Kupi Inubake, da etnia Kaxinawá, vive um drama familiar único para sua aldeia, mas recorrente nas áreas urbanas. Sua orientação sexual não foi aceita pelos familiares nem por suas lideranças, quando ainda era adolescente. Após sofrer ameaças de morte na Aldeia Nova Extrema, se viu na obrigação de sair da floresta no ano de 2014 e se refugiar na região central do município de Jordão, no interior do Acre.
Agora, aos 19 anos, mora na cidade se Tarauacá e tenta se colocar no ramo da influência digital. Em entrevista ao ac24horas, disse que desde que saiu da aldeia, sua vida não tem sido fácil. Kupi vive de favor na casa de conhecidos e ainda não conseguiu um trabalho fixo. “Na aldeia ainda tem muito preconceito. Eles não sabiam que eu era homossexual, mas em toda aldeia tem. E lá começaram a ficar com raiva de mim e da minha família”, conta.
Kupi não pensava em sair de perto da família, mas teve de fazer após sofrer ameaças de morte. “Sai de lá porque eu não queria que alguém se machucasse. O Cacique, pajé, as nossas lideranças todas começaram a ficar com raiva de mim e tentaram me matar. Tentaram matar minha mãe, mas eu não queria isso [morte] só por causa de um homossexual indígena”, lamenta.
Foi estão que decidiu partir para a zona urbana depois de ser expulso do lugar em que nasceu. “Passei muitas dificuldades e agora estou vivendo jogado, morando na casa dos outros, sem pai nem mãe. Não consegui nenhum emprego e tenho muita vontade conseguir trabalhar”.
Apesar de estar com foco no conteúdo de seu perfil no Instagram, que conta com quase 8 mil seguidores, diz ainda sofrer muito pela distância dos parentes. “Morar na casa dos outros sem a família é muito triste. Eu vivia feliz com a minha família e tudo isso foi destruído”.
Hoje Kupi já é chamada para fazer alguns trabalhos e parcerias com divulgação de empresas em Tarauacá. “Mas daqui para frente quero arrumar um trabalho para conseguir ter uma casa. Estou batalhando para chegar lá”, afirma.
Depois de ser expulsa da aldeia e usar as ferramentas da redes sociais para conversar e dançar, Kupi tem recebido apoio de outros indígenas de etnias e aldeias distintas. “Tem muitos que entram em contato comigo me dizendo que também são [homossexuais] e que gostam de mim, diferente dos que me expulsaram. Eles me dão apoio”. Por fim, o indígena pede que as etnias e demais parentes abandonem o preconceito. “Se me aceitaram do jeito que eu sou, eu volto para minha cidade”.
(AC24HORAS)