“Estou com uma expectativa muito grande porque pretendo seguir carreira militar e acredito que já estou no caminho por ter conseguido a vaga na escola”, resumiu a estudante Adrielen Cordeiro, sobre seu sentimento de ser uma das pioneiras do Colégio Militar Dom Pedro II, comandado pelo Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC).
Aos 14 anos, Adrielen cursa o 9° ano do ensino fundamental e conta que ela mesma pediu aos pais que conseguissem matriculá-la. Seu primeiro contato com a realidade do mundo militar foi no ano passado, quando se formou no Projeto Bombeiro Mirim, do qual fala com orgulho:
Tive a honra de me tornar uma bombeira mirim e agora tenho a oportunidade de levar o que eu aprendi adiante
Adrielen Cordeiro
Estudante
Outra satisfeita com a experiência dos primeiros dias de aula no Dom Pedro II é Rhayssa Santos, do 8° ano. Mesmo com apenas 12 anos, sobra determinação no discurso e na conduta escolar da estudante.
Estou amando o colégio pela questão da disciplina e do estudo. Desde quando entrei aqui pela primeira vez eu pensei que iria me dar bem e melhorar ainda mais meu aprendizado
Rhayssa Santos
Estudante
Assim como para Adrielen e Rhayssa, o ano letivo está só começando para quase 300 alunos do colégio militar Dom Pedro II e um novo tempo deve marcar a história da educação pública no Acre daqui pra frente.
Currículo pedagógico igual, estratégias diferentes
O espelho reflete a imagem de vocês, mas vocês refletirão a imagem do Colégio Dom Pedro II
Enfatiza o tenente-coronel James Clei Silva, diretor do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros, aos alunos que vivenciaram as primeiras experiências na escola na última semana.
Junto com o Colégio Tiradentes, administrado pela Polícia Militar e que iniciou suas atividades no dia 5 de março, o Dom Pedro II faz parte desse avanço conquistado pelo Acre de inserir no estado o ensino militar.
Em síntese, do ponto de vista pedagógico e estrutural, os estabelecimentos escolares adotam os mesmos padrões das escolas públicas e, portanto, todo o trabalho nesse sentido é realizado em parceria entres as instituições militares e a Secretaria de Estado de Educação (SEE).
Já as rotinas disciplinares que envolvem procedimentos de convivência dentro do ambiente escolar, essas adotam peculiaridades similares ao que impõem as carreiras militares. Respeito, hierarquia e civismo são algumas delas.
De longe se percebe a diferença da intervenção militar no processo. A começar pela presença de um profissional da corporação sendo responsável por cada turma. Assim, o professor tem a única tarefa de ensinar. E o resultado? Muita disciplina por parte dos pequenos, que desde a entrada em sala de aula se apresentam com saudações de verdadeiros soldados aptos para a luta, aquela em busca do aprendizado, que nunca pode acabar.
Criança gosta de disciplina sim, basta ter quem lhe imponha isso com as estratégias e táticas certas. É isso que buscamos, mudanças de valores e posturas
Sujeira depois do lanche? Algazarras no intervalo? Uniforme desalinhado? Não se veem por lá, comenta o comandante do colégio.
Família, escola e corporação: unidos pela mesma missão
No momento, o Dom Pedro II dispõe de oito turmas com mais de 30 alunos em cada, contemplados por meio de sorteio aberto à comunidade de modo geral. As turmas vão do 6° ao 9° ano, sendo que o objetivo é ampliar as vagas para integrar o ensino médio até 2019.
Além do conteúdo adotado pela rede estadual, os alunos também terão aula no contraturno com disciplinas eletivas e instruções cívicas, éticas e militares.
Para o alcance das metas, há um longo caminho pela frente, no qual devem estar de mãos dadas a tríade que se beneficiará dos resultados: família, escola e instituição militar. “Viver em sociedade exige regras e vamos insistir nisso contando com o apoio da família, sabendo que essa é uma via de mão dupla”, acrescenta o tenente-coronel James Clei.
O colégio dispõe de regulamento tanto para o aluno quanto para o professor e adota a premissa de que alunos também são frutos dos mestres, isto é, se eles forem padrão, os alunos também serão. E por falar no que compete a cada um, já tem professor comemorando os resultados.
“Estou encantada com o que eu vi nesses primeiros dias, eu acredito que o futuro do Acre está mesmo aqui!”, frisou Dulce Ferreira, professora de história, integrante da rede pública de ensino desde 2006.
O Dom Pedro II também terá uma turma de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também professora da rede pública há 11 anos, Andreia dos Santos trabalha há dois anos com o público do ensino especial. Feliz com a experiência de intérprete nos primeiros dias, conta: “No fundo, sempre estamos mais acostumados a ter alunos dispersos em sala de aula, mas com a disciplina imposta pelo colégio, vimos que podemos exercer nosso papel de educadores, de fato. Fico muito feliz em poder vislumbrar um futuro diferente, porque vamos conseguir ter uma relação em que se respeita o aluno e na contrapartida temos o mesmo respeito de volta”.
Que a missão é grande todos sabem, mas o sentimento de com união todos os desafios se alcançam já garante a sensação de que o dever será cumprido e bem cumprido.
SECOM/ACRE
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