No Acre, procedimento custa em média R$ 1,2 mil |
Em busca de preços mais acessíveis, mulheres do Acre vão em grupos até a Bolívia, na fronteira com o estado, em busca do implante anticoncepcional. No Acre, o procedimento custa até R$ 1,5 mil, enquanto na Bolívia o mesmo procedimento sai a R$ 100.
A analista de planejamento Dayana Barros, de 34 anos, é mãe de uma menina de 10 anos, e optou pelo método, tanto pelos benefícios pré-menstruais, como também o financeiro.
“A minha primeira prioridade era o preço, que lá é bem acessível em relação ao que cobram aqui, e a segunda era a facilidade e os benefícios que o implante está me dando”, diz.
Dayana Barros, 34 anos, é mãe de uma menina de 10 anos, e optou por fazer implante — Foto: Arquivo pessoal |
Quando usava pílulas, Dayana diz que sentia cólicas e dor de cabeça e, com o implante, as dores não existem mais. “A qualidade de vida melhorou. Só tive benefícios,” garante.
Para tomar a decisão, ela diz que fez pesquisas, buscou recomendações e a médica que atendeu ela e o grupo de amigas no país vizinho também tinha boas referências de outras pessoas que fizeram o procedimento.
“Foi um dos motivos que me fizeram ir. Procurei ver o local e a médica que é bem conceituada e lá na Bolívia existem campanhas. Pra eles de lá é gratuito e aproveitamos a ida da médica no posto de atendimento, que tem todo aparato, uma sala cirúrgica”, conta.
Procedimento
O procedimento é feito com um pequeno corte no braço, e depois de uma anestesia local é inserido embaixo da pele uma cápsula que libera hormônio, medindo 4 centímetros de comprimento. O prazo de validade é de 3 e 5 anos.
O G1 conversou com a médica que faz os procedimentos e atende as mulheres brasileiras na Bolívia. Ela disse que neste ano já atendeu pelo menos 40 mulheres do Acre e que são feitos mutirões de atendimento para fazer o implante.
“A cada paciente se explica o efeito e as reações que pode produzir. É cobrado R$ 100 e elas me avisam [quando têm um grupo para ir] e fico esperando para atender”, disse Aurora Huanca.
Para receber essas mulheres do Acre, ela entra em contato com clientes que já foram atendidas e mobilizam amigas e fazem novos grupos para irem até o consultório no outro lado da fronteira.
Mudança de método
A biomédica Vanessa Castro, de 29 anos, é mãe de duas meninas, de 2 e 4 anos, e das duas filhas ela conta que engravidou tomando anticoncepcional tradicional. Da mais velha, usava pílula e da caçula tomava injeção trimestral.
Vanessa Castro é mãe de duas meninas e conta que engravidou tomando anticoncepcional tradicional — Foto: Arquivo pessoal |
“Conheci o método através de pesquisas. Na verdade, quando voltei do meu pós-parto, o meu obstetra me apresentou o implante e me falou dos benefícios. Disse que era um método mais seguro, às vezes, até mais que o DIU, porque o DIU pode ter o problema de deslocamento de lugar. Fiquei muito interessada, porém, aqui o valor é bem salgado, em torno de R$ 1,2 mil à vista”, disse.
Vanessa conta que o método regulou a menstruação, não sente cólicas, nem os efeitos da Tensão Pré- Menstrual (TPM).
“São muitos benefícios. Além da contracepção, comecei a pesquisar na internet e ele é um método que não tem falhas até então”, revela.
A biomédica soube que na Bolívia, a médica boliviana fazia o procedimento ao custo de R$ 100. Ela não pensou duas vezes e, junto com um grupo de amigas, foi até lá e fez o implante.
“Era um valor bem acessível. Ele dura cinco anos, é o Jasmine, um dos melhores do mercado. Não tive nenhuma reação. Estou satisfeitíssima. Não tenho nenhum sintoma pré-menstrual e não menstruo e estou protegida. Quando terminar a validade do meu, já vou colocar de novo, provavelmente lá também”, disse.
Para a jornalista Nara Souza, de 34 anos, não foi diferente. Os benefícios financeiros também contaram muito na hora da escolha. Quando ouviu falar do método, correu para fazer pesquisas, e não deu outra, foi junto com as amigas para fazer o procedimento.
São oito meses com o anticoncepcional e ela conta que não menstrua. A única coisa que sente ainda são os efeitos da TPM.
“Como não tenho mais a intenção de ter filhos e no momento não poderia fazer a cirurgia [laqueadura] resolvi tentar”, conta.
Mãe de duas meninas, ela diz que decidiu fazer o procedimento tanto pelos benefícios que conheceu, como pelo custo baixo. “Estou muito satisfeita. Para mim, tem sido muito tranquilo”, conclui.
Médico fala sobre vantagens e faz alerta
O médico ginecologista Antônio Carlos Barroso, que faz o procedimento em Rio Branco, falou sobre as vantagens do método e esclareceu que apenas médicos podem fazer a compra do anticoncepcional.
“Primeiro é a comodidade e não tem risco de esquecer, é um método mais eficaz que a laqueadura que tem 1% de chance de falha, ele é de 0,1%. É o método da mulher moderna. Ele dá uma segurada na menstruação e também pode ser usado no tratamento da endometriose”, informa.
Outras vantagens que Barroso destaca são alívio nos sintomas da TPM, liberação de baixa dose de hormônio e diminuição do risco de trombose. Também pode ser utilizado no pós-parto [pelo menos 40 dias depois] e não interfere na amamentação.
Sobre a busca pelo procedimento em outro país, o médico alerta que é importante o acompanhamento de um profissional em caso de algum efeito colateral que pode ocorrer no período de adaptação, após o implante.
“O problema é não ter o acompanhamento, às vezes, ocorre de ter algum efeito colateral, algumas já me procuraram para tirar, ou até por ficar mal colocado, porque você só vai lá”, conclui.
POR ALCINETE GADELHA
G1 ACRE
Bom dia!
ResponderExcluirVcs tem o contato dessa médica boliviana??obg