Na mais acirrada, mais polarizada e também mais emocionante eleição presidencial desde o retorno da democracia no Brasil, a presidente Dilma Rousseff foi reeleita para o cargo neste domingo, conquistando um segundo mandato de quatro anos. A petista obteve 51,64% dos votos, contra 48,36% do oposicionista Aécio Neves. A diferença entre eles é de pouco mais de 3,4 milhões de votos. A vitória de Dilma só se tornou irreversível após a apuração de mais de 97% das urnas.
Os três pontos percentuais de vantagem que elegeram Dilma são a menor diferença entre os dois candidatos mais votados em uma eleição presidencial no Brasil desde o fim da ditadura em 1985. Até hoje a menor vantagem entre vencedor e segundo colocado era de seis pontos percentuais, quando, em 1989, Fernando Collor de Mello venceu o então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Aquele ano também foi o primeiro ano em que os brasileiros voltaram a poder escolher presidente por voto direta após 29 anos, desde as presidenciais de 1960.
Já a maior diferença entre o vencedor e derrotado no segundo turno foram os 34 pontos percentuais com os quais Lula, em sua quarta tentativa de chegar ao poder, venceu em 2002 o ex-ministro José Serra, colega de Aécio no PSDB.
Os números oficiais confirmaram as últimas pesquisas. O resultado é praticamente igual à previsão feita pelo Instituto Datafolha, que apontava vitória da presidente por 52% contra 48% no levantamento divulgado na véspera do segundo turno. O resultado mostra um país dividido, com Dilma vencendo majoritariamente nos estados do Norte e do Nordeste, e Aécio vencendo principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Talvez ainda mais importante, a sociedade brasileira sai dessa eleição polarizada, dividida entre petistas e antipetistas. Não à toa, Dilma falou em união logo após a divulgação do resultado oficial. Aécio também falou em união ao reconhecer a derrota. "Desejei a ela (Dilma) sucesso na condução de seu próximo governo e ressaltei que a maior das prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado."
Necessidade de reformas
Esta não foi uma eleição comum. Desde o embate de 1989 o Brasil não via uma campanha tão disputada e de ânimos tão exaltados. Mais do que o debate de propostas para resolver os problemas do País, predominaram a troca de acusações e os ataques, às vezes pessoais e dos dois lados, entre petistas e antipetistas.
Esse ambiente polarizado deve permanecer, e vai dificultar o início do segundo governo Dilma. Tarefas não faltam para a presidente. A mais urgente é reestimular a economia, que enfrentou dois trimestres de retrocesso e deve crescer menos de 1% em 2014. Para isso, Dilma precisa do apoio dos empresários e investidores. Mas o clima entre eles e o governo é ruim, e a confiança dos empresários na economia, principalmente no setor industrial, é baixa.
Apesar disso, Dilma citou a reforma política como "a primeira e mais importante" no seu discurso da vitória. "Meu objetivo é deflagrar essa campanha no Congresso e (a reforma) deve ser reportada à sociedade por meio de uma consulta popular. Por meio de um plebiscito, vamos obter as garantias para essa reforma política", afirmou.
Em relação à economia, ela disse que vai "dar mais recursos à atividade econômica em todos os setores, em especial no setor industrial. Quero a parceria de todos os setores produtivos e financeiros nessa tarefa que é de responsabilidade de cada um de nós".
Foto: Evaristo Sá / AFP
http://noticias.terra.com.br/