Imagem: Geoglifos

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Os Geoglifos são sítios arqueológicos em estrutura de terra construídos há cerca de 2.000 anos e nos remontam às civilizações antigas que ocuparam essa região da Amazônia. Esse patrimônio histórico da região agora está registrado em foto no livro lançado nesta quinta-feira pelos pesquisadores Alceu Ranzi e Denise Schaan. Um registro histórico importante desses sítios que preservam parte da nossa história (Foto: Diego Gurgel)


Geoglifos são vestígios arqueológicos representados por desenhos geométricos (linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos etc...), zoomorfos (animais) ou antropomorfos (formas humanas), de grandes dimensões e elaborados sobre o solo, que podem ser totalmente e melhor observados se vistos do alto, em especial, através de sobrevôo.
Geoglifos podem ser encontrados em várias partes do mundo. Os mais conhecidos e estudados estão na América do Sul, principalmente na região andina do Chile, Peru e Bolívia.
As linhas e geoglifos de Nasca, no Peru, são os exemplos mais conhecidos desses desenhos. Os mesmos foram descobertos em 1927, com o advento da aviação comercial. A Dra. Marie Reich dedicou a sua vida aos estudos dos geoglifos de Nasca. Embora bastante conhecidos, os geoglifos de Nasca ganharam fama mundial com o lançamento do livro “Eram os Deuses Astronautas” de Erich von Daniken.
Há alguns anos geoglifos também foram encontrados na região amazônica brasileira. Mais precisamente no Estado do Acre. Foram percebidos em 1977, quando o Prof. Ondemar Dias, do Instituto de Arqueologia Brasileira do Rio de Janeiro esteve nesta região localizando e estudando sítios arqueológicos, como parte do inventário nacional que estava sendo realizado pelo PRONAPABA – Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas da Bacia Amazônia.
De lá para cá outros locais com estas estruturas foram descobertos e, entre 1985 e 1994 um desses sítios (Los Angeles, na Fazenda Ouro Branco) foi escavado por duas equipes, das quais participaram o Dr. Ondemar Dias (Coordenador), Profa.Mauricélia Sousa, Prof. Marcos Vinícius das Neves (Sub-coordenadores), Dra. Rosângela Menezes, Dra. Jandira Neto Dias, Prof. Divino de Oliveira, Valmir de Araújo, David Barroso, Maria Luiza Ochoa, Dr. Jacó Piccoli e Dr. Ondemar Blasi, entre outros. Os pesquisadores encontraram muita cerâmica indígena, o que indicava locais de antigas aldeias. ((Dias Júnior, O.F. & Carvalho, E.T. 1988 e Neves, M.V. 2002).

Visão Aérea

A real dimensão e extensão da área geográfica de ocorrência dessas estruturas, no entanto, só foi realmente percebida através de observação aérea.
Em meados da década de 1980, o Prof. Alceu Ranzi, ao olhar pela janela de um avião, em vôo comercial entre Porto Velho e Rio Branco, percebeu uma estrutura circular dupla, na margem da BR 317. Na época, em avião monomotor, uma equipe sobrevoou a área e o registro fotográfico foi obtido pelo fotógrafo Agenor Mariano. A nota da descoberta e as fotos foram publicadas na edição de 15 de Agosto de 1986 no jornal “O Rio Branco”.
Em 1999, em outra viagem, um vôo comercial de Porto Velho para Rio Branco, novamente o Prof. Alceu Ranzi, percebeu uma dessas gigantescas estruturas da janela do avião. Passou então a pesquisar o assunto, primeiro conseguindo pequenos aviões para sobrevoar a área, e depois visitando pessoalmente, em terra, para a obtenção de medidas.
A partir de 2000, com as fotos aéreas obtidas pelo fotógrafo Edison Caetano, os geoglifos do Acre tiveram repercussão nacional e internacional.
No dia 16 de abril 2000, os jornais A Tribuna e A Gazeta, ambos de Rio Branco, deram notícias de capa, com fotos aéreas dos geoglifos. Em 17 de abril de 2000 a TV Acre e TV Gazeta, noticiaram o assunto.
A Revista IstoÉ, edição de 23 de junho de 2000, publicou reportagem assinada por Peter Moon, com as fotos aéreas do Edison Caetano.
Com o incentivo positivo da repercussão na imprensa, foi apresentado em 2001, à Fundação Elias Mansour, do Governo do Acre, o Projeto “Geoglifos Patrimônio Cultural do Acre”, o qual foi aprovado para receber apoio financeiro da Lei de Incentivo à Cultura e ao Desporto. Os recursos obtidos permitiram sobrevôos e mais fotos aéreas foram obtidas pelo Edison Caetano.
Em 28 de julho de 2002, reportagem sobre os geoglifos foi divulgada no Programa Fantástico da Rede Globo. O trabalho foi produzido pelo repórter Jefson Dourado da TV Acre.
Em 2005, em vôo patrocinado pela Secretaria de Turismo do Estado do Acre, o fotógrafo Sergio Vale, registrou os geoglifos da região das Quatro Bocas e da Fazenda Colorada.
Até agora está confirmada a existência de pelo menos uma centena dessas estruturas e a cada dia que passa mais geoglifos são descobertos.


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