O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e a Secretaria de Estado de Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Decco), desencadearam, nas primeiras horas desta quinta-feira (31), a Operação ‘Final da Linha’, para a desarticulação da organização criminosa denominada ‘Bonde dos 13’. A facção á principal responsável pelos ataques que abalaram a ordem pública no estado em outubro de 2015.
A operação contou com o auxílio efetivo da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Na ocasião, foram cumpridos 204 mandados judiciais, sendo 164 de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão. A operação foi deflagrada em sete municípios acreanos, Rio Branco, Porto Acre, Sena Madureira, Bujari, Senador Guiomard, Acrelândia e Manoel Urbano, e desencadeada em mais dois estados, Goiás e Bahia. Faltam 9 para prender.
“Foi a maior operação da história já vista no cumprimento de mandados de prisão. Restam, ainda, nove que podem ser presos a qualquer momento. A operação tirou de circulação pessoas que vinham praticando, sobretudo, crimes de homicídio, roubo e tráfico de drogas. O trabalho é fruto da ação do Ministério Público, que trabalhou junto com a Polícia Civil, da Polícia Militar e de pessoas da comunidade que ligaram prestando informações”, explica o secretário de Estado de Segurança Pública Emylson Farias.
Gaeco solicitou o inícios das investigações
As investigações realizadas pela Decco se iniciaram a partir de requisição do Gaeco, em outubro de 2015, após a prática de diversos ataques por parte da organização criminosa, tendo principalmente como alvos, transportes coletivos e outros veículos, que foram incendiados. Também foram registradas duas ocorrências de disparos de arma de fogo contra instituições públicas, uma Delegacia e um quartel, que aterrorizaram a população acreana.
“A comunidade acreana não suporta mais. Ela tem buscado, junto às instituições, as respostas. É um resultado significativo, pois se trata de uma organização criminosa grande, com mais de 60 integrantes, cuja prisão foi pedida e deferida”, acrescenta o secretário de Estado de Polícia Civil, Carlos Flávio Portela.
Bonde dos 13
Descobriu-se que a organização criminosa ‘Bonde dos 13’ foi criada no ano de 2013 pelos presos mais antigos do Presídio Francisco de Oliveira Conde, para se contrapor ao crescimento da organização Primeiro Comando da Capital (PCC), que iniciava suas atividades no estado.
A organização ‘Bonde dos 13’ atua de maneira extremamente violenta, concentrando suas ações na prática dos crimes de tráfico de drogas, roubo e homicídio. Além disso, agem de maneira afrontosa ao Estado, com a divulgação de músicas em que enaltecem os seus principais integrantes, crimes praticados e a disposição para o ataque às instituições de Segurança Pública.
O Gaeco
O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Combate às Organizações Criminosas, procurador de Justiça Álvaro Luiz Araújo Pereira, ressaltou a importância do investimento que vem sendo realizado pela Procuradoria-Geral de Justiça no Gaeco.
“É uma forma de fortalecer a repressão a este tipo de criminalidade organizada, assim como, na articulação com as demais instituições que compõe o sistema de Segurança Pública no estado”, ressaltou, ao destacar a sensibilidade com que o Poder Judiciário concedeu os mandados de prisão e demais medidas cautelares necessárias, em compasso com os anseios da sociedade.
De acordo com os promotores de Justiça Bernardo Fiterman Albano e Marcela Cristina Ozório, integrantes do Gaeco, a operação é uma resposta de todas as instituições às condutas praticadas pela organização criminosa em outubro de 2015.
“Não existe espaço para poder paralelo. Todo o poder emana do povo e, em nome de toda a sociedade acreana, as instituições deram uma resposta firme e definitiva”, ressalta a promotora Marcela Ozório.
“Ninguém quer só controlar o crime”, diz delegado
De acordo com o delegado titular da Decco, Getúlio Monteiro, o trabalho realizado terá outras fases. “Ninguém quer só controlar o crime; a gente quer acabar com qualquer tipo de organização criminosa ou associação à pratica de crimes. Nossa preocupação não é só prender, mas angariar provas necessárias para que essas pessoas respondam pelo crime.
A operação, acompanhada pelo Gaeco, utilizou uma logística de centenas de policiais civis e militares, mais de 60 viaturas e mais de 20 delegados.
Texto: André Ricardo
Fotos: Tiago Teles e André Ricard