acre atualmente incluem:

Dengue: é uma preocupação constante devido à presença do mosquito Aedes aegypti na região, pois os surtos de dengue podem ocorrer sazonalmente e requerem vigilância e controle adequados;

Febre Amarela: Embora a vacinação tenha reduzido os casos de febre amarela, ainda é uma preocupação em algumas áreas do Acre. É importante manter altas taxas de vacinação para prevenir surtos;

Leishmaniose: A leishmaniose é uma doença parasitária transmitida por picadas de mosquitos infectados;

Hepatites Virais: As hepatites virais, incluindo as hepatites B e C, são uma preocupação de saúde pública no Acre. A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações.

Além dessas, outras doenças infecciosas, como tuberculose, HIV/AIDS e infecções respiratórias agudas, também são comuns na região e exigem atenção contínua por parte dos profissionais de saúde.

A comunidade local sempre participa de eventos para prestigiar o trabalho realizado pelo médico/Foto cedida pelo profissional

Prevenção de doenças infecciosas

A prevenção desempenha um papel fundamental na luta contra doenças infecciosas, pois ajuda a evitar a propagação dessas doenças e a reduzir sua incidência e impacto na saúde da comunidade. Algumas das principais maneiras pelas quais a prevenção é importante incluem:

Redução do risco de infecção: Medidas preventivas, como vacinação, higiene adequada das mãos, uso de preservativos, e práticas de controle de vetores, como o combate ao mosquito Aedes aegypti, ajudam a reduzir o risco de infecção por agentes patogênicos;

Proteção dos grupos vulneráveis: A prevenção é especialmente importante para proteger grupos vulneráveis, como crianças, idosos, e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, que podem ser mais suscetíveis a doenças infecciosas;

Economia de recursos de saúde: A prevenção pode ajudar a reduzir a necessidade de tratamento médico e hospitalização, o que por sua vez pode economizar recursos de saúde e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde.

A comunidade pode contribuir para esses esforços de prevenção de várias maneiras:

Educação: A comunidade pode ser educada sobre práticas de prevenção de doenças infecciosas, incluindo a importância da vacinação, higiene pessoal e medidas de controle de vetores. Isso pode ser feito por meio de campanhas de conscientização, programas educacionais em escolas e centros comunitários, e disseminação de informações precisas através dos meios de comunicação;

Participação ativa: A comunidade pode participar ativamente de programas de vacinação e de controle de vetores, como eliminando criadouros de mosquitos em suas casas, usando repelentes e mosquiteiros, e procurando cuidados médicos quando necessário;

Advocacia: A comunidade pode advogar por políticas de saúde pública que promovam a prevenção de doenças infecciosas, incluindo o acesso equitativo a vacinas e serviços de saúde preventiva, e a implementação de regulamentações que reduzam o risco de propagação de doenças infecciosas.

Essas são apenas algumas maneiras pelas quais a comunidade pode contribuir para o esforço de prevenção de doenças infecciosas. Um esforço conjunto entre indivíduos, comunidades, profissionais de saúde e autoridades governamentais é essencial para enfrentar esses desafios de saúde pública de forma eficaz.

História marcante durante carreira como infectologista

“Certamente, a minha memória recente como profissional está marcada e impactada por casos que ocorreram no contexto da pandemia de Covid-19, houveram muitos casos e situações que me marcaram, muitos se foram, mas vou relatar o de uma paciente idosa que venceu a Covid-19.

Uma história que sempre lembrarei é a de uma paciente idosa que foi internada com sintomas graves da doença. Ela era uma mulher muito forte e independente, mas sua condição rapidamente se deteriorou, e ela precisou ser transferida para a unidade de terapia intensiva (UTI) para receber suporte respiratório avançado.

Sua família estava profundamente preocupada e angustiada, pois não podiam visitá-la devido às restrições de segurança. Durante sua internação na UTI, a equipe médica trabalhou incansavelmente para fornecer os melhores cuidados possíveis. Apesar dos desafios, a paciente lutou bravamente contra a doença, e sua determinação inspirou a todos ao seu redor.

A equipe de enfermagem também desempenhou um papel crucial, proporcionando conforto, apoio e compaixão à paciente e à sua família, mesmo em meio às circunstâncias difíceis. Felizmente, após semanas de tratamento intensivo, a paciente começou a mostrar sinais de melhora. Sua condição estabilizou e ela conseguiu ser extubada e transferida para uma unidade de cuidados intermediários.

Foi um momento de grande alívio e alegria para sua família e para toda a equipe médica. Essa história me marcou profundamente porque exemplifica a resiliência humana diante de adversidades. Apesar da gravidade da situação, a paciente e sua família nunca perderam a esperança, e sua determinação foi fundamental para sua recuperação. Além disso, essa experiência ressaltou a importância do trabalho em equipe e da compaixão no enfrentamento da pandemia de Covid-19”, disse Dr. Jenilson ao ContilNet.

Momentos de lazer em meio a medicina

Nos momentos de lazer, Jenilson gosta de se envolver em atividades que o ajudem a relaxar e recarregar suas energias. Isso pode incluir passeios ao ar livre, como caminhadas em parques naturais ou trilhas na região, que o permitem apreciar a natureza exuberante do Acre. Gosta também de pescar e aprecia momentos de tranquilidade em casa, lendo livros, assistindo a filmes ou séries, e praticando hobbies como jardinagem. Além disso, passa tempo com amigos e familiares, seja em casa ou em algum lugar agradável, algo que para ele é sempre uma parte importante do seu tempo de lazer.

Jenilson em viagem à passeio/Foto cedida pelo profissional


“No Dia do Infectologista, gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos os meus colegas infectologistas e profissionais de saúde que trabalham incansavelmente na linha de frente do combate às doenças infecciosas. Nossa dedicação à saúde e ao bem-estar dos pacientes é verdadeiramente admirável, especialmente em tempos desafiadores como os que enfrentamos durante a pandemia de Covid-19”, enfatiza o médico.

Seu conselho para os leitores é que reconheçam a importância da prevenção na promoção da saúde e no combate às doenças infecciosas. Adotar medidas simples, como lavar as mãos regularmente, manter distância física, usar máscara e manter-se atualizado com as diretrizes de saúde pública, pode fazer uma grande diferença na redução do risco de infecção e na proteção da comunidade como um todo.

Jenilson em seu consultório/Foto cedida pelo profissional

“Além disso, encorajo a todos a valorizarem e apoiarem os profissionais de saúde, incluindo infectologistas, enfermeiros, médicos, cientistas e outros membros da equipe de saúde, que estão na linha de frente do enfrentamento das doenças infecciosas. Seu trabalho é essencial para manter nossa comunidade saudável e segura. Por fim, lembrem-se de que estamos juntos nessa luta contra as doenças infecciosas. Ao trabalharmos em colaboração, podemos superar desafios e construir um futuro mais saudável e resiliente para todos”, acrescenta.

Por Anieli Amorim,
ContilNet

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