Biraci Jr. Yawanawá |
O jovem líder indígena do estado do Acre, Biraci Jr. Yawanawá, publicou através das redes sociais, uma nota de indignação sobre o caso dos ataques seguidos sofrido pelos índios da etnia Guarani na região Centro Oeste do Brasil.
“Até quando!? Quantas vidas mais nossos parentes Guarani terão que perder para que algo seja feito por eles, por aqueles que se dizem autoridades competentes? Por que!? Para quê!? A terra para nós povos Indígenas, é nossa vida, a garantia da continuidade de nossa existência! Querem tomar nossa terras!? Então querem a nossa extinção! Vamos ter que lutar!? Vamos sim. Mas, não com esses atos de covardia que estes cretinos estão fazendo. E sim, rogando aos grandes Espíritos que nos dê forca para não fraquejar...”, afirmou o líder indígena em sua página no Facebook.
O caso
Uma comunidade indígena Guarani está sendo atacada por um grande número de pistoleiros no centro-oeste brasileiro.
Os pistoleiros, contratados por fazendeiros locais, chegaram em cerca de dez caminhonetes e dispararam repetidamente contra uma aldeia Guarani, no Mato Grosso do Sul. Também atearam fogo em várias casas. Os ataques vêm se repetindo todas as noites.
Acredita-se que os fazendeiros estejam agindo como retaliação contra uma tentativa de reocupação da terra pelos Guarani. Embora os Guarani tenham direito às suas terras ancestrais segundo a legislação brasileira e internacional, o território foi roubado deles para dar lugar a pastagens e plantações. Os fazendeiros enviam pistoleiros frequentemente para atacar os Guarani e matar seus líderes, em uma tentativa de mantê-los fora da terra.
Em 13 de janeiro, os Guarani lembraram o décimo terceiro aniversário do assassinato de Marcos Veron, um líder indígena morto por pistoleiros na mesma comunidade, conhecida como Takuara, onde os ataques estão ocorrendo.
As forças de segurança do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) estão presentes, mas não intervieram para evitar a violência nessa área, descrita pelos Guarani como a “zona de conflito”. Os Guarani têm relatado que o DOF está dando apoio aos fazendeiros.
O comportamento dos agentes do DOF levaram o Paulo Pimenta, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados a afirmar que o DOF "atua como segurança privada de maneira ostensiva, pra intimidar lideranças [Guarani] com fazendeiros.” Ele acrescentou que é "uma coisa absolutamente possível de ser resolvida… Todo mundo deve ter interesse de falar sobre isso.”
A Valdelice Veron, líder Guarani, disse: “Pedimos apoio de todos vocês ao redor do mundo. Estamos aqui na nossa terra indígena Takuara e daqui não vamos sair.”
Essa é a fase mais recente da guerra dos fazendeiros contra os Guarani na região. A agroindústria os submeteu à violência genocida, escravidão e racismo, de modo que suas terras, recursos e mão de obra pudessem ser roubados.
A Survival International, o movimento global pelos direitos dos povos indígenas, faz um apelo pelo fim desta violência e pelo respeito e proteção do direito dos Guarani de viver em suas terras ancestrais. Assim, os Guarani poderão defender suas vidas, proteger suas terras e a determinar seus próprios futuros.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: “Esse ataque em particular não é isolado: É mais uma brutalidade em um ciclo de violência contra os Guarani. A violência é sistêmica, e agravada pelo fato de as forças de segurança deliberadamente se omitirem e permitirem que os ataques aconteçam. Esta cultura de impunidade está tirando vidas e destruindo os Guarani. O Brasil precisa devolver a terra para os Guarani. Essa é a única solução.”
Fonte: Acreaovivo/Com informações Suviver International