ELEIÇÕES 2012 EM TARAUACÁ (OPINIÃO): Marilete Vitorino ou Doutor Rodrigo?

Tarauacá é um município com uma população de 35 mil habitantes, em que grande parte ainda reside na zona rural. 

Distante há cerca de 400 km de Rio Branco, seu povo sobrevive de atividades na agricultura, pecuária, extrativismo, comércio, pequenas empresas de serviços em diversas áreas, renda proveniente de programas do governo federal, aposentadorias e empregos no serviço público municipal, estadual e federal. Depois do serviço público, o comércio é quem mais gera emprego em nossa cidade. 

Também é visível a acumulação da riqueza produzida com o suor e o esforço dos tarauacaenses em mãos de poucos detentores dos meios de produção local. É possível contar os ricos da cidade nos dedos de apenas uma mão. É assim em todo o país. Vivemos no capitalismo. 

Nos últimos dez anos, percebe-se a grande ascensão da classe média, constituída especialmente de servidores públicos que passaram a ser mais valorizados e receberem melhores salários, especialmente, a classe da educação. Essa nova classe média tornou-se consumidora de bens de consumo que há alguns anos atrás eram praticamente inimagináveis. Automóveis, computadores, TV por assinatura, moradias em melhores condições, vestimenta, móveis e outros. 

A iniciativa privada se moderniza a cada dia, com investimentos em pequenos e grandes negócios, graças aos financiamentos através de programas de governos em que os bancos oferecem para pessoas físicas e jurídicas, com facilidade de pagamento, prazo longo e juros baixos. 

Tarauacá conheceu nesses últimos anos o que podemos chamar de “Boom da Construção Civil”. Em cada espaço dessa cidade se encontra uma obra, seja uma nova residência ou o prédio de uma empresa. Falta até mão de obra qualificada atualmente. O outro lado da moeda é o grande endividamento da população. 

Os serviços públicos considerados essenciais como Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Moradia Social, Coleta de Lixo, Tratamento de Resíduos Sólidos, Rede de Água, Limpeza pública, Ruas Asfaltadas, apesar de algumas melhoras, ainda não funcionam com a capacidade e a qualidade que a população precisa. 

É evidente que a gestão municipal não entendeu ainda esse momento e podemos dizer que passamos por uma grande crise na administração pública de Tarauacá e, não é de agora. 

Não quero aqui atribuir a culpa dessa situação a quem quer que seja. Vejo que nos últimos 20 anos nas administrações do município de Tarauacá, assim como outros no Acre, impera o clientelismo, o compadrio, a utilização indevida de recursos públicos, a falta de planos de governos claros, licitações públicas direcionadas, desprezo pela população e os interesses individuais sendo priorizados em detrimento dos interesses coletivos. A corrupção impera no poder. Não há política de poder executivo. Há política de poder partidário.

Em 2013, nossa cidade vai completar seu centenário e vamos ter que comemorar de alguma forma. Esperamos que a festa seja de todos nós.


Tarauacá se prepara para 2013

Nesse cenário, nossa população se prepara para escolher os novos governantes do município e também os novos vereadores. O que esperar dos novos governantes? O que esperar dos novos vereadores? 

Os dois candidatos atuais, a advogada Marilete Vitorino e o médico Doutor Rodrigo Damasceno disputam esse desafio de governar e gerenciar o dinheiro, a vida e os destinos dos mais de 35 mil habitantes de nossa cidade. 

Esperamos deles, seja lá quem se eleger no dia 7 de outubro, primeiramente, cito como exemplo a escolha de uma boa equipe de trabalho composta de pessoas com capacidade de gestão, com comprometimento político, capacidade técnica, sensibilidade social e sem o desejo de ficar rico com o dinheiro público. Já seria, em minha opinião, um bom começo. 

Entendo que o tempo de compor equipe de governo somente com amigos, parentes e os famosos cabos eleitorais, deve ser esquecido. Se não for assim, a prefeitura torna-se um centro de pessoas incapazes, que só recebem os salários e não produzem o mínimo necessário que os serviços públicos necessitam. Isso é possível? Se os eleitos quiseram é sim. Citei apenas um exemplo para ilustrar o que penso. 

Quanto aos Vereadores, entendo que esses devem ser os principais parceiros da população. O vereador é o político brasileiro que vive mais perto do povo. E, numa cidade pequena como a nossa, essa aproximação é ainda maior. 

O vereador deve cumprir suas obrigações legislativas com proposições e fiscalização do dinheiro público. Porém, em minha modesta opinião, o mandato de um vereador deve ser transformado num grande instrumento de luta e defesa de toda a população. Para isso é preciso que a pessoa que se eleja ou que propõe se eleger tenha convicção disso. É muito comum a população votar num vereador por razões diversas sem perceber qual deles ou delas poderá ser seu parceiro de verdade. 

Historicamente em Tarauacá, o que se tem percebido por parte de uma maioria significativa de vereadores eleitos é exatamente o contrário. Muitos usam o mandato para outros fins, inclusive pessoais. O salário do vereador pode até ser dele, mas o mandato não. O mandato deve obrigatoriamente ser exercido em favor da população do município. Isso é possível? Em minha opinião sim. 

A grande maioria das pessoas que se candidatam a um cargo eletivo e é eleita, sonha em seguir carreira política. A construção de uma boa carreira política depende da concepção que se tem do mundo, do trato com o dinheiro público e da relação com o poder e com as pessoas. 

Tarauacá precisa e exige o surgimento de novas lideranças com mandatos políticos entre gestores e parlamentares. Temos ótimos candidatos a vereadores e vereadoras de todas as coligações. O difícil é a eleição desses. É possível conhecer a pessoa em quem você vai votar? Digo que sim. A cidade é pequena e quase todos se conhecem. 

Na eleição de vereador impera muito ainda o compadrio, o voto como pagamento de favor, a corrupção eleitoral (compra de votos ou como diz a lei: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIL) e o desinteresse natural do povo pela atividade parlamentar devido às constantes legislaturas improdutíveis dos últimos tempos. 

Boa sorte aos bons candidatos e candidatas.

Escrito por Raimundo Accioly 

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