Ex-senador Telmário Mota é preso no interior de Goiás suspeito de mandar assassinar mãe da própria filha

Antônia Araújo de Souza foi assassinada em 29 de setembro com um tiro na cabeça quando saía de casa em Boa Vista (RR).

Telmário Mota foi senador pelo estado de Roraima entre 2015 e 2023 - Pedro França/Agência Senado.

O ex-senador Telmário Mota, suspeito de mandar matar a mãe de sua filha, foi preso pela Polícia Militar de Goiás na madrugada desta segunda-feira (30) na cidade de Nerópolis, a 36 km de Goiânia.

Conforme a investigação, Mota deu a ordem para o assassinato da ex-companheira após uma reunião em sua fazenda, a Caçada Real. A moto utilizada pelos executores foi a chave para que a polícia desvendasse o crime. Ela teria sido preparada por uma ex-assessora do político.

Antônia Araújo de Souza, de 52 anos, foi assassinada em 29 de setembro com um tiro na cabeça quando saía de casa em Boa Vista (RR). O ex-senador também é acusado de estupro por uma das filhas, e Antônia era uma das principais testemunhas sobre as investigações de abuso.

“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele, eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele. Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse a filha de Telmário Mota, de 17 anos, ao G1, na época. Segundo a Polícia Civil, Antônia foi morta três dias antes de uma audiência sobre o caso.

Sobre a prisão do ex-senador, a Polícia Civil ainda não divulgou mais detalhes da operação.

Sobre Telmário

Ex-filiado ao Solidariedade e cabo eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Roraima, Mota tinha no deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, um aliado no governo federal para lutar pelos interesses do agronegócio no norte do país.

Alexandre Saraiva, delegado da Polícia Federal e ex-superintendente do órgão na região amazônica, foi o autor de uma notícia-crime contra o ex-senador, por tentar prejudicar a ação policial contra madeireiros. Salles também é citado no documento.

Segundo Saraiva, Mota articulou reuniões com madeireiros da região, representantes do governo estadual, do Ministério da Justiça e do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de frustrar a operação da Polícia Federal.


Em 2020, Mota apresentou um Projeto de Lei que previa em seu texto a retirada das armas de fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), agentes que constantemente se embrenham em matas para enfrentar a violência do agronegócio.

Brasil de Fato
Rio de Janeiro (RJ)

Postar um comentário

ATENÇÃO: Não aceitamos comentários anônimos

Postagem Anterior Próxima Postagem