Em maio deste ano, amigos e familiares fizeram a proposta e agora a lei que dá o nome ao centro foi sancionada pelo governador Gladson Cameli.
Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco
Giovanni Accioly morreu aos 32 anos — Foto: Arquivo pessoal
O governador do Acre, Gladson Cameli, sancionou a lei que dá o nome do músico Giovanni Accioly a um centro cultural na cidade de Tarauacá, onde o cantor nasceu. O pedido para que o nome fosse dado ao centro foi feito em maio desta ano, mas a lei decretando a homenagem só foi sancionada na sexta-feira (22) no Diário Oficial pelo número 3.793.
A Fundação de Comunicação e Cultura Giovanni Accioly (Fuga) desenvolve atividades culturais no município. Objetivo é manter vivo o legado musical do cantor, que morreu após um acidente de carro, no final do ano passado.
O pai do cantor, Raimundo Accioly, disse que a família está orgulhosa pela homenagem.
“O galpão de cultura de Tarauacá levar o nome dele, pra mim, é motivo de muito orgulho, porque o galpão foi idealizado por mim, por ele, porque me ajudou com tudo, corremos atrás do projeto, a deputada Perpétua colocou a emenda e o governo construiu. Participamos da inauguração, Giovanni chegou a tocar lá e a vida dele foi dentro do galpão, fazendo o que mais gostava, que era a música, então ele tocou em festivais lá, fez shows e viveu um bom período dedicado a isso”, disse.
O pai lembrou que no dia 4 de novembro completa um ano da morte do cantor. “Esse galpão foi uma luta nossa e desenvolvemos projetos culturais importantíssimos, atendendo mais de 1,5 mil pessoas, principalmente jovens de segmentos culturais de diversas áreas e da música. Nossa família está muito orgulhosa e é um momento de celebrar”, destaca.
O ato de criação ocorreu na Câmara de Vereadores de Tarauacá, no interior do Acre, em maio, quando ele completaria 33 anos. Durante a celebração, foi aprovado o estatuto, criado o conselho e escolheram a diretoria, que elegeu como presidente a irmã do músico, Janaina Accioly.
Carismático e apaixonado por música, o cantor e radialista teve morte cerebral confirmada no dia 4 de novembro do ano passado. Ele teve traumatismo craniano e estava em estado grave no Pronto Socorro de Rio Branco depois de bater o carro que dirigia contra uma carreta estacionada em frente ao antigo hospital da cidade de Tarauacá, no dia 1º de novembro.
O objetivo da fundação é promover formação cultural para crianças e adolescentes de famílias carentes por meio de oficinas de violão, dança, incluindo outros segmentos culturais, mas com foco na música.
Raimundo Accioly durante ato de criação da fundação que homenageia filho morto em acidente — Foto: Carlos Lima/Arquivo pessoal
Além disso, vai auxiliar os artistas locais com espaço para apresentações, com financiamento de projetos na área e formar um espaço de comunicação para que eles possam fazer a divulgação dos trabalhos realizados por artistas locais.
'Ato importante'
Accioly, pai do músico, disse, ainda em maio, que a partir da criação da estrutura legal, eles vão buscar os meios e local onde a fundação deve funcionar. Neste primeiro momento, ele afirma que ainda não é possível ter uma dimensão de quantas pessoas devem ser alcançadas e ainda aguarda os andamentos legais para poder anunciar uma data de início das atividades.
"Tivemos esse passo importante, com a presença dos familiares e agora vamos enviar a documentação para o cartório e esperamos dar uma queda nessa questão da pandemia para a gente poder fazer um lançamento público com shows e participação de autoridades. Já recebemos uma doação de 10 violões para a gente fundar a primeira sala de música. E, agora, vamos em busca de apoio, para iniciar os trabalhos", contou.
A ideia, segundo Accioly, é ocupar a mente das crianças nos seus contraturnos da escola e promover cidadania, através da formação cultural, através da arte. Foi assim que a família resolveu eternizar a memória e legado do cantor.
"Eu já trabalhava nessa área da cultura aqui de certa forma voluntariamente, ajudava os músicos daqui, fazia festivais junto com ele. A gente criou aqui o espaço de formação cultural para crianças, e agora nós podemos fazer isso através de uma instituição", acrescenta.
Boas ações
As boas ações com a morte dele começaram a ser feitas quando a família decidiu doar os órgãos dele. Foram doados os dois rins, o fígado e as duas córneas do cantor para pacientes do Acre, Brasília e Goiânia. Agora, os bons atos devem ser expandidos.
"Após a morte do Giovanni, nossa primeira atitude foi mesmo aquele sofrimento, aquela dor terrível e decidimos pela doação dos órgãos dele e, em seguida, já começamos a pensar em como eternizar a memória dele, a arte que produzia. Ele foi criado nesse meio da música, rádio e se tornou um grande instrumentista, músico, compositor, produtor além de tocar vários instrumentos, ele além disso tudo era um sujeito formidável", complementa.
O anúncio da criação da fundação surgiu pouco depois da morte do cantor, quando a família anunciou a criação do projeto que começaria a ser desenvolvido na prática em 2021.
Velório e enterro de Giovanni Accioly foram marcados por apresentações musicais em Tarauacá — Foto: Arquivo pessoal
Comoção
A morte de Giovanni Accioly causou uma grande comoção no estado, na época. Nas redes sociais, muitos amigos lamentaram a partida precoce.
O governo do estado lançou uma nota de pesar. "Natural de Tarauacá, Giovanni era um jovem e profissional extremamente querido e respeitado por todos, sendo um cidadão honrado por seus familiares e amigos da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) aonde trabalhava com grande dedicação e zelo na Rádio Aldeia FM de Rio Branco. Por isso, é digno de nossas sinceras homenagens."
Os servidores do Hospital Dr. Sansão Gomes também lançaram nota lamentando a morte. "Aos familiares e amigos, nesse momento de dor, externamos nossos sinceros votos de paz e solidariedade, e rogamos a Deus as suas bênçãos e conforto a todos."
Logo após o acidente, uma verdadeira corrente de oração foi montada por amigos e parentes no momento em que ele foi colocado no avião para ser transferido para a capital acreana Rio Branco e seguiu durante os dias de internação.
O dia que o professor anunciou que a morte do filho tinha sido confirmada pela equipe médica coincidiu com a véspera de seu aniversário, no dia 5 de novembro. Ele disse que este ano não tinha como comemorar a data e que era um dia de despedidas.