O legista responsável pela autópsia do corpo de Michael Jackson participou do julgamento de Conrad Murray, médico pessoal do rei do pop, nesta terça-feira (11). Christopher Rogers considerou a morte do cantor um assassinato e descartou o principal argumento dos advogados de defesa de que Michael teria injetado uma dose extra do anestésico propofol enquanto ficou sozinho em seu quarto.
Rogers acrescentou que a possibilidade mais plausível é de que Murray teria calculado erroneamente a quantidade de remédio a ser ministrada. Ele explicou que levou em consideração inúmeros fatores até concluir que se trata de um homicídio. Entre elas, a declaração que Murray deu à polícia e a falta de equipamentos médicos adequados no quarto do cantor, onde Michael recebia as doses do remédio para auxiliar seu sono.
"Acho que é fácil para o médico, nessas circunstâncias desfavoráveis, calcular mal e dar mais propofol do que o necessário", declarou Rogers.
A promotoria ainda considera convidar um especialista em propofol para testemunhar no julgamento.
Os jurados ouviram Murray contar à polícia, em interrogatório gravado, sobre as horas dramáticas passadas no hospital em 25 de junho de 2009, quando Michael Jackson foi oficialmente pronunciado morto.
Murray, que se declarou inocente de homicídio culposo - quando não há intenção - no caso da morte de Jackson, disse que naquele dia foi, juntamente com um médico da emergência, contar a Katherine Jackson que seu filho morrera.
"Ela desabou e começou a chorar. Ficamos lá, seguramos a mão dela", disse Murray à polícia no interrogatório, gravado dois dias após a morte repentina de Jackson aos 50 anos de idade.
Rebbie, uma irmã de Jackson, abraçou sua mãe enquanto Murray dizia na fita que recomendara que fosse feita uma autópsia do corpo de Jackson para determinar a causa da morte.
As autoridades determinaram mais tarde que Jackson morreu de uma overdose do poderoso anestésico propofol, em conjunto com sedativos.
Murray admitiu à polícia que deu propofol a Jackson para ajudá-lo a dormir, mas seus advogados alegam que Jackson tomou por conta própria uma dose extra de propofol que provocou sua morte.
O médico disse à polícia que entrou em uma sala do hospital com o empresário de Jackson, seu assistente pessoal e uma assistente social e encontrou os três filhos do cantor comendo alguma coisa.
O médico disse que não lembrava exatamente quem informou as crianças da morte do pai delas, mas que elas começaram a chorar. Ele lembrou que Paris Jackson, então com 11 anos, disse "que não queria ser órfã."
Se for condenado, o médico pode ser sentenciado a até quatro anos de prisão.
Em outro depoimento nesta terça-feira, o detetive da polícia de Los Angeles Scott Smith admitiu, ao ser inquirido pela defesa, que suas anotações indicavam que um frasco do sedativo lorazepam foi encontrado em uma bolsa de soro dentro de um guarda-roupa na mansão de Jackson.
Um investigador do instituto médico legal havia testemunhado anteriormente que era um frasco de propofol que tinha sido encontrado dentro da bolsa de soro.
Os promotores dizem que as provas apresentadas no julgamento vão mostrar que, depois de injetar propofol em Jackson, Murray lhe administrou soro com propofol.
Mas os advogados da defesa argumentam que Murray deu a Jackson apenas 25 miligramas de propofol, uma dose relativamente pequena, e não lhe administrou a droga com soro depois disso.