Jovem indígena da Aldeia 27
Neste domingo, 12 de dezembro, a convite do grupo de jovens, fui visitar a Aldeia 27. Uma tradicional comunidade dos Índios Kaxinawás, composta de 28 famílias e uma população de quase 128 índios, distribuídas numa área de 305 hectares. Para se chegar até a aldeia caminhamos cerca de cinco kilômetros de carro pelo ramal totalmente recuperado, que começa próximo à “Estaca Zero”, saindo da BR 364.
Aldeia 27, na verdade é ALDEIA PINUWA que na língua dos Kaxinawás significa Beija-Flor. O nome Aldeia 27 provém do igarapé 27 fica localizado dentro da comunidade. Os indígenas não sabem o significado deste nome, pois, quando ocuparam a região, o igarapé já era conhecido como 27 nomes dado pelos brancos.
Atualmente, a comunidade conta com energia elétrica, internet, sinal de celular, um sistema próprio de tratamento e distribuição de água potável, 10 açudes, uma escola, professor e agente comunitário de saúde da própria comunidade, criação de peixes, aves, plantação de frutas, legumes e verduras para o consumo e comercialização.
Cacique Assis Kaxinawá
Quem nos contou isso tudo foi o Cacique Assis Kaxinawá, que comanda a aldeia há mais de 10 anos e em 2010, se tornou muito conhecido da sociedade tarauacaense no episódio em que liderou os índios da aldeia na ocupação do acampamento do Deracre em Tarauacá. Assis ainda nos disse que está nascendo uma nova concepção de organização da comunidade. “Apesar de estarmos localizados muito próximos à cidade, diminuímos o alcoolismo dentro da comunidade em 95%, estamos reflorestando as áreas desmatadas, fortalecemos a produção de nosso artesanato, fundamos um grupo de jovens que celebram a vida através da arte e de cantorias e estamos resgatando nossa cultura utilizando as tecnologias dos não índios”. Assis disse finalmente, que o sonho da comunidade é a construção do espaço chamado Cupixáu.
Enquanto conversávamos com o cacique, o grupo de jovens da aldeia participava do projeto Inclusão Sócio Positiva desenvolvido pelo Governo do Estado e orientado pela Técnica Social Raimunda Alves Secretaria de Desenvolvimento para a Segurança Social. Com uma programação que começou no sábado e encerrou neste domingo, os jovens promoveram cantorias, atividades esportivas e, principalmente a contação de histórias.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - A arte de contar histórias é uma prática milenar que se teve seu início desde os primórdios da humanidade por meio da tradição oral, sendo intensificadas na Grécia Antiga e no Império Árabe – por meio das famosas histórias presentes na obra “As mil e uma noites”, contadas por Sherazade. Essa arte amplia o universo literário, desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação através da construção de imagens interiores. Narrar uma historia será sempre um exercício de renovação da vida, um encontro com a possibilidade, com o imaginário e o desafio de, em todo tempo e em todas as circunstâncias de construir um final a maneira de cada leitor/ouvinte.
No dia 31 de dezembro é realizada a Festa Tradicional da aldeia onde se comemora também o aniversário do cacique. São vários dias de festas para todos os habitantes da aldeia e convidados de outras localidades.