"A falta de oportunidade em Tarauacá para dá orgulho a minha família através de uma grande carreira foi o que impulsionou minha saída desta pequena cidade.
Foi então que no segundo semestre de 2014, iniciei o curso de direito no Centro Universitário do Norte, mais conhecido como Uninorte, com intuito conseguir realizar todos os meus objetivos.
Inicialmente, fixei residência na casa de uma tia materna, onde permaneci por cerca de 1 (um) ano e alguns meses, entretanto, como destino tem seus caminhos e nem sempre ficamos naquele que pensávamos ser o único, me mudei para um pequena kitinet ( palavra chique – em resumo é mais um quarto sem divisórias “rsrs”) com apenas uma mala grande, verde, com roupas e caixa de papelão á qual nesta apenas livros, nenhuma panela, nenhuma arroz, tampouco um fogão. Neste dia senti a liberdade, mas também a responsabilidade que apesar de toda dificuldade deveria cumprir minha meta, isto é, dar um imenso e inigualável orgulho a minha maravilhosa mãe, professora Fátima Alves – Atualmente lecionando na Escola Rilza Daniel, e minha amada avozinha, Zuleide.
No dia seguinte fui á loja Gazin, comprei uma cama e uma geladeira com parcelas a perder de vista – passei as próximas duas semanas comendo biscoito de maisena e suco – Pelo menos a água era gelada “rsrs”. Neste ínterim minha mãe me ligava – Oi, filha! Já almoçou hoje? – Claro, mãe! Comi frango frito, arroz e feijão. Se era verdade? Claro que não, só não queria dar mais preocupação do que ela já tinha. Eu trabalhava, o salário mínimo à época era cerca de setecentos, mas como pagava aluguel, transporte, ás vezes almoço e a parcela dos móveis, então não sobrava pra muita coisa, e é claro ela não sabia, mas mesmo assim ainda mandava dinheiro que usava para comer e guardava para emergências.
E o fogão, Cadê? Minha querida vó Zuleide estava a passeio na cidade de Rio Branco, e fui visitá-la, perguntou quais móveis e eletrodomésticos eu tinha em casa...assim ganhei um fogão de duas bocas e a botija minha mãe patrocinou. Foi aí que a vida começou a melhorar, fiz uma parceria com a minha vizinha, eu fazia a feira e ela cozinhava pois, eu não obtinha de tempo, já que, trabalhava o dia inteiro e estudava à noite, como ela também não possuía tantos recursos nós nos ajudávamos.
Com o tempo, paguei meus móveis, comprei outros... troquei de apartamento. Comecei a estudar para concursos e OAB – o bicho papão dos bacharelados em direito “rsrs”, e no 9º período fui aprovada com louvor no Exame da Ordem do Advogados do Brasil, graças a Deus e ajuda da minha família. Agora já formada, colação de grau realizada em 02 de agosto de 2019, eita! Passaram-se 5 anos, estou abrindo meu escritório de advocacia com sede em Rio Branco-Acre, e claro atendimentos agendados na minha amada cidade... e assim, a luta foi vencida. Com Altos e baixos é assim que a vida segue. Sem sangue não há vitória".
Por Fátima Madeiro

