Carne é a mais nova vilã no bolso dos acreanos

Depois do arroz, agora é a carne que começa a pesar no bolso e sumir do cardápio – e dos pratos – dos acreanos. Os frigoríficos estão novamente pressionando para o aumento do preço da carne em todo o Estado, com a justificativa da falta de gado para abate na região. Em Tarauacá, tradicionalmente o município que puxa os reajustes, pelo monopólio de fornecimento de um só frigorífico, o reajuste já vale para hoje. O Frigo Rios, única empresa a abastecer a região, passa a entregar a carcaça ao preço R$ 15,20 o quilo. Em Rio Branco o quilo ficará entre R$ 15 e R$ 40 nos próximos dias. Já em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o quilo ficará em torno de R$ 15,50.

Para o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos e Matadouros do Estado do Acre, o grande problema no Estado tem sido a falta do animal para abate. “Está difícil demais de comprar o gado. Não tem gado para comprar e quando você paga um lote de boi ou de vaca, o produtor quer mais caro. Quando o frigorífico paga mais caro, ele tem que repassar para quem ele vende a carne”, explica o representante do Sindicarnes, Nenê Junqueira.

O sindicato destaca que esse aumento no preço da carne é uma realidade no Brasil todo. “Não é só no Acre. No Brasil, quem dita o preço da carne é o Estado de São Paulo e quando o boi sobe o preço lá, nos outros estados sobe também”.

De acordo com Junqueira, a grande dificuldade encontrada atualmente no Acre é de fato a falta de gado para comprar. “Ainda mais no interior, onde a dificuldade está muito grande. Mesmo assim, na capital está mais caro”, garante.

Como este reajuste deve chegar ainda esta semana aos frigoríficos de Rio Branco. Para equilibrar o orçamento, resta pesquisar ou substituir ingredientes na hora de ir ao açougue. “O consumidor tem comprado mais frango, moela, coxa, que são mais baratos”, disse um açougueiro que está há 15 anos no mercado.

Enquanto isso, Estados vizinhos estão inaugurando modernos frigoríficos em regiões próximas ao Acre, carreando para lá gado em condições de abate, para exportação ou para o mercado nacional, provocando a falta e o acréscimo de custo do produto no Estado.


Exportações para a China

O presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez, disse que esse aumento no preço do boi gordo não acontece só no estado do Acre. “Essa situação é nacional. O que está havendo é uma escassez de boi, devido a muitos abates de vacas anos atrás, que, consequentemente, nasceram menos bezerros. Está havendo falta de boi no Brasil todo”.

Vale ainda ressaltar que esse aumento expressivo no valor final da carne ao consumidor é devido ao aumento do consumo, especialmente da exportação. “O consumo brasileiro não caiu durante a pandemia do coronavírus, pelo contrário, passaram a consumir mais. O que aumentou efetivamente foi a exportação”, afirma.

A China é o fator preponderante nessa situação, responsável pelo aumento exorbitante na exportação de carne brasileira e outros produtos. “A China teve problema de peste suína no rebanho de porcos, e essa é a carne mais consumida na China, que teve de abater quase a metade do seu rebanho. Então teve que importar carne, suína e bovina. O maior importador de carne brasileira hoje é a China”, explica o pecuarista.

“O aumento aqui é proporcional ao aumento nacional. Não é a saída de bezerro. Essa história pode vir a refletir no futuro, mas essa não é a causa de aumento de carne”, conclui Assuero.

JORNAL A TRIBUNA

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