O naufrágio de uma balsa que fazia o percurso entre as cidades de Tarauacá e Jordão, no último dia 21 de abril, foi mais uma demonstração da enorme dificuldade que o município enfrenta por conta do isolamento por terra. Jordão é um dos quatro municípios do Acre cujas sedes só podem ser acessadas por água ou pelo ar. Os outros são: Santa Rosa do Purus, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.
No acidente, duas máquinas do tipo “pá carregadeira”, destinadas ao município do Jordão pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), uma delas por meio de emenda do senador Sérgio Petecão (PSD), foram parar no fundo do Rio Tarauacá após a embarcação bater em um banco de areia nas imediações do seringal Mato Grosso, segundo informação do prefeito Naudo Ribeiro (PSD).
A Transportadora RI, contratada por R$ 40 mil para fazer o transporte do equipamento, pertence ao empresário Raimundinho Damasceno. A reportagem entrou em contato com ele nesta segunda-feira, 1º, para obter mais informações sobre as circunstâncias do naufrágio, mas a resposta foi de que não poderia atender no momento e não mais retornou até o fechamento desta publicação.
De acordo com o prefeito, as máquinas permanecem no local do naufrágio. Segundo ele, uma boa notícia é que elas permanecem em cima da embarcação, o que leva a crer que os danos possam ser menores. Ribeiro também informou que a empresa contratada para o transporte se responsabilizou pela retirada das máquinas do local, mas não disse se há um prazo determinado para que isso aconteça.
Drama do isolamento
O prefeito Naudo Ribeiro afirmou que Jordão é o município de pior logística do Acre por conta da dificuldade para o transporte de insumos pelo rio. Ele relatou que acidentes do tipo não são incomuns na rota entre as duas cidades, inclusive com o registro de mortes, e que essa realidade é causadora de muitas dificuldades para a vida dos habitantes da região, assim como para o desenvolvimento do município.
“Por conta dessa situação, Jordão enfrenta grandes dificuldades para fazer investimentos de infraestrutura. Os serviços de abertura e pavimentação de ruas são exemplo disso, as condições estão muito ruins, nós temos lançado várias licitações e muitas resultam desertas, pois as empresas não querem vir para cá por conta dessa dificuldade para transportar insumos para a cidade. Outro problema é a escassez de muitos produtos alimentícios”, disse.
Ainda segundo Naudo Ribeiro, no período do verão o rio permite a navegação apenas de barcos com capacidade de cerca de uma tonelada. Normalmente, o tempo de viagem entre Tarauacá e Jordão por água varia entre 15 e 18 dias, mas ainda segundo o prefeito, algumas embarcações chegam a passar 22 dias no trajeto. Ele afirma que apesar de ser uma realidade distante, o acesso por terra ao município é um sonho da população.
Por AC24Horas
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