Parece que a crise que afeta milhões de brasileiros e deixam 5,2 milhões passando fome no Brasil não afeta o Supremo Tribunal Federal (STF).
Na última sexta-feira (26/04), o STF divulgou informações sobre um pregão eletrônico para “serviços de fornecimento de refeições institucionais”, com gasto estimado de 1,134 milhão de reais. O serviço se refere à contratação de um fornecedor para as refeições servidas pela Corte, conforme suas necessidades.
Entre as necessidades do STF estão produtos para pratos como bobó de camarão, camarão à baiana e “medalhões de lagosta com molho de manteiga queimada”. Exige ainda que sejam colocados à mesa bacalhau à Gomes de Sá, frigideira de siri, moqueca (capixaba e baiana), arroz de pato. Tem ainda vitela assada; codornas assadas; carré de cordeiro, medalhões de filé e “tournedos de filé”, com molho de mostarda, pimenta, castanha de caju com gengibre.
Os vinhos têm atenção especial. Se for vinho tinto fino seco, tem de ser Tannat ou Assemblage, contendo esse tipo de uva, de safra igual ou posterior a 2010 e que “tenha ganhado pelo menos 4 (quatro) premiações internacionais”. “O vinho, em sua totalidade, deve ter sido envelhecido em barril de carvalho francês, americano ou ambos, de primeiro uso, por período mínimo de 12 (doze) meses.”
Se a uva for tipo Merlot, só serão aceitas as garrafas de safra igual ou posterior a 2011 e que tenham ganho pelo menos quatro premiações internacionais. Nesse caso, o vinho, “em sua totalidade, deve ter sido envelhecido em barril de carvalho, de primeiro uso, por período mínimo de 8 (oito) meses”.
A caipirinha deve ser feita com “cachaça de alta qualidade”, leia-se: “cachaças envelhecidas em barris de madeira nobre por 1 (um) ou 3 (três) anos.”
Um servidor público do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) entrou com uma ação popular na Justiça Federal do Distrito Federal, na última segunda-feira (29), contra o pregão eletrônico do STF. Ele acusa o edital de dispor sobre diversos itens licitados “cuja necessidade para o serviço público é duvidosa”, violando os princípios da moralidade e da eficiência.
O Brasil vive atualmente uma das suas maiores crises. Uma em cada 4 pessoas no Brasil vive com uma renda de até R$ 406 por mês. E 15 milhões de pessoas sobrevivem com até R$ 140 reais todos os meses.