"Recentemente, mais de uma dezena de manchetes de jornais noticiaram um naufrágio de uma balsa no alto, Rio Tarauacá com afundamento de máquinas da Prefeitura do Jordão e possível derramamento de óleo e desastre ambiental.
A enxurrada de notícias sobre o assunto, motivou o MP abrir um procedimento de investigação para apurar o caso. O ministério público de Tarauacá, sempre atuante, cumprirá sua função na averiguação das denúncias.
Pelo fato de ter recebido várias mensagens de jornalistas de vários veículos de comunicação pedindo informações, procurei conversar com ribeirinhos, Presidentes de Associações a respeito do fato, mas ninguém confirmou nada concretamente.
Sobre o assunto, conversei com o Cacique da Terra indígena Praia do Carapaña, que fica abaixo do local do acidente. Bené me respondeu que ouviu uma conversa na Aldeia sobre o derramamento de óleo, mas eles não identificaram nenhuma anormalidade na água do Rio.
O que se sabe concretamente e que, duas balsas naufragaram e que as máquinas da Prefeitura até o presente momento estão de baixo d'água. O prefeito do Jordão, Naudo Ribeiro em entrevista ao jornal AC24horas confirmou o acidente, mas também não mencionou desastre ambiental.
Acredito que a maior preocupação das autoridades públicas hoje com relação aos ribeirinhos e comunidades indígenas do Rio Tarauacá, deve ser com relação a ausência de políticas públicas que não existem. Esse é o maior desastre do momento. Me parece que temos situações sociais e ambientais que precisam ser tratadas com mais atenção e urgência no Jordão e em Tarauacá.
Os naufrágios de embarcações porque aqui, como disse o prefeito do Jordão, não são acontecimentos incomuns. Jordão é sem dúvidas, o município do Estado do Acre com mais dificuldades de acesso. Cada ano que passa, nossos rios ficam mais rasos e difícil de navegar. Levar máquinas e cargas pesadas para o Jordão é uma verdadeira aventura de grande risco.
Na nossa região, fora uma BR precária que corta os principais municípios, temos que fazer transportes enfrentando a lama ou a correnteza dos rios que não são mais como antigamente. O Rio dos navios e das grandes embarcações. Lembro que quando era gerente da Seaprof em TARAUACÁ em 2012, destinei um contrato para fazer açudes para os ribeirinhos do Rio Muru. O dono da empresa vencedora não aceitou o risco. Para levar o projeto adiante tive que negociar com outra empresa. Fiz 49 açudes, mas aconteceu dois acidentes. Numa delas, o trator caiu dentro de um Remanso.
O Rio TARAUACÁ vive um processo de assoreamento acelerado. Diariamente, carradas de lixo são despejados no seu leito, inclusive nos portos da cidade, insuflando sua rebeldia. Como dizia o pensador alemão: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem". Precisamos olhar do dia a dia dos nossos rios e sentir os dilemas do nosso povo e assim, assumir compromissos com a geração presente e futura".
Escrito por Chagas Batista