Os bancários fecharam pelo menos 6.572 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em 26 estados e no Distrito Federal nesta terça-feira 30, primeiro dia da greve nacional da categoria por tempo indeterminado.
São 427 unidades paralisadas a mais que no primeiro dia da greve do ano passado (6.145), um crescimento de 6,95%. Os bancários reivindicam 12,5% de reajuste, valorização do piso salarial, PLR maior, garantia de emprego, melhores condições de saúde e trabalho, com fim das metas abusivas e do assédio moral, mais segurança nas agências e igualdade de oportunidades.
O balanço foi feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) com base nos dados enviados até as 18h30 pelos 134 sindicatos que integram o Comando Nacional dos Bancários, que representa cerca de 95% dos 511 mil bancários do país. "Mais uma vez os bancários dão uma grande demonstração de unidade nacional e a força de sua mobilização, fazendo uma greve ainda maior que no ano passado. É um recado inequívoco aos bancos de que queremos mais do que os 7,35% de reajuste e que não fecharemos acordo sem que nossas reivindicações econômicas e sociais sejam atendidas", adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Maior rentabilidade do sistema financeiro internacional "Condições financeiras os bancos têm de sobra para atender às reivindicações dos bancários, uma vez que somente os seis maiores bancos tiveram lucro líquido de R$ 56,7 bilhões no ano passado e R$ 28,5 bilhões no primeiro semestre de 2014, alcançando a maior rentabilidade do sistema financeiro internacional, graças principalmente ao aumento da produtividade dos bancários", acrescenta Cordeiro. Para o presidente da Contraf-CUT, apesar dos lucros, "os bancos estão fechando postos de trabalho e piorando as condições de trabalho, com aumento das metas abusivas e do assédio moral, o que tem provocado uma verdadeira epidemia de adoecimentos na categoria. P
or falta de investimento em segurança, também cresce o número de assaltos, sequestros e mortes. Mas os banqueiros se recusam a buscar soluções para esses problemas". Os bancários ratificaram a greve por tempo indeterminado nas assembleias realizadas em todo o país nesta segunda-feira 29 de setembro, que recusaram a nova proposta dos bancos apresentada no sábado 27.
AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS Reajuste salarial de 12,5%. Piso Salarial de R$ 2.979,25 PLR: três salários mais parcela adicional de R$ 6.247. 14º salário. Vales alimentação, refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional). Gratificação de caixa: R$ 1.042,74. Gratificação de função: 70% do salário do cargo efetivo. Vale-cultura: R$ 112,50 para todos. Fim das metas abusivas. Combate ao assédio moral. Isonomia de direitos para afastados por motivo de saúde. Manutenção dos planos de saúde na aposentadoria. Emprego: fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas como determina a Convenção 158 da OIT, aumento da inclusão bancária e combate às terceirizações. Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários. Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós. Prevenção contra assaltos e sequestros: cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos; instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências; biombos em frente aos caixas e fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários. Igualdade de oportunidades para todos, pondo fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
A PROPOSTA DOS BANCOS REJEITADA PELOS BANCÁRIOS Reajuste de 7,35% (0,94% de aumento real). Piso portaria após 90 dias - 1.240,89 (8% ou 1,55% de aumento real). Piso escritório após 90 dias - R$ 1.779,97 (1,55% acima da inflação). Piso caixa/tesouraria após 90 dias - R$ 2.403,60 (salário mais gratificação mais outras verbas de caixa), significando 1,39% de aumento real). PLR regra básica - 90% do salário mais R$ 1.818,51, limitado a R$ 9.755,42. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 21.461,91. PLR parcela adicional - 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.637,02.
Antecipação da PLR Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva e a segunda até 2 de março de 2015. Regra básica - 54% do salário mais fixo de R$ 1.091,11, limitado a R$ 5.853,25 e ao teto de 12,8% do lucro líquido - o que ocorrer primeiro. Parcela adicional - 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2014, limitado a R$ 1.818,51.
Auxílio-refeição - R$ 24,88. Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta - R$ 426,60. Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) - R$ 355,02. Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) - R$ 303,70. Gratificação de compensador de cheques - R$ 137,97. Requalificação profissional - R$ 1.214,00. Auxílio-funeral - R$ 814,57. Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto - R$ 121.468,95. Ajuda deslocamento noturno - R$ 85,03.
CALENDÁRIO Setembro 30 - Início da greve nacional por tempo indeterminado Outubro 2 - Manifestações em frente aos prédios do Banco Central, em defesa de um BC independente do mercado financeiro
Fonte: CONTRAF/CUT