Com menos de 20 dias de existência, o governo provisório de Michel Temer (PMDB-SP) sofreu, nesta segunda-feira (30), a segunda baixa na equipe. O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, entregou sua carta de demissão, após vazar gravação em que ele critica a Operação Lava Jato.
A decisão do ministro foi tomada após a enorme repercussão negativa da divulgação do áudio de sua conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A conversa foi gravada por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e divulgada na noite de domingo pela TV
Globo. Na gravação, Silveira aparece orientando Machado e Calheiros em relação a como agir perante as investigações da Lava Jato.
De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência, Silveira ainda não se reuniu pessoalmente com Temer e seu substituto não foi divulgado até o momento. Na carta enviada ao presidente povisório, o ele afirma que optou pela demissão para que "nada atinja" a conduta dele.
Desde o início desta segunda-feira, servidores da antiga Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram protestos em Brasília, cobrando a saída do ministro. Eles impediram a entrada de Silveira no prédio em que funciona a pasta, realizaram a lavagem das escadarias do local, saíram em passeata e entregaram cargos de chefia.
O Globo chegou a produzir um editorial pedindo a cabeça do agora ex-ministro. E até a Transparência Internacional, organização não-governamental de combate à corrupção, divulgou nota pedindo a exoneração de Silveira.
"A situação em que me vi involuntariamente envolvido –pois nada sei da vida de Sérgio Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação– poderia trazer reflexos para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico", disse Silveira na carta de demissão.
"Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente", argumentou.
Trata-se da segunda mudança de ministro em 18 dias de gestão. Antes de Silveira, Romero Jucá, homem forte de Temer que ocupava o Planejamento e também apareceu em gravações de Machado, afastou-se do governo na semana passada. No áudio, Jucá deixava claro que a razão por trás do impeachment da presdeinta Dilma Rousseff era a tentativa de barrar a Lava Jato.
Apesar da repercussão da gravação envolvendo Silveira, o Planalto trabalhou durante todo o dia para manter o ministro no cargo. Temer havia avaliado inicialmente que o caso de Fabiano Silveira era “menos grave” que o de Jucá.
Do Portal Vermelho, com agências