Na última semana, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Assistência Social, dos Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres (SEASDHM), esteve presente nos municípios de Feijó e Tarauacá, realizando reuniões com lideranças e mulheres indígenas, com o objetivo de consultar os povos indígenas sobre futuras ações e projetos idealizados pelo Estado.
As primeiras reuniões foram realizadas com os povos Kaxinawá (Huni Kuin) e Shanenawa de Feijó, onde foi realizada uma escuta qualificada das reivindicações. Um dos principais temas abordados foi o fortalecimento da cadeia produtiva do artesanato, como forma de auxiliar economicamente os povos indígenas.
Ação reforça a importância de conhecer de perto cada povo indígena e entender suas particularidades e reivindicações. Foto: cedida
Essa fortificação é mais do que necessária, pois, durante o período pandêmico de covid-19, muitas famílias sofreram grandes perdas de renda e tiveram suas rotinas afetadas. O fluxo de idas à cidade ainda está restrito e o etnoturismo continua suspenso, ocasionando uma carência de boa parte da renda desses grupos.
A técnica de referência para assuntos indígenas da SEASDHM, Andreia Guedes, durante o seu trabalho em campo, pôde perceber as potencialidades de produção dos povos indígenas visitados. Ela conta que os Shanenawas e os Kaxinawás buscam expressar suas culturas com desenhos feitos em artesanatos produzidos com miçangas.
Já os Ashaninkas tem sua cadeia produtiva do artesanato voltada para a tecelagem dos algodões produzidos nas aldeias e a confecção de vestidos, denominados por eles de “kusma”. Os Madijás, também conhecidos como Kulinas, se voltam para a escultura de peças em troncos de árvores.
Encontros foram articulados, do mesmo modo, no município de Tarauacá, com representantes dos povos Yawanawás e Kaxinawás da região, onde reivindicações de apoio para suas atividades artesanais também foram discutidas, na busca de potencializar a confecção de biojoias, feitas com sementes, bambus e outros produtos que são encontrados no território.
Edna Yawanawá, professora indígena do município, julga como significativo o trabalho executado pelo Estado: “Essa é a primeira vez que somos consultados sobre a necessidade exclusiva de cada povo. Não podemos permanecer à margem da sociedade e esse encontro foi um passo em direção à mudança”.
Governo tem se mobilizado para assistir os indígenas após o período pandêmico, quando muitos projetos foram paralisados. Foto: cedida
Durante a ação realizada em Tarauacá foram repassadas 108 cestas básicas à Secretaria de Promoção Social do município, destinadas para famílias indígenas. Doações fazem parte do plano de contingência, que prevê atendimento aos povos indígenas vulneráveis em face da pandemia.
Atuação da SEASDHM cumpre a Convenção Nº 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um tratado internacional vigente desde 1989, que estipula e defende os direitos dos povos indígenas e tribais nos estados em que vivem e as responsabilidades dos governos de protegê-los, buscando superar práticas discriminatórias que afetam os povos indígenas e assegurando que participem na tomada de decisões que impactam suas vidas.
Da Agência/Acre