"Durante toda a semana, blogs, sites e outros veículos de comunicação local especularam sobre a suposta presença do Governador Tião Viana na tão esperada "Lista do Janot". Com a quebra do sigilo, o político acreano que apareceu na lista foi... O Senador Gladson Cameli.
Porém, a questão toda não é essa. A questão é que, independente dos nomes citados, de partido A ou B, se, por um lado, o país não aguenta mais corrupção e impunidade, por outro lado, não se pode admitir que a PF, o MPF, o STF ou quem quer que seja rasgue a Constituição e passe por cima de todas as regras de processo penal, ferindo os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa, corolários do princípio maior do devido processo legal (e da legalidade) para arrancar confissões, obter delações, promover o linchamento público e jogar a honra de pessoas na lama através do julgamento prévio da imprensa marrom e um monte de outros desmandos que estão transformando o Brasil de Estado Democrático de Direito em Estado Midiático-Judicial-Policialesco. E ainda tem um monte de gente que acha o Joaquim Barbosa, o Rodrigo Janot e o Sérgio Moro verdadeiros super-heróis...
Quando a Polícia, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Imprensa passam a protagonizar na política mais do que o Executivo e o Legislativo, pode saber que vêm períodos sombrios e tenebrosos pela frente.
E nessa hora, não há PT, PSDB, PMDB ou qualquer outro partido que resista. Em tempos em que até os honestos tem de provar que são honestos, não importando os bandidos que os citem, nós, políticos, estaremos todos em maus lençóis nas mãos de membros mal-intencionados dos demais poderes instituídos. E nem adianta vir com o velho ditado de que "quem não deve não teme". Sei muito bem o que é ter o nome jogado no lixo antes mesmo de que haja um julgamento. Não desejo isso nem ao meu mais ferrenho adversário.
E o pior é que não há novidade nenhuma nisso. Passamos por isso em 1954, com a deposição seguida de suicídio de Getúlio Vargas; e em 1964, com a deposição de Jango e o Golpe Militar. As forças conservadoras, sob a justificativa da ordem e da paz social, se comportaram de forma muito semelhante à postura adotada agora.
Enquanto isso, a Globo continua sonegando milhões em impostos todo ano, enquanto faz suas pregações anti-corrupção. E nós assistindo à novelas e acreditando em tudo o que o Willian Bonner diz no Jornal Nacional e em tudo o que se lê na Veja. Como dizia o Veríssimo, "as vezes, a única coisa verdadeira que se lê em um jornal é a data".
Isso tudo não me deixa nem um pouco feliz. Espero que o Senador Gladson prove sua inocência. E podem ter certeza de que não há ironia ou sarcasmo nessa afirmação".
Daniel Zen
Deputado Estadual do Acre - PT