Em meio às inundações, Tarauacá enfrenta desafios com resiliência, solidariedade e participação do poder público

Ao visitar a cidade de Tarauacá é possível observar casas construídas de maneira mais elevada que o habitual, uma particularidade ocasionada por frequentes enchentes enfrentadas pela população que vive próxima aos rios Tarauacá e Muru.

No último domingo, 25, o governador Gladson Cameli decretou emergência em 17 cidades, entre elas Tarauacá. Foto: Josciney Bastos/Secom

Outro comportamento diferente dos demais municípios do Acre frente às constantes cheias é que mesmo com o grande volume de água dentro das casas, muitas famílias decidem ser resilientes no período de inundação e permanecem em suas propriedades, prezando principalmente pelos seus bens materiais.

Mais recente medição da Defesa Civil local marca a cheia do Rio Tarauacá com 1 metro e 50 centímetros acima da cota de transbordamento. Foto: Josciney Bastos/Secom

Tal escolha demanda uma atuação diferenciada do Estado, Município, Corpo de Bombeiros e demais instituições que prezam pelo bem-estar das famílias. O subtenente Gonzaga, coordenador da Defesa Civil local, diariamente dispõe diversas equipes do Corpo de Bombeiros para realizar a distribuição de cestas básicas, água potável e remédios para a população ilhada.

Para atender às famílias ilhadas em suas próprias casas, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros realizam constantes visitas para atender às pessoas vulnerabilizadas. Foto: Josciney Bastos/Secom

A secretária municipal de assistência social de Tarauacá, Camila Figueiredo, observa que nos abrigos o acesso às políticas públicas e aos insumos de necessidade básica são mais fáceis de serem direcionadas às pessoas vulnerabilizadas. “Nos abrigos a atenção fica centralizada, mas como a maioria dos atingidos pelas cheias permanecem em suas casas, enfrentamos o desafio diário de chegar até eles”, discorre a servidora do Município.

A servidora municipal aponta como crucial a participação do Estado no momento de calamidade pública enfrentada por Tarauacá. Foto: Josciney Bastos/Secom
Realidade do município

Uma das famílias que moram em casas sustentadas por altas madeiras é a de Liberdade Souza, dona de casa e mãe de oito filhos. A família mora na região há três anos e, ao enfrentar uma grande inundação pela segunda vez, dona Liberdade agradece a ajuda que recebe: “Todo esse auxílio é um poder de Deus na minha vida, sem ele e sem esperança não temos nada”.

No momento de calamidade pública, iniciativas como a de Gabriela mostram o poder essencial do coletivo. Foto: Josciney Bastos/Secom

E sabendo da dificuldade enfrentada por dona Liberdade e seus vizinhos, Gabriela Nolasco, coordenadora-geral da Creche Criança Feliz, busca ser participativa expressando solidariedade durante a cheia que assola o município. “É gratificante para mim, como cidadã ter a possibilidade de ajudar o próximo. Sei da situação carente dos moradores aqui e me preocupo com a segurança e bem-estar dessas famílias”, diz.

Prestes a dar à luz, Liberdade enfrenta mais uma grande enchente dentro de sua residência. Foto: Josciney Bastos/Secom
Mitigando danos

Para atender mais famílias em vulnerabilidade causada pelas grandes chuvas e mitigar os danos, o governo do Acre busca ser um porto seguro para as ações dos municípios afetados.

Durante a enchente deste ano, diversas equipes estaduais foram designadas para trabalhar diretamente com as prefeituras. A ajuda acontece de diversas maneiras, como a captação de recursos que garantem o atendimento às famílias, a doação de itens de necessidade básica, o conhecimento técnico, a cessão de espaços públicos etc.

Suprimentos foram direcionados para Tarauacá, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH). Foto: Josciney Bastos/Secom

Ciente da necessidade da sua participação direta, o governador do Acre, Gladson Cameli, tem realizado visitas nos municípios atingidos e se colocado à disposição plena, junto de sua equipe governamental, oferecendo o melhor possível para a população carente.

A presença e empenho do governador do Acre no município é vista como um acalento no momento difícil. Foto: José Caminha/Secom

Em visita ao município na quinta-feira, 29, Cameli agradeceu a toda a equipe do Estado, que está dividida nas áreas mais afetadas para coordenar as ações e agilizar os atendimentos, assim como reforçou a união com as prefeituras:

Suprimentos do Estado são direcionados para serem distribuídos pela prefeitura local. Foto: José Caminha/Secom

“Sempre uso a palavra união, principalmente durante esses momentos de dificuldade, e, pensando nisso, o meu governo está empenhado em cuidar das pessoas atingidas pela enchente em todas as regionais do estado, buscando fazer a diferença.”
Causa ambiental

As enchentes são fenômenos naturais, mas podem ser intensificadas por más práticas humanas, como a poluição, descarte inadequado de lixo e desmatamentos.

A atual enchente no município já afetou mais de 23 mil habitantes. Foto: Josciney Bastos/Secom

O engenheiro agrônomo Nilson Gomes Barcelos, em seus estudos, já apontou que o fenômeno acontece por diversos motivos, sendo um deles decorrente dos solos que compõem a Bacia do Acre, que apresentam características peculiares quando comparados a outras porções da Amazônia Brasileira, com superfícies terrestres argilosas que dificultam o fluir das águas das chuvas em contato com o solo. Tal característica geográfica tem como consequência períodos de grandes enchentes e vazões acentuadas na bacia.
Atual situação

Dados mais recentes levantados pela Defesa Civil municipal apontam o nível do rio como 11 metros, frente a uma cota de transbordamento de 9,50 metros. Com dois abrigos municipais, a prefeitura atende 253 pessoas na Escola Dr. Djalma da Cunha Batista e na Escola Cívico-Militar Plácido de Castro, além de mais de 2 mil pessoas desalojadas, as quais encontraram acolhimento em casas de parentes e amigos.

Ao enfrentar a atual cheia, a Prefeitura de Tarauacá, com o apoio do Estado, atende 253 pessoas na Escola Dr. Djalma da Cunha Batista e na Escola Cívico-Militar Plácido de Castro. Foto: Josciney Bastos/Secom

Em caso de emergência, ligue no número 193 para solicitar atendimento em decorrência das chuvas, onde será atendido por um efetivo empenhado para atender às famílias em vulnerabilidade.

Por Agência acre

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