A indústria da música apresentava algumas tendências nos últimos anos que se aceleraram muito com a pandemia. O fim do ciclo do CD como mídia física para ouvir música é um deles.
O CD já vinha com queda vertiginosa de vendas, tornando-se produto de compra de aficionados, colecionadores e aqueles que ainda preferem manusear o disco compacto a laser – mais ou menos o que ocorre com o seu antecessor, o disco de vinil.
Há uma questão muito séria no Brasil que empurra ainda mais o CD para longe da prateleira, além da queda brutal do interesse em adquirir um: a logística de distribuição no país, cara e precária.
Os acessos às plataformas de streaming de música, por outro lado, cresceram vertiginosamente nesse ano. As assinaturas avançaram e já há farto material fonográfico nesse ambiente digital.
Ressalta-se, porém, que há algum tempo intérpretes e compositores, aqui e lá fora, pedem transparência dos serviços de transmissão de áudio pela web, para pagamento adequado de execução das músicas. E reclamam ainda da baixíssima remuneração do serviço.
As gravadoras, pelo seu lado, vêm se adaptando ao meio digital, incorporando os serviços de streaming ao seu poderoso esquema de marketing. Mas o interesse delas com relação aos artistas tem recaído muito no seu potencial de atração de público pela internet, principalmente nas redes sociais.
O artista independente ganha mais do que perde com a internet com custo menor de se autoproduzir. O problema tem sido disputar espaço na tradicional rede social em meio a tanta gente querendo visibilidade.
O caminho tem sido conhecer melhor seu público e trabalhar com ele, numa comunicação direta, algo que não acontece com os grandes artistas devido ao alto volume de seguidores ou mesmo por não conseguirem cativá-los a todo tempo como eles gostariam.
Ressalta-se que a venda de CD, mesmo diminuindo, segue viva para o segmento independente como bastião de divulgação e receita, mas não deve perdurar por muito tempo.
O cancelamento de shows por conta da pandemia, a principal fonte de renda da indústria, no entanto, é ainda muito preocupante. As lives, embora dando sinais de esgotamento pelo excesso delas, vieram para ficar e devem sofrer aprimoramentos ao longo do tempo, mas não se sabe ao certo como torná-las viáveis economicamente.
A opção é aplicar a cobrança de ingressos de apresentações especiais na web. O espectador como um avatar e a possibilidade de interagir com o artista é um dos atrativos.
O fato é que toda a cadeia da música ainda trabalha para saber como fazer a internet um ambiente mais rentável. Por certo não será igual aos padrões do ambiente físico. Nem de perto.
Ao invés de ficar pensando em fórmulas mirabolantes para chamar à atenção na internet, muitos músicos torcem mesmo é pela volta, o mais rápido possível, do insubstituível show presencial no seu antigo formato, para retornarem à vida normal.
Carta Capital