MOISÉS DINIZ ESCREVE: "COMUNISTAS DE AÇO E PAIXÃO"

91 anos é um tempo largo. Quantos de nós gostaríamos de chegar até lá. Essa é a idade do velho PCdoB, com os seus cabelos brancos e a sua rebeldia.

Nesses 91 anos sentimos orgulho pelo tempo de luta e de resistência.

Mas também sentimos remorso pelos que caíram por nossa culpa, pelos que verteram sangue inocente nas lutas do povo brasileiro, na guerrilha e na luta dos sem-terra, dos indígenas, dos negros, dos religiosos combatentes, dos camponeses, daqueles que não viram o seu filho crescer.

Nesses 91 anos sentimos orgulho pelo tempo de luta e de resistência.

Mas também pedimos perdão pela arrogância e pela insistência em achar que éramos melhores do que os outros, por todas as vezes em que fomos unilaterais, quando devíamos abraçar o diálogo e a convergência, quando decretamos que a nossa verdade era única e deixamos de olhar para os argumentos do outro.

E por conta disso, o povo não nos seguiu. Na sua imensa sabedoria, o povo constatou que nós não estávamos prontos para cuidar do seu destino, porque viu em nós arrogância, porque viu em nós intolerância, porque viu em nós verdades únicas.

Estamos mais leves na ideologia, porque entendemos que a verdade é uma construção, coletiva, compartilhada. Aprendemos que partido único é aberração, num país plural e diverso, na cultura, na rica regionalidade, em todas as formas de tribos, na religião.

Partido único trazia verdade única, sindicato, igreja, cátedra e até pensamento. Tudo era único e o que fosse adverso, reflexivo, era subversivo, exclusão.

Estamos mais leves também na política, mais afeitos a ouvir e respeitar o contraditório, capazes de perceber que o adversário político de hoje pode ser o aliado de amanhã, porque não trabalhamos o personagem, mas a ideia.

Vencemos nosso impulso maniqueísta, naquela eterna luta entre o bem e o mal. Nossa luta aqui é pelo bem comum, por vida digna para os acreanos. Aquele que quiser, pode a nós se juntar. Só pedimos que não olhe para trás, apenas abrace o sonho da vida digna e sustentável.

Nesses 91 anos queremos nos orgulhar, queremos refletir, queremos rezar, orar. Sim, rezar e orar, por que não? Deus não é propriedade da Opus Dei ou de qualquer teólogo. Deus agora também faz parte das nossas orações e até protege a nossa ideologia.

Nesses 91 anos queremos pedir perdão por toda dor que golpeou a humanidade, pelo tempo perdido que deixamos de lutar e de proteger os mais fracos, pela omissão, pela preguiça em ir aos bairros, às aldeias indígenas, organizar aqueles que precisam de organização, para lutar, para resistir, para amar aqueles que precisam de amor.

Escrito por Moisés Diniz

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