Da Agência/Acre - Educadores tomaram posse em duas etapas, nesta sexta-feira, 2, com um grupo de manhã e outro de tarde, seguindo os protocolos da pandemia
Ex-operadora de call center, Iara Domingues da Costa, de 31 anos, acordou cedo nesta sexta-feira, 2, caprichou na maquiagem, colocou o macacão elegante e foi tomar posse no cargo de professora de Ciências na rede pública de ensino estadual. Para ela, o termo de posse no concurso público é a concretização de um esforço de dois meses de estudos, acredite, sempre no horário das 19h à zero hora, quando encontrou tempo na exaustiva carga de trabalho para estudar dentro da própria empresa privada.
Iara é um dos 341 novos professores contratados pelo Governo do Estado do Acre para atuar na rede da Secretaria de Estado de Educação, Esportes e Cultura (SEE). Um compromisso da administração do governador Gladson Cameli assumido ainda no seu primeiro ano de gestão, no dia 22 de julho de 2019, quando o certame foi homologado.
Dos mais de 340 professores, ao menos 223 estarão lotados nas escolas, tanto da zona urbana quanto da rural de Rio Branco, enquanto outros 50 atuarão em Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do estado, a 640 quilômetros da capital acreana.
A solenidade desta sexta-feira, que seguiu os protocolos de segurança em tempo de pandemia do novo coronavírus, foi no auditório da SEE, com distanciamento entre poltronas e ofertas de álcool em gel. Além do secretário de Educação, Mauro Sérgio Cruz, estiveram presentes a secretária-adjunta de Planejamento, Claire Cameli, e a diretora de Ensino da SEE, Denise dos Santos. Em seu discurso de boas-vindas o secretário de Educação destacou os esforços do governo do Estado, que mesmo em tempo de crise pela qual passam todos os estados do país, o Acre caminha na mão contrária a este cenário de dificuldade, ao chamar os mais de 340 educadores para o trabalho.
“Em um ano de desemprego em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Rio Grande do Sul, Bahia e tantos outros, que demitiram [servidores] efetivos, o Acre dá mostras para o Brasil que, mesmo em crise, a Educação é uma prioridade para este governo”, ressaltou Sérgio Cruz.
“Sabe aquela sensação de missão cumprida? Pois é assim que eu me sinto neste momento. O esforço de passar madrugadas e madrugadas estudando foi respaldado pelo governo. E estou muito agradecida por isso”, comemora a nova professora que abre esta reportagem. Iara já havia assumido uma sala de aula antes, por dois anos seguidos em contrato provisório. “Mas nada se compara com a sensação de que agora é definitivo”, completa ela.
A SEE vinha sendo prejudicada drasticamente pela rotatividade de educadores, comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem, já que esse trabalho com os estudantes não avançava, justamente porque não havia uma continuidade no programa pedagógico, com a constante troca ou falta de professores nas suas escolas.
A secretária-adjunta de Planejamento Claire Cameli, fez questão de elogiar a equipe técnica e o secretário Mauro Sérgio Cruz, e o secretário de Planejamento, Ricardo Brandão, por compartilharem com o governador Gladson Cameli a compreensão da importância de se investir na Educação, com a contratação de novos professores.
“A todos vocês, os nossos parabéns e o desejo de que possam cumprir com êxito as suas vocações, permitindo às nossas crianças a oportunidade do estudo, tão essencial para uma sociedade mais justa e desenvolvida”, pontuou Claire Cameli.
A posse dos novos professores se deu da seguinte forma: pela manhã, assinaram o termo os profissionais de Artes Cênicas, Visuais e Lúdicas, além de História, Geografia, Educação Física, Química e Filosofia. Pela parte da tarde, foi a vez dos educadores das áreas de Língua Portuguesa, Inglesa e Espanhol.
Novos profissionais são jovens e entusiasmados
No salão que antecede a entrada no auditório da SEE, era frenético o vaivém dos novos professores, para registrar da melhor forma, em selfies efusivas com a família e amigos, o momento tão especial do novo emprego.
Uma característica interessante é que a maioria dos profissionais deste certame é de jovens entre 19 e 35 anos dispostos a fazerem a diferença no ensino público. Esse é, por exemplo, o pensamento de Mainã Karem de Lima Silva, de 21 anos, licenciada em Educação Física.
Acompanhada da mãe, a professora aposentada de Língua Portuguesa Maria Aparecida de Lima Silva, de 53 anos, Mainã diz que chegou a trabalhar numa academia de ginástica, mas imaginava algo, que lhe pudesse “dar a chance de uma carreira educacional”.
Passou em 5º lugar para a zona rural de Rio Branco. “E agora, sei que estou no caminho que eu queria estar. E minha mãe foi a grande incentivadora disso tudo”, diz ela, de sorriso largo no rosto, ao lado da genitora.
Anderson Pereira Evangelista, 25 anos, formou-se, também em Educação Física, em 2018. E embora tenha pouco tempo de graduação, já faz mestrado na Universidade Federal do Acre, na área da Escola de Tempo Integral.
“Estou fazendo na área da relação dessas escolas com a iniciativa privada. E aqui, na rede pública, quero contribuir muito para um ensino que possa levar os nossos estudantes a querer cada vez mais aprender”, afirma o jovem professor, entusiasmado com a novidade.