O agricultor Valdemar Barbosa de Oliveira, 54 anos, mais conhecido por Piauí, foi assassinado a tiros na manhã desta quinta-feira (25), na periferia de Marabá, sudeste do Pará. Em maio, seis pessoas foram assassinadas em decorrência da luta pela posse da terra na Amazônia.
Piauí, a sétima vítima, morreu quando trafegava numa bicicleta. Ele foi atingido por balas disparadas por dois pistoleiros que estavam numa moto e usavam capacetes.
A Polícia Civil do Pará informou que já começou a investigar o assassinato. Piauí era casado e residia no bairro Nova Marabá.
Segundo a polícia, o agricultor foi abordado por dois homens em uma moto quando chegava de bicicleta em um balneário conhecido por Geladinho, localizado no bairro São Félix.
Os criminosos mandaram a vítima descer da bicicleta e atiraram à altura do rosto e pescoço.
- Não posso falar nada sobre a investigação neste momento - disse o delegado de Conflitos Agrários de Marabá e Redenção José Humberto de Melo Júnior.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou que Piauí era sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá. Ele coordenou por vários anos um grupo de famílias que ocupava a fazenda Estrela da Manhã em Marabá.
A fazenda não foi desapropriada e ele voltou para a cidade, onde ajudou a organizar uma ocupação urbana na Folha 06, no bairro onde estava residindo.
Segundo a CPT, o agricultor não desistiu de lutar por um pedaço de terra. Há mais de um ano passou a coordenar um grupo de famílias que ocupava a Fazenda Califórnia no Município de Jacundá.
No final do ano passado as famílias foram despejadas da fazenda pela Polícia Militar do Pará. Piauí não perdeu o contato com as famílias e ameaçava voltar a ocupar novamente a fazenda.
De acordo com informações obtidas pela CPT, a Fazenda Califórnia está localizada a 15 km de Jacundá e, além de pecuária, é envolvida com a atividade de carvoaria.
- Pistoleiros teriam sido contratados pelo fazendeiro para impedir uma nova ocupação do imóvel. O assassinato de Piauí pode ter ligação com a tentativa de reocupação da fazenda - avalia a CPT.
A organização, ligada a igreja católica, assinala que após o assassinato dos extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, Piauí é o quarto trabalhador assassinado com fortes indícios de que os crimes tenham sido por motivação agrária, ou seja, disputa pela terra.
- Após três meses, apenas os assassinatos dos extrativistas de Nova Ipixuna foram parcialmente investigados. Dos seis homicídios, ninguém foi preso até o momento. O comportamento da Polícia Civil do Pará tem sido de investigar as vítimas e não os responsáveis pelas mortes, quando se tatá de crimes no campo - critica a CPT. (http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br)