O Prof. Dr. Eduardo Carneiro, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFAC, lançará o seu quarto livro sobre História do Acre no dia 6 de maio (sexta), às 18h, no hall da Biblioteca Central da UFAC (Rio Branco).
O Discurso Fundador do Acre(ano): História & Linguística é um estudo da emergência do discurso que significou a região banhada pelos afluentes dos rios Purus e Juruá como Acre e que inventou os migrantes brasileiros dedicados à exploração da borracha como acrianos. O autor trata o discurso fundador como a paisagem enunciativa responsável pela imaginação apoteótica da origem do Acre(ano). Através desse conceito, “é possível observar como o poder simbólico da linguagem foi empregado para ‘embelezar’ os fatos históricos ligados à violência, à corrupção e ao culturicídio” afirma Carneiro.
O livro tem cento e quarenta páginas e está dividido em três capítulos: 1) Sobre o discurso fundador, em que o autor evidencia a fundamentação teórica adotada; 2) O discurso fundador do Acre, em que é mostrado como o território foi imaginado como Acre a partir da interdição de outros sentidos reivindicados pelos nativos, bolivianos, peruanos e amazonenses; 3) O discurso fundador do Acriano, em que estuda a emergência discursiva dos dois principais traços da identidade acriana: o heroísmo e o patriotismo. O texto contou com a revisão da Profa. Dra. Paula Tatiana do Centro de Educação, Letras e Artes da UFAC.
“Houve um tempo em que os signos Acre e acreano não existiam. Eles não figuravam como opção vocabular na comunicação linguageira. Como surgiram? Como ganharam forma gráfica e semântica a partir do “sem-sentido”, “jamais-dito” e do “nunca-pensado”? Somente a história iluminada pela linguística, ou vice e versa, poderia lançar alguma luz sobre tais questões. E foi exatamente isso que tentamos fazer, por isso o subtítulo do livro” explica o escritor.
Sobre a capa do livro o autor, que também foi o editor e design gráfico do livro, diz que
“a imagem do afresco A Criação de Adão (1508-10) de Michelangelo Buonarotti (1475-1564), utilizada na capa deste livro, representa o episódio da criação do primeiro homem pelo Deus judaico-cristão, descrito no livro de Gênesis, o primeiro da bíblia. Inserimos a bandeira do Acre entre o dedo de Deus e o dedo de Adão como forma de ironizar a história oficial, que supõe a formação do Acre(ano) como um resultado da ação de heróis”.
Encerra dizendo que: “a formação do Acre não foi uma dádiva dos deuses. Ele não surgiu das mãos do Criador, portanto, a sua origem não deve ser entendida como um espetáculo do Gênesis”.
Eduardo de Araújo Carneiro é acadêmico do curso de Francês (UFAC), é licenciado em História (UFAC) e bacharel em Economia (UFAC). Tem mestrado em Linguagem e Identidade (UFAC) e doutorado em História Social (USP). Atualmente é doutorando em Estudos Linguísticos (UNESP).
OBRAS DO AUTOR:
A Formação da Sociedade Econômica do Acre: “sangue” e “lodo” no surto da borracha (1876-1914).
Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história revisada da nacionalização do Acre.
A epopeia do Acre e a manipulação da história no Movimento Autonomista & no Governo da Frente Popular.